Viver no interior dá vida e em Mação ainda mais!

11-10-2015
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Já tinha um artigo praticamente pronto para publicar hoje no Expresso, mas depois de uma visita que fiz esta segunda-feira a algumas instituições do meu concelho, Mação, não resisti a escrever sobre um fator que me deixou extremamente orgulhoso: Mação é um dos três concelhos do país onde as pessoas vivem mais anos. Ou seja, tem um dos três melhores índices de longevidade. Quem vive em Mação vive mais tempo, vive mais e talvez viva melhor. Mas onde está a diferença relativamente aos concelhos onde se morre mais cedo? Não sei dar uma resposta completa a isto, mas uma coisa é certa: nada acontece por acaso.

Os dados de longevidade da população portuguesa fazem parte do portal PORDATA(2012) Municípios, uma base de dados com indicadores dos 308 municípios portugueses relativos, por exemplo, ao número de habitantes, às condições de vida e às finanças autárquicas. Celorico da Beira e o Corvo são os outros dois concelhos onde, ao que parece, a população tem acesso ao "elixir mágico da juventude".

Rede de apoio à 3ª idade faz a diferença

Mas concentremo-nos no exemplo que melhor conheço: Mação, no centro de Portugal. A esta performance não pode ser indiferente o facto de um dos centros de dia ou lar mais recentes ter já 25 anos (Aboboreira) e o outro a seguir ter 28 (Envendos). Apenas uma freguesia, das mais pequenas (Amêndoa), ainda não tem o seu centro a funcionar. As restantes freguesias têm os seus centros de dia ou lares, com idades entre 25 a 35 anos, com especial destaque para Cardigos que tem três e Mação que tem a maior unidade.

Há quase três décadas que aqui se aposta no apoio à terceira idade, na qualidade de vida e não obras para "eleitor ver". Como já referi, há coisas que não acontecem por acaso.

Mação tem cuidados de saúde ao domicílio há 15 anos

Este índice traz-me à memória uma visita que fiz, em 1998/99, a um projecto pioneiro desenvolvido por um médico local, Dr. Fernando Afoito, e que era apresentado ao então líder do PSD, Durão Barroso, como a "primeira unidade de cuidados continuados ao domicílio". Já lá vão 15 anos, quando médicos e enfermeiros começaram a ir a casa das pessoas nas aldeias. Há coisas que não acontecem por acaso e este índice é a prova disso mesmo.

Com estas instituições, com apoio social e médico ao domicílio, e com uma estratégia de rede tecida e coordenada pela autarquia, Mação conseguiu que através de mais condições, maior acompanhamento ao nível da nutrição, apoio médico, exercício físico, atividades lúdicas e culturais, as pessoas passassem a viver mais anos, com mais qualidade de vida, mais saúde e, sobretudo, mais felizes.

Em Mação não há "elefantes brancos"

Alguns dirão: essa autarquia deve estar toda endividada, povoada por "elefantes brancos" e falidos. Nada disso! Mação é exemplo de gestão como se pode comprovar pelo honroso lugar que ocupa no anuário financeiro dos municípios publicado pela OTOC.

Toda esta rede é resultado da iniciativa de diversas instituições sociais e privadas, de IPSS, das misericórdias, de um grande empenho das freguesias e, sobretudo, do esforço e apoio da Câmara Municipal de Mação (que teve a sorte e o engenho de ter três Presidentes com esta visão) e, obviamente, da confiança e colaboração de diversos governos, apesar de liderados por diferentes partidos, bem como por parte da comunidade local, que é fundamental em todo este processo. Mas nada disto era possível sem o esforço dos voluntários, dos dirigentes das várias instituições, dos cuidadores e técnicos que fazem parte destas instituições, dos doadores, dos técnicos da segurança social, dos enfermeiros e médicos que tanto se têm empenhado nesta obra que vale "vidas".

Obviamente que o bom ar que se respira, a qualidade da água, as temperaturas e o meio ambiente com pouca poluição são fatores importantes a somarem ao conjunto de características que explicam o índice.

