Unidade no partido é preocupação central pós-primárias

26-09-2014
marcar artigo

Unidade no partido é preocupação central pós-primárias

Márcia Galrão

marcia.galrao@economico.pt

00:05

Seguro acha que tem "melhores condições para unir". Costa fala já como se fosse o vencedor e desvaloriza desunião.

Com as primárias decididas no próximo domingo, o PS chega a segunda-feira com um ou dois problemas urgentes. A divisão profunda resultante de uma luta centrada em ataques pessoais e com acusações duras é certa. E se António Costa for o vencedor, haverá uma segunda: terá um candidato a primeiro-ministro, mas um secretário-geral derrotado, que mesmo se demitindo deixará um vazio de poder até novas directas.

Costa ou Seguro terão pela frente um duro trabalho para voltar a unir o partido. Osecretário-geral está convencido de ter "melhores condições" para levar a cabo essa tarefa, lembrando que, ao longo destes três anos, sempre "contribuiu para essa união". Mas como ficará a relação de António José Seguro, por exemplo, com os senadores do partido, aqueles que acusou de fazerem parte do "partido invisível" ligado a interesses e negócios? E como reage no futuro um secretário-geral que viu Mário Soares dizer publicamente que "se quisesse ter um gesto de patriotismo, em vez de dizer asneiras, como está a dizer, demitia-se - porque ainda podia salvar qualquer coisa, mas se não o fizer sai muito mal"? Ao DiárioEconómico, o secretário nacional Eurico Brilhante Dias não mostrou grande preocupação neste ponto: "O partido tem uma história de 40 anos e ela vai continuar, mas o PS não tem senadores".

Convencido da vitória, Costa diz que agora é tempo de o partido "se concentrar naquilo que é importante - os problemas do país e como os resolver". E embora até diga que "o PS não está dividido", admite que "há [internamente] algumas bolsas de acrimónia, mas são facilmente ultrapassáveis no seu conjunto". Os seus apoiantes estão convencidos que Costa tem todas as condições para voltar a unir o partido, até porque dizem que procurou ter mais contenção nos ataques durante esta campanha exactamente para acautelar o futuro do partido. "Ele vai ter a inteligência de chamar logo dois ou três dos apoiantes do Seguro para o seu lado", assume um dos apoiantes do autarca. Também António Vitorino, que recentemente manifestou apoio a Costa, apontou essa unidade como o "trabalho mais urgente" e disse acreditar que o autarca de Lisboa é aquele que está em melhores condições para o conseguir.

No dia seguinte, os candidatos terão outras decisões a tomar. Seguro já disse que se demite, mas não é claro como é que fica o PS até novas directas e Congresso, apontado apenas para Dezembro. E fica o secretário-geral como deputado na Assembleia da República? Quanto a Costa, como irá conviver com a direcção socialista até essas directas ? Se ganhar sai de imediato da Câmara de Lisboa cedendo o lugar a Fernando Medina, ou acumula durante uns meses as duas funções? A indicação que o DiárioEconómico tem é que Costa manter-se-á como presidente da capital até ser eleito secretário-geral, apesar de publicamente já ter confirmado que vai manter-se como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa até às eleições legislativas 2015. E se perder? Fica como presidente de Câmara e esquece que tentou ser líder do PS?

Unidade no partido é preocupação central pós-primárias

Márcia Galrão

marcia.galrao@economico.pt

00:05

Seguro acha que tem "melhores condições para unir". Costa fala já como se fosse o vencedor e desvaloriza desunião.

Com as primárias decididas no próximo domingo, o PS chega a segunda-feira com um ou dois problemas urgentes. A divisão profunda resultante de uma luta centrada em ataques pessoais e com acusações duras é certa. E se António Costa for o vencedor, haverá uma segunda: terá um candidato a primeiro-ministro, mas um secretário-geral derrotado, que mesmo se demitindo deixará um vazio de poder até novas directas.

Costa ou Seguro terão pela frente um duro trabalho para voltar a unir o partido. Osecretário-geral está convencido de ter "melhores condições" para levar a cabo essa tarefa, lembrando que, ao longo destes três anos, sempre "contribuiu para essa união". Mas como ficará a relação de António José Seguro, por exemplo, com os senadores do partido, aqueles que acusou de fazerem parte do "partido invisível" ligado a interesses e negócios? E como reage no futuro um secretário-geral que viu Mário Soares dizer publicamente que "se quisesse ter um gesto de patriotismo, em vez de dizer asneiras, como está a dizer, demitia-se - porque ainda podia salvar qualquer coisa, mas se não o fizer sai muito mal"? Ao DiárioEconómico, o secretário nacional Eurico Brilhante Dias não mostrou grande preocupação neste ponto: "O partido tem uma história de 40 anos e ela vai continuar, mas o PS não tem senadores".

Convencido da vitória, Costa diz que agora é tempo de o partido "se concentrar naquilo que é importante - os problemas do país e como os resolver". E embora até diga que "o PS não está dividido", admite que "há [internamente] algumas bolsas de acrimónia, mas são facilmente ultrapassáveis no seu conjunto". Os seus apoiantes estão convencidos que Costa tem todas as condições para voltar a unir o partido, até porque dizem que procurou ter mais contenção nos ataques durante esta campanha exactamente para acautelar o futuro do partido. "Ele vai ter a inteligência de chamar logo dois ou três dos apoiantes do Seguro para o seu lado", assume um dos apoiantes do autarca. Também António Vitorino, que recentemente manifestou apoio a Costa, apontou essa unidade como o "trabalho mais urgente" e disse acreditar que o autarca de Lisboa é aquele que está em melhores condições para o conseguir.

No dia seguinte, os candidatos terão outras decisões a tomar. Seguro já disse que se demite, mas não é claro como é que fica o PS até novas directas e Congresso, apontado apenas para Dezembro. E fica o secretário-geral como deputado na Assembleia da República? Quanto a Costa, como irá conviver com a direcção socialista até essas directas ? Se ganhar sai de imediato da Câmara de Lisboa cedendo o lugar a Fernando Medina, ou acumula durante uns meses as duas funções? A indicação que o DiárioEconómico tem é que Costa manter-se-á como presidente da capital até ser eleito secretário-geral, apesar de publicamente já ter confirmado que vai manter-se como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa até às eleições legislativas 2015. E se perder? Fica como presidente de Câmara e esquece que tentou ser líder do PS?

marcar artigo