O último dia é dia de maiorias absolutas

04-10-2015
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Mercados, arruadas, almoços, arruadas, comícios e alguns jantares. O último dia de campanha é mais forte na manhã e no início da tarde do que na noite, porque as notícias deixam de poder ser dadas às 23h59. É um dia dedicado às últimas mensagens e apelos. Todos lutam contra a abstenção, mas as semelhanças acabam aí. No PS pediu-se maioria absoluta e a expressão também aterrou no almoço da coligação em Cascais

1 / 12 Rui Duarte Silva 2 / 12 Rui Duarte Silva 3 / 12 Rui Duarte Silva 4 / 12 Luis Barra 5 / 12 Luis Barra 6 / 12 Luis Barra 7 / 12 Marcos Borga 8 / 12 Marcos Borga 9 / 12 Marcos Borga 10 / 12 Nuno Botelho 11 / 12 Nuno Botelho 12 / 12 Nuno Botelho

Nesta campanha falou-se muito pouco de maiorias absolutas. A ideia apareceu com muitos outros nomes (estável, sólida, clara, etc.) e quase nunca com a expressão mais inequívoca. Mas já sabemos como são os últimos dias de uma campanha: a mensagem esgota-se em apelos de última hora e alguns filtros desaparecem. Foi assim que a maioria absoluta apareceu nos discursos.

Primeiro pela voz do secretário-geral do Partido Socialista, nas entrevistas em direto com as televisões à hora de almoço: “a melhor solução é um governo com maioria absoluta do PS”; depois num discurso de Francisco Pinto Balsemão, militante nº 1 do PSD, num almoço-comício em Cascais: “eu não preciso nem quero ser cauteloso, por isso falo numa maioria absoluta para a coligação no domingo”.

Nos discursos dos líderes dos dois principais blocos feitos à hora de almoço os termos usados foram outros, mas sempre no sentido de combater a abstenção, apelar ao voto e afinar o discurso depois das últimas sondagens.

Desde ontem à noite que todos os discursos e declarações - sem exceção, da CDU ao CDS -, acabaram por fazer eco das últimas grandes sondagens divulgadas ontem. Em comum, todas colocaram a coligação à frente do PS, com uma vantagem de 4 a 6 pontos. Toda a votação expressiva à CDU e uma recuperação assinalável ao Bloco, nalguns casos mais do que isso.

No caso da coligação, os líderes tiveram que reagir à notícia do Expresso que revelava a possibilidade de PSD e CDS terem um só grupo parlamentar, para contornar a possibilidade de o PS ter um grupo parlamentar maior que o do PSD, o que pode ter implicações constitucionais. Paulo Portas não terá gostado muito da ideia adiantada por Passos ao Expresso e arrumou a questão dizendo que não era “um tema que esteja em cima da mesa”. um “não assunto”. E acrescentou: “Isso é muito teórico”. Mas Portas acabou por lembrar que os dois partidos se deram muito bem no Parlamento nestes quatro anos...

Ficou a hipótese lançada e o PS não demorou a reagir: “Não vamos deixar para debates jurídicos, para jogadas políticas na Assembleia o que cada um pode soberanamente decidir”, afirmou António Costa, minutos antes de perder a voz. A voz? Isso mesmo, coisa que não é inédita em campanhas e que apanhou o líder socialista no último dia de campanha, quando já só tinha que descer o Chiado e fazer um comício em Almada. Sem voz, as últimas horas da campanha ficavam mais difíceis.

No tradicional almoço da cervejaria da Trindade o líder socialista já tinha dito que “esta margem de indecisão tem de ser resolvida até domingo”. No almoço estavam Jorge Sampaio, Ferro Rodrigues e Almeida Santos, entre muitas figuras históricas do PS, mas António José Seguro não compareceu, o que se transformou numa notícia incontornável.

