Nesta hora: Vasco Pulido Valente e o Museu Salazar

01-07-2011
marcar artigo


No Público de hoje, Vasco Pulido Valente escreve sobre "A casa de Santa Comba Dão", pensando sobre a criação do Museu Salazar que tem gerado controvérsia entre a autarquia local, que o quer instituir, e a esquerda, que fomentou um abaixo-assinado, contestando a sua criação, recentemente entregue na Assembleia da República. Diz VPV: «Santa Comba Dão quer agora fazer "um museu" da casa de Salazar. O que se compreende muito bem. Tanto quanto sei, só a casa de Salazar pode atrair a Santa Comba Dão um ocasional turista; e o "museu" fica por uns potes de cal e uma limpeza. Com sorte, o café da terra, se existir, ganha algum dinheiro e aparece um espertalhão a vender "relíquias". Tudo isto é inofensivo e um pouco patético. Mas bastou para provocar a indignação da velha esquerda pliocénica, que nem sempre se distinguiu pelo ardor democrático. Um abaixo-assinado, entregue solenemente na Assembleia da República, pede que se proíba o "museu", como se o "museu" fosse uma espécie de reabilitação de Salazar e o salazarismo ameaçasse ressurgir do Vimieiro a um euro e meio por bilhete. Não ocorre a ninguém que de Santa Comba Dão nunca virá um culto de Salazar como o culto (aliás, ridículo) de Mussolini em Predappio. Ao neo-salazarismo faltam as forças que provocaram e criaram o salazarismo (…). Salazar é um homem do passado remoto. De um passado irreconhecível. O negócio de Santa Comba Dão com a casa do homem é irrelevante para a cultura política do regime. E talvez não seja para Santa Comba Dão. Os censores da consciência nacional deviam, de preferência, olhar para eles.»


No Público de hoje, Vasco Pulido Valente escreve sobre "A casa de Santa Comba Dão", pensando sobre a criação do Museu Salazar que tem gerado controvérsia entre a autarquia local, que o quer instituir, e a esquerda, que fomentou um abaixo-assinado, contestando a sua criação, recentemente entregue na Assembleia da República. Diz VPV: «Santa Comba Dão quer agora fazer "um museu" da casa de Salazar. O que se compreende muito bem. Tanto quanto sei, só a casa de Salazar pode atrair a Santa Comba Dão um ocasional turista; e o "museu" fica por uns potes de cal e uma limpeza. Com sorte, o café da terra, se existir, ganha algum dinheiro e aparece um espertalhão a vender "relíquias". Tudo isto é inofensivo e um pouco patético. Mas bastou para provocar a indignação da velha esquerda pliocénica, que nem sempre se distinguiu pelo ardor democrático. Um abaixo-assinado, entregue solenemente na Assembleia da República, pede que se proíba o "museu", como se o "museu" fosse uma espécie de reabilitação de Salazar e o salazarismo ameaçasse ressurgir do Vimieiro a um euro e meio por bilhete. Não ocorre a ninguém que de Santa Comba Dão nunca virá um culto de Salazar como o culto (aliás, ridículo) de Mussolini em Predappio. Ao neo-salazarismo faltam as forças que provocaram e criaram o salazarismo (…). Salazar é um homem do passado remoto. De um passado irreconhecível. O negócio de Santa Comba Dão com a casa do homem é irrelevante para a cultura política do regime. E talvez não seja para Santa Comba Dão. Os censores da consciência nacional deviam, de preferência, olhar para eles.»

marcar artigo