PSD rejeita conotação ideológica no aumento de impostos, CDS fica em silêncio

16-10-2012
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Oficialmente, centristas não reagiram, mas dois deputados insurgiram-se contra declarações de Vítor Gaspar

O PSD não quer deixar o CDS sozinho no combate ao aumento da carga fiscal e ontem deixou uma mensagem bem clara ao parceiro de coligação. É que o aumento dos impostos também não está no ADN do partido liderado por Passos Coelho. O CDS, por seu turno, remeteu-se ao silêncio sobre o Orçamento do Estado, numa estratégia que parece ser útil ao incómodo interno.

O deputado do PSD Duarte Pacheco fez a defesa da tese de um orçamento difícil, mas necessário. "Infelizmente tem de ter esta carga fiscal, nem sequer corresponde às orientações ideológicas do PSD", disse o deputado da comissão de Orçamento e Finanças. "Todos nós desejávamos que a carga fiscal não tivesse o peso que tem, mas isso não é possível", disse, sublinhando que na hora da votação os deputados sociais-democratas "estarão ao lado do Governo".

A ideia de que um aumento de impostos não é uma opção ideológica responde directamente ao CDS, que se tem colocado como o partido que quer defender os contribuintes. Os centristas preferiram o silêncio ontem, com o argumento de que hoje ainda irão ouvir o ministro das Finanças na reunião conjunta com a bancada do PSD, no Parlamento. Mas a estratégia deve continuar a ser a da contenção nas palavras.

O CDS ainda ontem se estava a refazer da derrota eleitoral dos Açores, depois de ter perdido dois deputados. O eurodeputado e membro da comissão política do CDS Diogo Feio atribuiu a derrota a condicionalismos regionais, mas também ao contexto nacional e aos "sucessivos anúncios orçamentais".

Mas se oficialmente o partido optou pelo silêncio, dois deputados foram incapazes de deixar passar a referência à escassa "margem de manobra" para alterar o OE. "Qualquer orçamento tem margem para ser alterado no Parlamento. Negá-lo é negar o fundamento do parlamentarismo e do sistema democrático", escreveu o porta-voz do partido, João Almeida, no Facebook.

Outro deputado do CDS que, tal como Mesquita Nunes, está na comissão de Orçamento e Finanças também não se conteve naquela rede social: "Não esperem de mim que aceite que este Orçamento do Estado é, tal como está, inalterável. E terei oportunidade de o dizer directamente ao ministro das Finanças", escreveu.

PS garante "combate político"

No PS, o discurso centrou-se no "combate político". O principal partido da oposição optou por reagir à tentativa de restrição da margem de negociação expressa pelo ministro das Finanças: "Em democracia há sempre alternativa e só quem não percebe que, em democracia, a política é feita com todos e, em particular, com todos os representantes dos portugueses, é que pode fazer uma afirmação de que em sede parlamentar não há espaço para alterar o Orçamento", afirmou o dirigente socialista Eurico Dias.

Mas para o PS nada mudou em relação ao destino final do processo. O Orçamento é para votar contra. "Votar contra este Orçamento é a única alternativa possível", reiterou o secretário nacional.

Os argumentos para o voto contra foram dois: "Manifesta incompetência na preparação do diploma", além da "teimosia" que insiste "numa receita que gerou um falhanço colossal no Orçamento do Estado de 2012".

Mais à esquerda, PCP e BE concertaram posições para defender que este é o Orçamento de maior ataque fiscal da história da democracia portuguesa. O deputado comunista Honório Novo insistiu na tónica de "um verdadeiro assalto fiscal" e referiu-se sempre ao documento apresentado pelo ministro das Finanças como o "segundo Orçamento da troika".

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Honório Novo acusou a maior tentativa desde o 25 de Abril de promoção de um despedimento colectivo, referindo como alvos mais de 50% dos trabalhadores da Administração Pública e 20% do Sector Empresarial do Estado. O deputado do PCP criticou igualmente a "redução inaceitável" do Estado social. Destacou cortes de 1320 milhões na Educação, 600 milhões na Saúde, 100 milhões na Cultura e 1040 milhões nas prestações sociais. E deixou um paradoxo: "Tudo isso decorre com apenas um corte de 250 milhões nas parcerias público-privadas."

Já o bloquista Pedro Filipe Soares defendeu que este Governo não ouve o país, "insiste nas medidas que já foram chumbadas pelas pessoas", que já não têm como "apertar o cinto". O deputado do BE voltava assim a pedir a demissão do executivo, que apresenta ao país um Orçamento que viabiliza o terceiro ano consecutivo de aumento da recessão e o quinto de subida do desemprego.

O deputado José Luís Ferreira, de "Os Verdes", falou de um "verdadeiro massacre" às famílias feito por um Governo que insiste na mesma receita de austeridade.