O Bloco e o PCP foram alvos principais de boa parte dos discursos do almoço da Trindade, em que tiveram destaque Ferro Rodrigues e Fernando Medina. Veja-se o caso do atual Presidente da Câmara de Lisboa: “vocês acham que se vencerem as propostas do PCP de combate ao PS e de saída da moeda única, a vossa vida vai melhorar?”. E depois para o Bloco: “mas alguém de vocês acredita que se tomarmos uma posição de rutura na Europa, com uma renegociação da dívida, isso vai melhorar a situação do país e de cada um de nós? Não vai”.

Ferro fez a síntese, dizendo que os eleitores do PCP “não gostaram das combinatas e avisos entre a direção do PSD e Jerónimo de Sousa. E os eleitores do BE não gostaram de ver todos os dias os atuais e os ex dirigentes do BE a atacarem o PS e não a direita”. O apelo ao voto útil não podia ser mais claro.

O PCP, que também marcou presença na descida do Chiado na tarde do último dia de campanha, não desvia um centímetro dos seus dois objetivos: aumentar o número de votos e de deputados e retirar a maioria absoluta ao atual governo. Quanto a uma solução de governabilidade à esquerda, Jerónimo dá sempre a mesma resposta: “o problema não é a CDU, a CDU nunca faltará ao diálogo”, afirmou num dos diretos da hora de almoço, mantendo uma linha que nunca alterou ao longo da campanha.

O Bloco de Esquerda passou o dia no Porto, animado pelas sondagens e por uma campanha que Catarina Martins conseguiu protagonizar com bastante destaque. Os argumentos finais do Bloco não se distinguem muito dos usados pelo PCP. Primeiro os galões do passado: “não há partido como o Bloco que tanto tenha combatido o governo de direita”. Depois o passo em frente, numa entrevista à Rádio Renascença: “eu falei muito claramente a António Costa da disponibilidade e determinação do Bloco em criar as condições para que exista um Governo que salve Portugal”.

E é assim, com todos a sonharem com a vitória, mas a saberem que isso não poderá acontecer a todos ao mesmo tempo, e, sobretudo, que as vitórias e as derrotas também se vão medir em função das necessidades de garantir uma governação que a campanha termina. Segunda pode continuar, numa versão mais realista e dramática.

Mercados, arruadas, almoços, arruadas, comícios e alguns jantares. O último dia de campanha é mais forte na manhã e no início da tarde do que na noite, porque as notícias deixam de poder ser dadas às 23h59. É um dia dedicado às últimas mensagens e apelos. Todos lutam contra a abstenção, mas as semelhanças acabam aí. No PS pediu-se maioria absoluta e a expressão também aterrou no almoço da coligação em Cascais

1 / 12 Rui Duarte Silva 2 / 12 Rui Duarte Silva 3 / 12 Rui Duarte Silva 4 / 12 Luis Barra 5 / 12 Luis Barra 6 / 12 Luis Barra 7 / 12 Marcos Borga 8 / 12 Marcos Borga 9 / 12 Marcos Borga 10 / 12 Nuno Botelho 11 / 12 Nuno Botelho 12 / 12 Nuno Botelho

Nesta campanha falou-se muito pouco de maiorias absolutas. A ideia apareceu com muitos outros nomes (estável, sólida, clara, etc.) e quase nunca com a expressão mais inequívoca. Mas já sabemos como são os últimos dias de uma campanha: a mensagem esgota-se em apelos de última hora e alguns filtros desaparecem. Foi assim que a maioria absoluta apareceu nos discursos.

Primeiro pela voz do secretário-geral do Partido Socialista, nas entrevistas em direto com as televisões à hora de almoço: “a melhor solução é um governo com maioria absoluta do PS”; depois num discurso de Francisco Pinto Balsemão, militante nº 1 do PSD, num almoço-comício em Cascais: “eu não preciso nem quero ser cauteloso, por isso falo numa maioria absoluta para a coligação no domingo”.

Nos discursos dos líderes dos dois principais blocos feitos à hora de almoço os termos usados foram outros, mas sempre no sentido de combater a abstenção, apelar ao voto e afinar o discurso depois das últimas sondagens.

