LisboaNo bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.Acenavam através das grades.Gritavam que lhes tirassem o retrato.“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachadae lá no cimo um homem à janela,tinha um óculo e olhava para o mar.Roupa branca no azul. Os muros quentes.As moscas liam cartas microscópicas.Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:“será verdade ou só um sonho meu?”Tomas Tranströmer (poema de 1966)(21 Poetas Suecos. Lisboa: Vega, 1980. Tradução de Vasco Graça Moura)
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LisboaNo bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.Acenavam através das grades.Gritavam que lhes tirassem o retrato.“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachadae lá no cimo um homem à janela,tinha um óculo e olhava para o mar.Roupa branca no azul. Os muros quentes.As moscas liam cartas microscópicas.Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:“será verdade ou só um sonho meu?”Tomas Tranströmer (poema de 1966)(21 Poetas Suecos. Lisboa: Vega, 1980. Tradução de Vasco Graça Moura)