Dias com árvores: Arruda da pedra partida

02-07-2011
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Asplenium ruta-muraria L.

Foi motivo de regozijo darmos de caras com este feto entre as fissuras das rochas onde foi esculpido o portentoso anfiteatro da Fórnea. Em Portugal, a arruda-dos-muros (Asplenium ruta-muraria) pouco se vê, e o maciço calcário do centro-oeste é talvez a zona do país que concentra maior número de populações; mas mesmo por lá nunca ela chega a ser vulgar. O seu pequeno tamanho e a especificidade do seu habitat fazem da busca uma prazenteira caça ao tesouro: sem ser trivial observá-la, é quase certo que a paciência há-de por fim ser gratificada. Bem mais difícil - embora mais compensador, visto que dá direito a prémio e tudo - parece ser encontrar a língua-cervina nalgum município do Grande Porto.

Noutros países europeus, um botânico amador que fizesse idêntica descoberta talvez se limitasse a encolher os ombros. A raridade não é uma medida universal, e o que é escasso num país pode ser abundante nos países vizinhos. Distribuindo-se por grande parte do hemisfério norte - Eurásia desde a Península Ibérica até à China, metade oeste da América do Norte, Marrocos -, a arruda-dos-muros é comum na Europa (mais no norte do que no sul) mas tida como vulnerável ou ameaçada nos EUA. Como indicam os seus nomes, ela não se limita a colonizar fendas de rochas calcárias, mas também aparece em muros, sobretudo os que levaram uma camada de argamassa.

As frondes da arruda-dos-muros são glabras, de cor verde-baça, atingem não mais que 15 cm de comprimento, e aparecem dispostas em tufos densos e emaranhados. Têm um formato peculiar, com três a cinco pares de pinas que se dividem, por sua vez, em duas a cinco pínulas de recorte romboidal. Com algum esforço de abstracção, concede-se que elas têm alguma semelhança com a folhagem da arruda-comum (Gruta graveolens), o que talvez explique as designações, tanto a científica como a vernácula, deste feto fissurícola.

(Fissurícola é uma daquelas palavras bonitas, não dicionarizadas, que os botânicos gostam de usar. Não é preciso ser-se muito perspicaz para lhe adivinhar o sentido. E, para dar bom uso ao vocábulo, assinalamos que na primeira foto aparece também o Ceterach officinarum, um feto não menos fissurícola do que o Asplenium ruta-muraria.)

Asplenium ruta-muraria L.

Foi motivo de regozijo darmos de caras com este feto entre as fissuras das rochas onde foi esculpido o portentoso anfiteatro da Fórnea. Em Portugal, a arruda-dos-muros (Asplenium ruta-muraria) pouco se vê, e o maciço calcário do centro-oeste é talvez a zona do país que concentra maior número de populações; mas mesmo por lá nunca ela chega a ser vulgar. O seu pequeno tamanho e a especificidade do seu habitat fazem da busca uma prazenteira caça ao tesouro: sem ser trivial observá-la, é quase certo que a paciência há-de por fim ser gratificada. Bem mais difícil - embora mais compensador, visto que dá direito a prémio e tudo - parece ser encontrar a língua-cervina nalgum município do Grande Porto.

Noutros países europeus, um botânico amador que fizesse idêntica descoberta talvez se limitasse a encolher os ombros. A raridade não é uma medida universal, e o que é escasso num país pode ser abundante nos países vizinhos. Distribuindo-se por grande parte do hemisfério norte - Eurásia desde a Península Ibérica até à China, metade oeste da América do Norte, Marrocos -, a arruda-dos-muros é comum na Europa (mais no norte do que no sul) mas tida como vulnerável ou ameaçada nos EUA. Como indicam os seus nomes, ela não se limita a colonizar fendas de rochas calcárias, mas também aparece em muros, sobretudo os que levaram uma camada de argamassa.

As frondes da arruda-dos-muros são glabras, de cor verde-baça, atingem não mais que 15 cm de comprimento, e aparecem dispostas em tufos densos e emaranhados. Têm um formato peculiar, com três a cinco pares de pinas que se dividem, por sua vez, em duas a cinco pínulas de recorte romboidal. Com algum esforço de abstracção, concede-se que elas têm alguma semelhança com a folhagem da arruda-comum (Gruta graveolens), o que talvez explique as designações, tanto a científica como a vernácula, deste feto fissurícola.

(Fissurícola é uma daquelas palavras bonitas, não dicionarizadas, que os botânicos gostam de usar. Não é preciso ser-se muito perspicaz para lhe adivinhar o sentido. E, para dar bom uso ao vocábulo, assinalamos que na primeira foto aparece também o Ceterach officinarum, um feto não menos fissurícola do que o Asplenium ruta-muraria.)

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