No interior vive-se mais tempo

Há muitos outros concelhos e instituições por esse país fora que também são assim, sobretudo nas zonas do interior, onde a população é mais envelhecida, mas onde se vive cada vez melhor e durante mais anos. Permite-me esta constatação afirmar que uma oportunidade para estas regiões é atrair de volta os "seus" que migraram para o litoral, que agora, quando reformados, teriam muito melhor qualidade de vida no seu local de origem. É aí que agora encontram universidades sénior, bons cuidados de saúde, atividades culturais e recreativas mais baratas, estando hoje a muito menos tempo de Lisboa ou do Porto do que há 30 anos.

Se por outro lado olharmos para fatores económicos, facilmente constatamos que tem muito mais valor uma pensão de reforma de 1000 euros em Mação, ou no Sardoal, ou em Ferreira de Zêzere, do que uma pensão equivalente em Lisboa, onde é tudo mais caro. No interior não há filas de trânsito, as pessoas vivem a poucos minutos do local de trabalho, não há EMEL, não há perigo de deixar a porta no trinco, não se é impedido de ir trabalhar porque não há manifestações a cortar o trânsito.

1000 euros no interior significa mais poder de compra que em Lisboa

A título de exemplo, uma pessoa com 1000 euros pode fazer uma vida muito mais confortável em Mação com a mesma verba. Se decidirem regressar ao interior, o poder de compra destas pessoas é muito superior e pode fazer a diferença nestas zonas. Hoje muitos nórdicos reformados procuram Portugal para viver, chamam-nos a "Califórnia da Europa". Se assim é, o interior do nosso país será uma espécie de spa natural da confusão de Lisboa, onde se encontra uma qualidade de vida superior, mais perto da natureza e longe da poluição.

Esta não será a solução para combater o despovoamento do interior, mas é decerto um pilar fundamental para esse objetivo e a oportunidade para uma vida com mais qualidade. Nestas terras pode viver-se muito melhor, tanto jovens como menos jovens.

Já tinha um artigo praticamente pronto para publicar hoje no Expresso, mas depois de uma visita que fiz esta segunda-feira a algumas instituições do meu concelho, Mação, não resisti a escrever sobre um fator que me deixou extremamente orgulhoso: Mação é um dos três concelhos do país onde as pessoas vivem mais anos. Ou seja, tem um dos três melhores índices de longevidade. Quem vive em Mação vive mais tempo, vive mais e talvez viva melhor. Mas onde está a diferença relativamente aos concelhos onde se morre mais cedo? Não sei dar uma resposta completa a isto, mas uma coisa é certa: nada acontece por acaso.

Os dados de longevidade da população portuguesa fazem parte do portal PORDATA(2012) Municípios, uma base de dados com indicadores dos 308 municípios portugueses relativos, por exemplo, ao número de habitantes, às condições de vida e às finanças autárquicas. Celorico da Beira e o Corvo são os outros dois concelhos onde, ao que parece, a população tem acesso ao "elixir mágico da juventude".

Rede de apoio à 3ª idade faz a diferença

Mas concentremo-nos no exemplo que melhor conheço: Mação, no centro de Portugal. A esta performance não pode ser indiferente o facto de um dos centros de dia ou lar mais recentes ter já 25 anos (Aboboreira) e o outro a seguir ter 28 (Envendos). Apenas uma freguesia, das mais pequenas (Amêndoa), ainda não tem o seu centro a funcionar. As restantes freguesias têm os seus centros de dia ou lares, com idades entre 25 a 35 anos, com especial destaque para Cardigos que tem três e Mação que tem a maior unidade.

Há quase três décadas que aqui se aposta no apoio à terceira idade, na qualidade de vida e não obras para "eleitor ver". Como já referi, há coisas que não acontecem por acaso.

