POMBALINHO: A cava das vinhas!

03-07-2011
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A cava da vinha era dos trabalhos mais cansativos e árduos que se faziam noutros tempos e à qual muitos trabalhadores do campo se sujeitavam de modo a garantirem um rendimento continuado e estável na subsistência económica da família. E depois, como a modernização agrícola de charruas e tractores ainda estava bem distante deste tipo de actividade exercido nesses longínquos anos, não existiam de facto outras alternativas a esta forma de tratar as terras de vinhedo! Viviam-se tempos nos quais a exploração maciça de mão obra era utilizada em tudo, ou quase tudo, que fossem trabalhos agrícolas, e a vinha obviamente não fugia à regra ! Enormes ranchos de homens e mulheres vindos de fora ou formados por pessoas do Pombalinho e arredores, por regra, sempre dirigidos pelo respectivo feitor ou homem de seleccionada confiança do patrão, povoavam desde o nascer até ao por do sol, os vãos das vinhas, das quais se elevavam de vez em vez as enxadas devidamente balançadas pela força de mãos firmes e experientes de homems que rasgavam a terra de uma forma lenta e compassada. Havia de entre os patrões quem recorresse estrategicamente a processos para vencer o cansaço provocado pelas características rudes deste trabalho. E uma delas era o recurso ao consumo de vinho, por parte dos trabalhadores, durante as horas de laboração! O alcool ingerido, quase sempre sem regra, funcionava como estimulante e inibia o forte cansaço que se apoderava de todos, com particular incidência nos mais fracos em robustez fisica, e ai destes que se atrasasassem em relação aos demais, pois o risco de não serem contratados na proxima praça e para a semana seguinte, era mesmo muito grande! Aliás, o vinho chegou a fazer parte da jorna e os patrões utilizavam o de menor qualidade nesses pagamentos semanais aos trabalhadores! Eram realmente tempos muito difíceis! Hoje o mundo é bastante diferente nas relações laborais, no entanto, lembrar estes tempos dificeis, ainda faz todo o sentido, quem sabe, talvez, para compreendermos melhor o percurso que nos levou aos tempos presentes!As fotografias publicadas, ilustram, melhor do que muitas palavras, o modo como eram exercidas as cavas das vinhas por terras do Pombalinho! Foram registadas por Guilherme Afonso no ano de 1964 na propriedade do Aviz, pertença de António de Menezes e os textos em “italic” postados sob a forma de legendas, retirados da carta que o nosso Amigo me escreveu, fruto de uma passeata que fez com a sua máquina fotográfica a tiracolo, nesse mês de Abril! ... Mas não deixo de aproveitar o envio das mesmas para algumas observações sobre o tema. A primeira é de que a maior parte do rancho não é do Pombalinho. Do Pombalinho fazem parte do rancho apenas três pessoas, salvo erro: o meu pai, o Eleutério e o Germano Saúde. Numa das fotos está o meu pai (José Afonso), à esquerda, com a enxada ao alto, e outro, à direita, que não me lembro quem seja.


A cava da vinha era dos trabalhos mais cansativos e árduos que se faziam noutros tempos e à qual muitos trabalhadores do campo se sujeitavam de modo a garantirem um rendimento continuado e estável na subsistência económica da família. E depois, como a modernização agrícola de charruas e tractores ainda estava bem distante deste tipo de actividade exercido nesses longínquos anos, não existiam de facto outras alternativas a esta forma de tratar as terras de vinhedo! Viviam-se tempos nos quais a exploração maciça de mão obra era utilizada em tudo, ou quase tudo, que fossem trabalhos agrícolas, e a vinha obviamente não fugia à regra ! Enormes ranchos de homens e mulheres vindos de fora ou formados por pessoas do Pombalinho e arredores, por regra, sempre dirigidos pelo respectivo feitor ou homem de seleccionada confiança do patrão, povoavam desde o nascer até ao por do sol, os vãos das vinhas, das quais se elevavam de vez em vez as enxadas devidamente balançadas pela força de mãos firmes e experientes de homems que rasgavam a terra de uma forma lenta e compassada. Havia de entre os patrões quem recorresse estrategicamente a processos para vencer o cansaço provocado pelas características rudes deste trabalho. E uma delas era o recurso ao consumo de vinho, por parte dos trabalhadores, durante as horas de laboração! O alcool ingerido, quase sempre sem regra, funcionava como estimulante e inibia o forte cansaço que se apoderava de todos, com particular incidência nos mais fracos em robustez fisica, e ai destes que se atrasasassem em relação aos demais, pois o risco de não serem contratados na proxima praça e para a semana seguinte, era mesmo muito grande! Aliás, o vinho chegou a fazer parte da jorna e os patrões utilizavam o de menor qualidade nesses pagamentos semanais aos trabalhadores! Eram realmente tempos muito difíceis! Hoje o mundo é bastante diferente nas relações laborais, no entanto, lembrar estes tempos dificeis, ainda faz todo o sentido, quem sabe, talvez, para compreendermos melhor o percurso que nos levou aos tempos presentes!As fotografias publicadas, ilustram, melhor do que muitas palavras, o modo como eram exercidas as cavas das vinhas por terras do Pombalinho! Foram registadas por Guilherme Afonso no ano de 1964 na propriedade do Aviz, pertença de António de Menezes e os textos em “italic” postados sob a forma de legendas, retirados da carta que o nosso Amigo me escreveu, fruto de uma passeata que fez com a sua máquina fotográfica a tiracolo, nesse mês de Abril! ... Mas não deixo de aproveitar o envio das mesmas para algumas observações sobre o tema. A primeira é de que a maior parte do rancho não é do Pombalinho. Do Pombalinho fazem parte do rancho apenas três pessoas, salvo erro: o meu pai, o Eleutério e o Germano Saúde. Numa das fotos está o meu pai (José Afonso), à esquerda, com a enxada ao alto, e outro, à direita, que não me lembro quem seja.

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