Velhos, já se sabe, são os trapos. E esta seleção?

01-04-2015
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Basta ver os alemães que jogaram contra a Geórgia, no domingo, fazer as contas e para encontrar o contraste. A seleção campeã do Mundo alinhou com um 11 que tinha 23,7 anos de média de idade. Entre os tubarões, os que andam sempre à caça de canecos, é a mais jovem. As outras, depois, mesmo mais graúdas, não chegam à idade portuguesa — a França registou 27,1 contra o Brasil (não foi o jogo mais recente, mas aquele em que os gauleses alinharam os titulares), a Inglaterra teve uma média de 26 anos frente à Lituânia, a Holanda imitou-a diante da Turquia, a Itália teve 26,6 contra a Bulgária, a Espanha 27 anos com a Ucrânia e a Bélgica, de quem se diz ter uma das gerações europeias com mais futebol e juventude nos pés, rubricou uma média de idade de 25,7 anos. À exceção da belga e alemã, todas as restantes seleções estão a dar à manivela da renovação, misturando juventude com experiência à procura da fórmula certa para levarem ao Europeu de 2016.

Ok, a seleção está mais velha. Mas não é costume?

Nem por isso. O resumo da matéria dada diz que o mais recente onze português tem uma média de idades que, hoje, supera em pelo menos 2,9 anos a média das seleções mais fortes da Europa. E isto até nem se pode explicar com poucas palavras para se explicar: os portugueses que estão em melhor forma, que mais jogam e mais satisfazem Fernando Santos são, por coincidência os mais velhos que há por convocar. Porque no banco de suplentes há juventude à espreita para puxar a média para baixo, como os 23 anos de Cédric, os 22 de William Carvalho e João Mário ou os 21 de André Gomes. Mas nunca a seleção, pelo menos nos seis Europeus em que participou, teve uma equipa perto sequer de ser trintona.

Sempre teve por lá uns quantos jogadores que já estavam novos vinte, como Bento e Lima Pereira (35 e 32 anos) em 1984, Oceano (33 anos) em 1996, Baía, Couto e Dimas (os dois primeiros com 30, o defesa com 31) em 2000 ou Figo e Pauleta (os dois com 31) em 2004. Isto olhando para os últimos onzes que Portugal apresentou em cada um desses Campeonatos da Europa. A partir daí começaram a aparecer mais trintões: em 2008 já havia Ricardo, Petit, Ricardo Carvalho, Deco, Simão Sabrosa e Nuno Gomes, mas em 2012 apenas Bruno Alves já ultrapassara esta barreira. Contra a Servia, no domingo, eram sete os trintões portugueses na equipa titular.

É possível ganhar um Europeu com estas idades?

Claro, e o melhor exemplo até é o mais recente. Em 2012, a Espanha que abriu a pestana do mundo com o tiki-taka que nascera com Luis Aragonés, seis anos antes, fechava (sem saber) um ciclo conquistador quando levou da Polónia e da Ucrânia o troféu de campeão europeu. Aí, a seleção que não deixava a bola parar um segundo que fosse e multiplicava o número de passes curtos que cada jogador fazia derrotou a Itália, na final, com um onze de 29,9 anos de média de idades.

E isto foi o mais perto que alguma equipa vencedora de um Europeu chegou da atual média de idades da nacional. Pelo menos nas últimas quatro edições da competição. Em 2000, a França — que eliminou Portugal na tal meia-final da mão marota de Abel Xavier — conquistou a prova uma média de idades de 28,8 anos. Quatro anos volvidos e a Grécia foi a Lisboa transformar o sonho português em pesadelo com uma idade média de 28,1 na equipa titular. E em 2008 a Espanha conquistou pela primeira vez um Europeu com uma média de idades de 26 anos. Ou seja, nenhuma esteve sequer perto dos atuais 30,5 anos portugueses.

