Da Literatura: CITAÇÃO, 76

24-01-2012
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António Barreto, sociólogo com largo currículo político, e Rui Ramos, historiador, reflectem (e bem) sobre a actualidade e uma hipotética reorganização da direita portuguesa a partir da nova liderança do PSD. Citações a partir do Público de hoje, editadas por mim:António Barreto«O PSD está na iminência de uma reorganização ideológica, estratégica e, também, de uma reorganização de grupos. [...] A direita está de novo marcada pela hipótese de uma cisão, de uma divisão no PSD e no CDS. [...] O PS soube aproveitar a crise no PSD. [...] O PS está, como nunca esteve, no centro da democracia portuguesa. [...] O PS está a fazer uma função histórica com 15 anos de atraso, com a legitimidade da esquerda e o apoio da direita. [...] O que sobra para o PSD? Para que Portugal precisa do PSD? O que é que o PSD vai trazer à sociedade portuguesa? [...] Para que um partido tenha lugar na sociedade, ele tem de ter capacidade de liderança, mas também programa e estratégia. As pessoas só votam se sentirem que o partido é necessário. Esta é a grande crise do PSD e da direita. [...] Há pessoas que, quando assumem cargos, quando tomam o poder, mudam de estilo. [...] Menezes está com uma atitude diferente. [...] Sócrates não tem conseguido defender as suas medidas como uma missão nacional, tem a hostilidade da função pública e dos trabalhadores, se continuar assim perderá a maioria absoluta.»Rui Ramos«Talvez o mais problemático da situação do PSD seja o grau de imprevisibilidade quanto ao futuro do partido. [...] Menezes é um homem do passado [...] vem na continuidade de uma velha cultura PSD, que se recusa a situar na direita, mas que pensa que pode passar por direita. [...] Menezes é o PSD que se recusa em optar entre o status quo e as reformas. Quer cortes na saúde, mas está contra o fecho de maternidades e não diz qual a forma de conseguir esses cortes. [...] Menezes trabalhou com Cavaco, com Mota Pinto no Bloco Central, em 1978 esteve nas Opções Inadiáveis ao lado de Sousa Franco. Quem olha para Menezes com uma perspectiva histórica é o que mais ressalta, ele é uma figura histórica que representa uma corrente do PSD de esquerda, na linha Emídio Guerreiro, contra a linha Sá Carneiro, que era a direita. [Há assim um regresso ao] PSD que foi mais preponderante nos anos 80, o PSD do Bloco Central, que programaticamente se diz não liberal. [...] Não podemos esquecer que o Estado Social que temos é obra do cavaquismo, é obra da direita. O funcionalismo público é outra herança de Cavaco, a famosa reforma Ferreira Leite. Menezes é herdeiro disso. [...] Menezes não tem orientação programática, não tem projecto para a sociedade, faz propostas pontuais, desgarradas. [...] Queixam-se de que o Governo subiu os impostos, e então, e quando o Governo baixar os impostos? O que vão defender? [...] O PSD teria de aparecer com cara nova, alguém que não estivesse associado ao passado, que fosse alternativa a Sócrates. [...] Esta solução permite a Sócrates criar novidade em 2009 e ganhar. Além de que Sócrates não vai cometer erros e, como anunciou no OE, vai dar coisas. Os cordões foram fechados, para os abrir agora. E ainda há mais um ano.»Etiquetas: Citações, Política nacional

António Barreto, sociólogo com largo currículo político, e Rui Ramos, historiador, reflectem (e bem) sobre a actualidade e uma hipotética reorganização da direita portuguesa a partir da nova liderança do PSD. Citações a partir do Público de hoje, editadas por mim:António Barreto«O PSD está na iminência de uma reorganização ideológica, estratégica e, também, de uma reorganização de grupos. [...] A direita está de novo marcada pela hipótese de uma cisão, de uma divisão no PSD e no CDS. [...] O PS soube aproveitar a crise no PSD. [...] O PS está, como nunca esteve, no centro da democracia portuguesa. [...] O PS está a fazer uma função histórica com 15 anos de atraso, com a legitimidade da esquerda e o apoio da direita. [...] O que sobra para o PSD? Para que Portugal precisa do PSD? O que é que o PSD vai trazer à sociedade portuguesa? [...] Para que um partido tenha lugar na sociedade, ele tem de ter capacidade de liderança, mas também programa e estratégia. As pessoas só votam se sentirem que o partido é necessário. Esta é a grande crise do PSD e da direita. [...] Há pessoas que, quando assumem cargos, quando tomam o poder, mudam de estilo. [...] Menezes está com uma atitude diferente. [...] Sócrates não tem conseguido defender as suas medidas como uma missão nacional, tem a hostilidade da função pública e dos trabalhadores, se continuar assim perderá a maioria absoluta.»Rui Ramos«Talvez o mais problemático da situação do PSD seja o grau de imprevisibilidade quanto ao futuro do partido. [...] Menezes é um homem do passado [...] vem na continuidade de uma velha cultura PSD, que se recusa a situar na direita, mas que pensa que pode passar por direita. [...] Menezes é o PSD que se recusa em optar entre o status quo e as reformas. Quer cortes na saúde, mas está contra o fecho de maternidades e não diz qual a forma de conseguir esses cortes. [...] Menezes trabalhou com Cavaco, com Mota Pinto no Bloco Central, em 1978 esteve nas Opções Inadiáveis ao lado de Sousa Franco. Quem olha para Menezes com uma perspectiva histórica é o que mais ressalta, ele é uma figura histórica que representa uma corrente do PSD de esquerda, na linha Emídio Guerreiro, contra a linha Sá Carneiro, que era a direita. [Há assim um regresso ao] PSD que foi mais preponderante nos anos 80, o PSD do Bloco Central, que programaticamente se diz não liberal. [...] Não podemos esquecer que o Estado Social que temos é obra do cavaquismo, é obra da direita. O funcionalismo público é outra herança de Cavaco, a famosa reforma Ferreira Leite. Menezes é herdeiro disso. [...] Menezes não tem orientação programática, não tem projecto para a sociedade, faz propostas pontuais, desgarradas. [...] Queixam-se de que o Governo subiu os impostos, e então, e quando o Governo baixar os impostos? O que vão defender? [...] O PSD teria de aparecer com cara nova, alguém que não estivesse associado ao passado, que fosse alternativa a Sócrates. [...] Esta solução permite a Sócrates criar novidade em 2009 e ganhar. Além de que Sócrates não vai cometer erros e, como anunciou no OE, vai dar coisas. Os cordões foram fechados, para os abrir agora. E ainda há mais um ano.»Etiquetas: Citações, Política nacional

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