A B S O R T O: RUY CINATTI

26-01-2012
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VIGÍLIAPARALELAMENTE sigo dois caminhosAbstracto na visão de um céu profundo.Nem um nem outro me serve, nem aqueleDestino que se insinua subreptìciamenteCom voz semelhante à minha. O melhor mundoEstá por descobrir. Não segue a luaNem o perfil da proa. Vai direitoAo vago, incerto, misteriosoBater das velas sinalado e oculto.Quero-me mais dentro de mim, mais desumanoEm comunhão suprema, surto e aladoNas aragens nocturnas que desdobram as vagas,Chamam dorsos de peixes à tona de águaE precipitam asas nas esteiras de luz.Da vida nada se leva, senãoA melhoria de um paraíso sonhadoE procuradoCom ternura, crueldade e espírito sereno.Doçura luminosa de um olhar ameno,Brincar de almas verticais em plenoSol de alvorada que descerra as pálpebras.Rui CinattiAtlântico, Agosto, 1950In “Cadernos de Poesia”II Série – Lisboa/1951Cadernos de PoesiaCampo das Letras


VIGÍLIAPARALELAMENTE sigo dois caminhosAbstracto na visão de um céu profundo.Nem um nem outro me serve, nem aqueleDestino que se insinua subreptìciamenteCom voz semelhante à minha. O melhor mundoEstá por descobrir. Não segue a luaNem o perfil da proa. Vai direitoAo vago, incerto, misteriosoBater das velas sinalado e oculto.Quero-me mais dentro de mim, mais desumanoEm comunhão suprema, surto e aladoNas aragens nocturnas que desdobram as vagas,Chamam dorsos de peixes à tona de águaE precipitam asas nas esteiras de luz.Da vida nada se leva, senãoA melhoria de um paraíso sonhadoE procuradoCom ternura, crueldade e espírito sereno.Doçura luminosa de um olhar ameno,Brincar de almas verticais em plenoSol de alvorada que descerra as pálpebras.Rui CinattiAtlântico, Agosto, 1950In “Cadernos de Poesia”II Série – Lisboa/1951Cadernos de PoesiaCampo das Letras

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