Com uma ou outra mudança, os titulares que começaram por fazer frente aos sérvios têm sido as opções mais comuns de Fernando Santos. Verdade que o selecionador ainda só tem cinco encontros feitos e falta ano e meio para o Europeu de 2016, se Portugal lá chegar. Há muito jogo, muita subida e descida de forma, muitos azares ou lesões que podem acontecer e, sobretudo, ainda resta mais uma temporada por realizar (2015/2016) e, portanto, muita experiência por fazer. Como as que, por exemplo, a seleção nacional fez esta segunda-feira contra Cabo Verde, embora mais por força das regras de FIFA, que obrigam um jogador a descansar, pelo menos, 72 horas entre jogos internacionais.

Daí que, além de novidades como Tiago Pinto (27 anos), André André (25 anos) ou Ukra (27 anos), estejam convocados nomes como Bernardo Silva (20), Paulo Oliveira (23) e Ivan Cavaleiro (21), todos colhidos dos sub-21 e da seleção, treinada por Rui Jorge, que conseguiu uma série de 14 vitórias seguidas entre março de 2013 e outubro de 2014 — e estará, este verão, no Europeu da categoria. Haverá mais que tempo, por isso, para estes e outros jogadores darem uns pulos, evoluírem e poderem vir a ser chamados com frequência para a seleção principal.

A questão é que muito poderá mudar até ao Campeonato da Europa, sim, mas a base de Fernando Santos parece ser esta. E no verão de 2016, todos os jogadores estarão mais velhos e com mais minutos acumulados nas pernas. Serão muitos nas de Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão (os dois do Real Madrid), Tiago (Atlético de Madrid), Ricardo Carvalho, João Moutinho (Ambos do AS Monaco) ou Danny (Zenit São Petersburgo, jogadores que, caso se mantenham nas atuais equipas, poderão até lá dividir-se por jogos do campeonato, da taça e da Liga dos Campeões. E da seleção nacional, claro. E numa altura em que a rota para o Europeu de 2016 vai a meio, e bem encaminhada, a equipa parece estar a envelhecer, sim. Mas enquanto os resultados continuarem a aparecer, Portugal poderá sempre dizer que velhos são os trapos.

Basta ver os alemães que jogaram contra a Geórgia, no domingo, fazer as contas e para encontrar o contraste. A seleção campeã do Mundo alinhou com um 11 que tinha 23,7 anos de média de idade. Entre os tubarões, os que andam sempre à caça de canecos, é a mais jovem. As outras, depois, mesmo mais graúdas, não chegam à idade portuguesa — a França registou 27,1 contra o Brasil (não foi o jogo mais recente, mas aquele em que os gauleses alinharam os titulares), a Inglaterra teve uma média de 26 anos frente à Lituânia, a Holanda imitou-a diante da Turquia, a Itália teve 26,6 contra a Bulgária, a Espanha 27 anos com a Ucrânia e a Bélgica, de quem se diz ter uma das gerações europeias com mais futebol e juventude nos pés, rubricou uma média de idade de 25,7 anos. À exceção da belga e alemã, todas as restantes seleções estão a dar à manivela da renovação, misturando juventude com experiência à procura da fórmula certa para levarem ao Europeu de 2016.

Ok, a seleção está mais velha. Mas não é costume?

Nem por isso. O resumo da matéria dada diz que o mais recente onze português tem uma média de idades que, hoje, supera em pelo menos 2,9 anos a média das seleções mais fortes da Europa. E isto até nem se pode explicar com poucas palavras para se explicar: os portugueses que estão em melhor forma, que mais jogam e mais satisfazem Fernando Santos são, por coincidência os mais velhos que há por convocar. Porque no banco de suplentes há juventude à espreita para puxar a média para baixo, como os 23 anos de Cédric, os 22 de William Carvalho e João Mário ou os 21 de André Gomes. Mas nunca a seleção, pelo menos nos seis Europeus em que participou, teve uma equipa perto sequer de ser trintona.