Desde ontem à noite que todos os discursos e declarações - sem exceção, da CDU ao CDS -, acabaram por fazer eco das últimas grandes sondagens divulgadas ontem. Em comum, todas colocaram a coligação à frente do PS, com uma vantagem de 4 a 6 pontos. Toda a votação expressiva à CDU e uma recuperação assinalável ao Bloco, nalguns casos mais do que isso.

No caso da coligação, os líderes tiveram que reagir à notícia do Expresso que revelava a possibilidade de PSD e CDS terem um só grupo parlamentar, para contornar a possibilidade de o PS ter um grupo parlamentar maior que o do PSD, o que pode ter implicações constitucionais. Paulo Portas não terá gostado muito da ideia adiantada por Passos ao Expresso e arrumou a questão dizendo que não era “um tema que esteja em cima da mesa”. um “não assunto”. E acrescentou: “Isso é muito teórico”. Mas Portas acabou por lembrar que os dois partidos se deram muito bem no Parlamento nestes quatro anos...

Ficou a hipótese lançada e o PS não demorou a reagir: “Não vamos deixar para debates jurídicos, para jogadas políticas na Assembleia o que cada um pode soberanamente decidir”, afirmou António Costa, minutos antes de perder a voz. A voz? Isso mesmo, coisa que não é inédita em campanhas e que apanhou o líder socialista no último dia de campanha, quando já só tinha que descer o Chiado e fazer um comício em Almada. Sem voz, as últimas horas da campanha ficavam mais difíceis.

No tradicional almoço da cervejaria da Trindade o líder socialista já tinha dito que “esta margem de indecisão tem de ser resolvida até domingo”. No almoço estavam Jorge Sampaio, Ferro Rodrigues e Almeida Santos, entre muitas figuras históricas do PS, mas António José Seguro não compareceu, o que se transformou numa notícia incontornável.

O Bloco e o PCP foram alvos principais de boa parte dos discursos do almoço da Trindade, em que tiveram destaque Ferro Rodrigues e Fernando Medina. Veja-se o caso do atual Presidente da Câmara de Lisboa: “vocês acham que se vencerem as propostas do PCP de combate ao PS e de saída da moeda única, a vossa vida vai melhorar?”. E depois para o Bloco: “mas alguém de vocês acredita que se tomarmos uma posição de rutura na Europa, com uma renegociação da dívida, isso vai melhorar a situação do país e de cada um de nós? Não vai”.

Ferro fez a síntese, dizendo que os eleitores do PCP “não gostaram das combinatas e avisos entre a direção do PSD e Jerónimo de Sousa. E os eleitores do BE não gostaram de ver todos os dias os atuais e os ex dirigentes do BE a atacarem o PS e não a direita”. O apelo ao voto útil não podia ser mais claro.

O PCP, que também marcou presença na descida do Chiado na tarde do último dia de campanha, não desvia um centímetro dos seus dois objetivos: aumentar o número de votos e de deputados e retirar a maioria absoluta ao atual governo. Quanto a uma solução de governabilidade à esquerda, Jerónimo dá sempre a mesma resposta: “o problema não é a CDU, a CDU nunca faltará ao diálogo”, afirmou num dos diretos da hora de almoço, mantendo uma linha que nunca alterou ao longo da campanha.

O Bloco de Esquerda passou o dia no Porto, animado pelas sondagens e por uma campanha que Catarina Martins conseguiu protagonizar com bastante destaque. Os argumentos finais do Bloco não se distinguem muito dos usados pelo PCP. Primeiro os galões do passado: “não há partido como o Bloco que tanto tenha combatido o governo de direita”. Depois o passo em frente, numa entrevista à Rádio Renascença: “eu falei muito claramente a António Costa da disponibilidade e determinação do Bloco em criar as condições para que exista um Governo que salve Portugal”.

E é assim, com todos a sonharem com a vitória, mas a saberem que isso não poderá acontecer a todos ao mesmo tempo, e, sobretudo, que as vitórias e as derrotas também se vão medir em função das necessidades de garantir uma governação que a campanha termina. Segunda pode continuar, numa versão mais realista e dramática.

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