Nesta hora: tecnologia

22-01-2012
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"(...) Compreende-se que o deslumbramento desmagnetize a sociedade e desvitalize a política, aproximando-nos da profecia de Jean Baudrillard, que há anos antecipou que o objectivo da classe política seria cada vez mais, não o de governar, mas o de "manter a alucinação do poder", confundindo países reais com miragens tecnológicas. O que, naturalmente, leva a que a sociedade olhe cada vez mais para tudo isto como uma - ora indiferente, ora insuportável - amálgama de palavras, de imagens e de vazio.O deslumbramento tecnológico-financeiro tornou-se, deste modo, o grande impulsionador das principais formas de demagogia do nosso tempo, sejam as do optimismo tão virtual como pueril, sejam as do pessimismo tão nostálgico como catastrofista.E não vejo modo mais eficaz de as contrariar do que o de uma renovada pedagogia que introduza - na vida, na política e nos media - mais conhecimento, mais diálogo e mais proximidade. E também tempo, sim, tempo, porque o curto-termismo é o carrossel de todos os deslumbrados.Tudo isto faz cada vez mais da história o argumento, o conhecimento decisivo para contrariar os efeitos do deslumbramento e da sua demagogia. Só a história perspectiva o presente, revelando a sua contingência, mostrando que o que aconteceu podia não ter acontecido, ou ter acontecido de outra forma. Que na vida e no mundo tudo resulta sempre da conjugação da imprevisibilidade dos factos, da multiplicidade dos interesses, da diversidade dos contextos e das opções dos cidadãos. Que há sempre soluções quando há visão. (...)"Manuel Maria Carrilho. "Será o deslumbramento uma política?". Diário de Notícias: 30.Set.2010


"(...) Compreende-se que o deslumbramento desmagnetize a sociedade e desvitalize a política, aproximando-nos da profecia de Jean Baudrillard, que há anos antecipou que o objectivo da classe política seria cada vez mais, não o de governar, mas o de "manter a alucinação do poder", confundindo países reais com miragens tecnológicas. O que, naturalmente, leva a que a sociedade olhe cada vez mais para tudo isto como uma - ora indiferente, ora insuportável - amálgama de palavras, de imagens e de vazio.O deslumbramento tecnológico-financeiro tornou-se, deste modo, o grande impulsionador das principais formas de demagogia do nosso tempo, sejam as do optimismo tão virtual como pueril, sejam as do pessimismo tão nostálgico como catastrofista.E não vejo modo mais eficaz de as contrariar do que o de uma renovada pedagogia que introduza - na vida, na política e nos media - mais conhecimento, mais diálogo e mais proximidade. E também tempo, sim, tempo, porque o curto-termismo é o carrossel de todos os deslumbrados.Tudo isto faz cada vez mais da história o argumento, o conhecimento decisivo para contrariar os efeitos do deslumbramento e da sua demagogia. Só a história perspectiva o presente, revelando a sua contingência, mostrando que o que aconteceu podia não ter acontecido, ou ter acontecido de outra forma. Que na vida e no mundo tudo resulta sempre da conjugação da imprevisibilidade dos factos, da multiplicidade dos interesses, da diversidade dos contextos e das opções dos cidadãos. Que há sempre soluções quando há visão. (...)"Manuel Maria Carrilho. "Será o deslumbramento uma política?". Diário de Notícias: 30.Set.2010

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