Oficialmente, centristas não reagiram, mas dois deputados insurgiram-se contra declarações de Vítor Gaspar

O PSD não quer deixar o CDS sozinho no combate ao aumento da carga fiscal e ontem deixou uma mensagem bem clara ao parceiro de coligação. É que o aumento dos impostos também não está no ADN do partido liderado por Passos Coelho. O CDS, por seu turno, remeteu-se ao silêncio sobre o Orçamento do Estado, numa estratégia que parece ser útil ao incómodo interno.

O deputado do PSD Duarte Pacheco fez a defesa da tese de um orçamento difícil, mas necessário. "Infelizmente tem de ter esta carga fiscal, nem sequer corresponde às orientações ideológicas do PSD", disse o deputado da comissão de Orçamento e Finanças. "Todos nós desejávamos que a carga fiscal não tivesse o peso que tem, mas isso não é possível", disse, sublinhando que na hora da votação os deputados sociais-democratas "estarão ao lado do Governo".

A ideia de que um aumento de impostos não é uma opção ideológica responde directamente ao CDS, que se tem colocado como o partido que quer defender os contribuintes. Os centristas preferiram o silêncio ontem, com o argumento de que hoje ainda irão ouvir o ministro das Finanças na reunião conjunta com a bancada do PSD, no Parlamento. Mas a estratégia deve continuar a ser a da contenção nas palavras.

O CDS ainda ontem se estava a refazer da derrota eleitoral dos Açores, depois de ter perdido dois deputados. O eurodeputado e membro da comissão política do CDS Diogo Feio atribuiu a derrota a condicionalismos regionais, mas também ao contexto nacional e aos "sucessivos anúncios orçamentais".

Mas se oficialmente o partido optou pelo silêncio, dois deputados foram incapazes de deixar passar a referência à escassa "margem de manobra" para alterar o OE. "Qualquer orçamento tem margem para ser alterado no Parlamento. Negá-lo é negar o fundamento do parlamentarismo e do sistema democrático", escreveu o porta-voz do partido, João Almeida, no Facebook.

Outro deputado do CDS que, tal como Mesquita Nunes, está na comissão de Orçamento e Finanças também não se conteve naquela rede social: "Não esperem de mim que aceite que este Orçamento do Estado é, tal como está, inalterável. E terei oportunidade de o dizer directamente ao ministro das Finanças", escreveu.

PS garante "combate político"

No PS, o discurso centrou-se no "combate político". O principal partido da oposição optou por reagir à tentativa de restrição da margem de negociação expressa pelo ministro das Finanças: "Em democracia há sempre alternativa e só quem não percebe que, em democracia, a política é feita com todos e, em particular, com todos os representantes dos portugueses, é que pode fazer uma afirmação de que em sede parlamentar não há espaço para alterar o Orçamento", afirmou o dirigente socialista Eurico Dias.

Mas para o PS nada mudou em relação ao destino final do processo. O Orçamento é para votar contra. "Votar contra este Orçamento é a única alternativa possível", reiterou o secretário nacional.

Os argumentos para o voto contra foram dois: "Manifesta incompetência na preparação do diploma", além da "teimosia" que insiste "numa receita que gerou um falhanço colossal no Orçamento do Estado de 2012".

Mais à esquerda, PCP e BE concertaram posições para defender que este é o Orçamento de maior ataque fiscal da história da democracia portuguesa. O deputado comunista Honório Novo insistiu na tónica de "um verdadeiro assalto fiscal" e referiu-se sempre ao documento apresentado pelo ministro das Finanças como o "segundo Orçamento da troika".

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Honório Novo acusou a maior tentativa desde o 25 de Abril de promoção de um despedimento colectivo, referindo como alvos mais de 50% dos trabalhadores da Administração Pública e 20% do Sector Empresarial do Estado. O deputado do PCP criticou igualmente a "redução inaceitável" do Estado social. Destacou cortes de 1320 milhões na Educação, 600 milhões na Saúde, 100 milhões na Cultura e 1040 milhões nas prestações sociais. E deixou um paradoxo: "Tudo isso decorre com apenas um corte de 250 milhões nas parcerias público-privadas."

Já o bloquista Pedro Filipe Soares defendeu que este Governo não ouve o país, "insiste nas medidas que já foram chumbadas pelas pessoas", que já não têm como "apertar o cinto". O deputado do BE voltava assim a pedir a demissão do executivo, que apresenta ao país um Orçamento que viabiliza o terceiro ano consecutivo de aumento da recessão e o quinto de subida do desemprego.

O deputado José Luís Ferreira, de "Os Verdes", falou de um "verdadeiro massacre" às famílias feito por um Governo que insiste na mesma receita de austeridade.

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