Mação tem cuidados de saúde ao domicílio há 15 anos

Este índice traz-me à memória uma visita que fiz, em 1998/99, a um projecto pioneiro desenvolvido por um médico local, Dr. Fernando Afoito, e que era apresentado ao então líder do PSD, Durão Barroso, como a "primeira unidade de cuidados continuados ao domicílio". Já lá vão 15 anos, quando médicos e enfermeiros começaram a ir a casa das pessoas nas aldeias. Há coisas que não acontecem por acaso e este índice é a prova disso mesmo.

Com estas instituições, com apoio social e médico ao domicílio, e com uma estratégia de rede tecida e coordenada pela autarquia, Mação conseguiu que através de mais condições, maior acompanhamento ao nível da nutrição, apoio médico, exercício físico, atividades lúdicas e culturais, as pessoas passassem a viver mais anos, com mais qualidade de vida, mais saúde e, sobretudo, mais felizes.

Em Mação não há "elefantes brancos"

Alguns dirão: essa autarquia deve estar toda endividada, povoada por "elefantes brancos" e falidos. Nada disso! Mação é exemplo de gestão como se pode comprovar pelo honroso lugar que ocupa no anuário financeiro dos municípios publicado pela OTOC.

Toda esta rede é resultado da iniciativa de diversas instituições sociais e privadas, de IPSS, das misericórdias, de um grande empenho das freguesias e, sobretudo, do esforço e apoio da Câmara Municipal de Mação (que teve a sorte e o engenho de ter três Presidentes com esta visão) e, obviamente, da confiança e colaboração de diversos governos, apesar de liderados por diferentes partidos, bem como por parte da comunidade local, que é fundamental em todo este processo. Mas nada disto era possível sem o esforço dos voluntários, dos dirigentes das várias instituições, dos cuidadores e técnicos que fazem parte destas instituições, dos doadores, dos técnicos da segurança social, dos enfermeiros e médicos que tanto se têm empenhado nesta obra que vale "vidas".

Obviamente que o bom ar que se respira, a qualidade da água, as temperaturas e o meio ambiente com pouca poluição são fatores importantes a somarem ao conjunto de características que explicam o índice.

No interior vive-se mais tempo

Há muitos outros concelhos e instituições por esse país fora que também são assim, sobretudo nas zonas do interior, onde a população é mais envelhecida, mas onde se vive cada vez melhor e durante mais anos. Permite-me esta constatação afirmar que uma oportunidade para estas regiões é atrair de volta os "seus" que migraram para o litoral, que agora, quando reformados, teriam muito melhor qualidade de vida no seu local de origem. É aí que agora encontram universidades sénior, bons cuidados de saúde, atividades culturais e recreativas mais baratas, estando hoje a muito menos tempo de Lisboa ou do Porto do que há 30 anos.

Se por outro lado olharmos para fatores económicos, facilmente constatamos que tem muito mais valor uma pensão de reforma de 1000 euros em Mação, ou no Sardoal, ou em Ferreira de Zêzere, do que uma pensão equivalente em Lisboa, onde é tudo mais caro. No interior não há filas de trânsito, as pessoas vivem a poucos minutos do local de trabalho, não há EMEL, não há perigo de deixar a porta no trinco, não se é impedido de ir trabalhar porque não há manifestações a cortar o trânsito.

1000 euros no interior significa mais poder de compra que em Lisboa

A título de exemplo, uma pessoa com 1000 euros pode fazer uma vida muito mais confortável em Mação com a mesma verba. Se decidirem regressar ao interior, o poder de compra destas pessoas é muito superior e pode fazer a diferença nestas zonas. Hoje muitos nórdicos reformados procuram Portugal para viver, chamam-nos a "Califórnia da Europa". Se assim é, o interior do nosso país será uma espécie de spa natural da confusão de Lisboa, onde se encontra uma qualidade de vida superior, mais perto da natureza e longe da poluição.

Esta não será a solução para combater o despovoamento do interior, mas é decerto um pilar fundamental para esse objetivo e a oportunidade para uma vida com mais qualidade. Nestas terras pode viver-se muito melhor, tanto jovens como menos jovens.

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