Sempre teve por lá uns quantos jogadores que já estavam novos vinte, como Bento e Lima Pereira (35 e 32 anos) em 1984, Oceano (33 anos) em 1996, Baía, Couto e Dimas (os dois primeiros com 30, o defesa com 31) em 2000 ou Figo e Pauleta (os dois com 31) em 2004. Isto olhando para os últimos onzes que Portugal apresentou em cada um desses Campeonatos da Europa. A partir daí começaram a aparecer mais trintões: em 2008 já havia Ricardo, Petit, Ricardo Carvalho, Deco, Simão Sabrosa e Nuno Gomes, mas em 2012 apenas Bruno Alves já ultrapassara esta barreira. Contra a Servia, no domingo, eram sete os trintões portugueses na equipa titular.

É possível ganhar um Europeu com estas idades?

Claro, e o melhor exemplo até é o mais recente. Em 2012, a Espanha que abriu a pestana do mundo com o tiki-taka que nascera com Luis Aragonés, seis anos antes, fechava (sem saber) um ciclo conquistador quando levou da Polónia e da Ucrânia o troféu de campeão europeu. Aí, a seleção que não deixava a bola parar um segundo que fosse e multiplicava o número de passes curtos que cada jogador fazia derrotou a Itália, na final, com um onze de 29,9 anos de média de idades.

E isto foi o mais perto que alguma equipa vencedora de um Europeu chegou da atual média de idades da nacional. Pelo menos nas últimas quatro edições da competição. Em 2000, a França — que eliminou Portugal na tal meia-final da mão marota de Abel Xavier — conquistou a prova uma média de idades de 28,8 anos. Quatro anos volvidos e a Grécia foi a Lisboa transformar o sonho português em pesadelo com uma idade média de 28,1 na equipa titular. E em 2008 a Espanha conquistou pela primeira vez um Europeu com uma média de idades de 26 anos. Ou seja, nenhuma esteve sequer perto dos atuais 30,5 anos portugueses.

Com uma ou outra mudança, os titulares que começaram por fazer frente aos sérvios têm sido as opções mais comuns de Fernando Santos. Verdade que o selecionador ainda só tem cinco encontros feitos e falta ano e meio para o Europeu de 2016, se Portugal lá chegar. Há muito jogo, muita subida e descida de forma, muitos azares ou lesões que podem acontecer e, sobretudo, ainda resta mais uma temporada por realizar (2015/2016) e, portanto, muita experiência por fazer. Como as que, por exemplo, a seleção nacional fez esta segunda-feira contra Cabo Verde, embora mais por força das regras de FIFA, que obrigam um jogador a descansar, pelo menos, 72 horas entre jogos internacionais.

Daí que, além de novidades como Tiago Pinto (27 anos), André André (25 anos) ou Ukra (27 anos), estejam convocados nomes como Bernardo Silva (20), Paulo Oliveira (23) e Ivan Cavaleiro (21), todos colhidos dos sub-21 e da seleção, treinada por Rui Jorge, que conseguiu uma série de 14 vitórias seguidas entre março de 2013 e outubro de 2014 — e estará, este verão, no Europeu da categoria. Haverá mais que tempo, por isso, para estes e outros jogadores darem uns pulos, evoluírem e poderem vir a ser chamados com frequência para a seleção principal.

A questão é que muito poderá mudar até ao Campeonato da Europa, sim, mas a base de Fernando Santos parece ser esta. E no verão de 2016, todos os jogadores estarão mais velhos e com mais minutos acumulados nas pernas. Serão muitos nas de Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão (os dois do Real Madrid), Tiago (Atlético de Madrid), Ricardo Carvalho, João Moutinho (Ambos do AS Monaco) ou Danny (Zenit São Petersburgo, jogadores que, caso se mantenham nas atuais equipas, poderão até lá dividir-se por jogos do campeonato, da taça e da Liga dos Campeões. E da seleção nacional, claro. E numa altura em que a rota para o Europeu de 2016 vai a meio, e bem encaminhada, a equipa parece estar a envelhecer, sim. Mas enquanto os resultados continuarem a aparecer, Portugal poderá sempre dizer que velhos são os trapos.

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