A B S O R T O: EM PLENO AZUL

26-01-2012
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“Foto de António José Alegria, do amistad”Com horror mal disfarçadosincero desgosto (sim!)lágrima azul aflitamão crispada de piedadevêem-me passar cantandocalamidades desastresimpossíveis de evitaras mães as minhas a tuaas que estropiam ternamente os filhospara monótono e prudenteavanço da famíliaE quando paro e faço a propagandados lugares mais comuns da poesiahá um terror quase obscenonos seus olhos maternaisEntão prometo congressosem pleno azulPrometo uma soluçãoem pleno azulPrometo não fazer nadaem pleno azulsem consultar o «bureau»em pleno azulVisìvelmente sossegadasé a hora de não cumprirde recomeçar cantandocalamidades desastresruínas por decifrar *Se eu não estivesse a dormirperguntaria aos poetasA que horas desejam que vos acordeVamos decifrar ruínasidentificar os mortosdormir com mulheres reaisdenunciar os traidorese atraiçoar a poesiaenvenenada nas palavrasque respiram ausência podrevamos dizer sem maiúsculaso amor a vida e a morte *E as mãesonde estão elas?As mães rezam as mãescosem farrapos de doras mães gritamchoramuivamno espesso rio de um sonojá quase só animalAlexandre O´NeillIn “Tempo de Fantasmas”“Cadernos de Poesia” – Fascículo Onze – Segunda SérieNovembro de 1951


“Foto de António José Alegria, do amistad”Com horror mal disfarçadosincero desgosto (sim!)lágrima azul aflitamão crispada de piedadevêem-me passar cantandocalamidades desastresimpossíveis de evitaras mães as minhas a tuaas que estropiam ternamente os filhospara monótono e prudenteavanço da famíliaE quando paro e faço a propagandados lugares mais comuns da poesiahá um terror quase obscenonos seus olhos maternaisEntão prometo congressosem pleno azulPrometo uma soluçãoem pleno azulPrometo não fazer nadaem pleno azulsem consultar o «bureau»em pleno azulVisìvelmente sossegadasé a hora de não cumprirde recomeçar cantandocalamidades desastresruínas por decifrar *Se eu não estivesse a dormirperguntaria aos poetasA que horas desejam que vos acordeVamos decifrar ruínasidentificar os mortosdormir com mulheres reaisdenunciar os traidorese atraiçoar a poesiaenvenenada nas palavrasque respiram ausência podrevamos dizer sem maiúsculaso amor a vida e a morte *E as mãesonde estão elas?As mães rezam as mãescosem farrapos de doras mães gritamchoramuivamno espesso rio de um sonojá quase só animalAlexandre O´NeillIn “Tempo de Fantasmas”“Cadernos de Poesia” – Fascículo Onze – Segunda SérieNovembro de 1951

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