Nesta hora: Francisco Queirós, director de escola, entre as dúvidas e as esperanças

02-07-2011
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No Público de hoje, duas páginas são dedicadas ao novo modelo de gestão das escolas públicas, assente na figura do director, numa gestão unipessoal. As duas páginas lêem-se e percebe-se que nem tudo vai bem - há escolas em que o processo tendente à condução para o novo modelo está parado, há sítios em que surgem discordâncias entre as autarquias e o Ministério da Educação, há alheamentos, há esperanças, há reservas. Francisco Queirós é, desde meados de Janeiro, o director da Escola Secundária de Paredes e, como tal, foi entrevistado pelo jornal, que, depois de contar a história da sua candidatura, lhe deu a palavra para falar das dúvidas e das esperanças no modelo. Tudo dependerá, afinal, das pessoas. E daquilo que elas queiram fazer no lugar ou pela comunidade ou pela escola. Se essa é uma promessa, é também um risco. Fica, pois, a explicação de Francisco Queirós.«(...) Questionado sobre se a criação da figura do director não ameaça precisamente beliscar a democraticidade nas escolas, Francisco Queirós responde que depende. "Se é possível que o director de uma escola se transforme num pequeno ditador, é. Se vai haver politização, em muitos casos vai. Mas também vai haver exemplos bons e temos que acreditar que são estes que vão fazer a diferença, porque a alternativa é continuarmos a ter um poder central que, a partir de Lisboa, decide o que é que as pessoas numa aldeia de Trás-os-Montes vão poder fazer."Nesse sentido, este responsável diz que o novo regime de autonomia, administração e gestão das escolas - que, além da figura do director, cria os Conselhos Gerais, onde professores, autarquias, pais e representantes locais são chamados a pronunciar-se sobre a escola - se aproxima "vagamente desta ideia de comunidade educativa local". Para que tal aconteça, porém, seria preciso que o Estado abdicasse de algum do seu poder."O Estado não pode tomar conta de tudo", acusa, considerando que "as escolas estão reféns da legislação que diariamente é lançada" para regulamentar desde os planos de estudos ao mobiliário das bibliotecas.Do mesmo modo, Francisco Queirós critica a regulação ao minuto do tempo dos professores. "O Governo olha para os professores como funcionários e, pior do que isso, como funcionários de quem se desconfia." Um sintoma disso é a obrigatoriedade de os professores explicarem os critérios de avaliação, mesmo a alunos com sete anos de idade. "A imagem que passa é que eles podem fiscalizar as decisões dos professores. E isso abala a relação de respeito que tem que haver." Apesar disso, continua a acreditar. Sustentado na sua ideia de escola. E porque acredita que o movimento de Conselhos Executivos que começou em Santarém vai conseguir alterar o modo de funcionamento das escolas. "Há uma má imagem dos Conselhos Executivos porque as pessoas decentes que estão nestes órgãos compõem uma maioria silenciosa que está agora a começar a falar. Aliás, ficou claro nos encontros que existe uma vontade grande de agregar os Conselhos Executivos numa associação nacional de escolas, à semelhança do que acontece com os municípios. No quadro legislativo actual, o meu espaço de manobra é reduzido, mas eu estou convencido de que esta associação nacional pode dar o mote para alterar este estado de coisas", confia. (...)»


No Público de hoje, duas páginas são dedicadas ao novo modelo de gestão das escolas públicas, assente na figura do director, numa gestão unipessoal. As duas páginas lêem-se e percebe-se que nem tudo vai bem - há escolas em que o processo tendente à condução para o novo modelo está parado, há sítios em que surgem discordâncias entre as autarquias e o Ministério da Educação, há alheamentos, há esperanças, há reservas. Francisco Queirós é, desde meados de Janeiro, o director da Escola Secundária de Paredes e, como tal, foi entrevistado pelo jornal, que, depois de contar a história da sua candidatura, lhe deu a palavra para falar das dúvidas e das esperanças no modelo. Tudo dependerá, afinal, das pessoas. E daquilo que elas queiram fazer no lugar ou pela comunidade ou pela escola. Se essa é uma promessa, é também um risco. Fica, pois, a explicação de Francisco Queirós.«(...) Questionado sobre se a criação da figura do director não ameaça precisamente beliscar a democraticidade nas escolas, Francisco Queirós responde que depende. "Se é possível que o director de uma escola se transforme num pequeno ditador, é. Se vai haver politização, em muitos casos vai. Mas também vai haver exemplos bons e temos que acreditar que são estes que vão fazer a diferença, porque a alternativa é continuarmos a ter um poder central que, a partir de Lisboa, decide o que é que as pessoas numa aldeia de Trás-os-Montes vão poder fazer."Nesse sentido, este responsável diz que o novo regime de autonomia, administração e gestão das escolas - que, além da figura do director, cria os Conselhos Gerais, onde professores, autarquias, pais e representantes locais são chamados a pronunciar-se sobre a escola - se aproxima "vagamente desta ideia de comunidade educativa local". Para que tal aconteça, porém, seria preciso que o Estado abdicasse de algum do seu poder."O Estado não pode tomar conta de tudo", acusa, considerando que "as escolas estão reféns da legislação que diariamente é lançada" para regulamentar desde os planos de estudos ao mobiliário das bibliotecas.Do mesmo modo, Francisco Queirós critica a regulação ao minuto do tempo dos professores. "O Governo olha para os professores como funcionários e, pior do que isso, como funcionários de quem se desconfia." Um sintoma disso é a obrigatoriedade de os professores explicarem os critérios de avaliação, mesmo a alunos com sete anos de idade. "A imagem que passa é que eles podem fiscalizar as decisões dos professores. E isso abala a relação de respeito que tem que haver." Apesar disso, continua a acreditar. Sustentado na sua ideia de escola. E porque acredita que o movimento de Conselhos Executivos que começou em Santarém vai conseguir alterar o modo de funcionamento das escolas. "Há uma má imagem dos Conselhos Executivos porque as pessoas decentes que estão nestes órgãos compõem uma maioria silenciosa que está agora a começar a falar. Aliás, ficou claro nos encontros que existe uma vontade grande de agregar os Conselhos Executivos numa associação nacional de escolas, à semelhança do que acontece com os municípios. No quadro legislativo actual, o meu espaço de manobra é reduzido, mas eu estou convencido de que esta associação nacional pode dar o mote para alterar este estado de coisas", confia. (...)»

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