Ações de Passos Coelho no BES podem valer milhões...a Portugal

14-10-2015
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É hoje popular dizer que é urgente mudar de regime em Portugal, tal como já foi politicamente correto, e sobretudo símbolo de grande intelectualidade, dizer que temos de "mudar de paradigma". Cada vez mais me convenço que, salvo raras exceções, quem tanto fala nisso são os mesmos do status quo existente e que nos trouxe até aqui. Mas na verdade isso fica bem em qualquer discurso.

Há algo a mudar no regime

Na verdade, o regime, ou paradigma, muda-se com atitudes, com ações e não com chavões ou clichés. Escrevo isto depois da reação do Governo, e em particular do Primeiro-Ministro, ao caso BES, em que percebi que algo estava de facto a mudar na relação habitual entre o poder político e o poder económico.

O regime já não é o que era. Na verdade, e até há poucos anos, muitos tinham um temor reverencial em afrontar determinados interesses, e em particular, a banca: fosse o Banco de Portugal, o Ministro das Finanças ou o próprio Primeiro-Ministro. Curiosamente esta crise também permite separar as diferentes caras da Banca e, assim, o trigo do joio. Não vou mencionar exemplos, mas é bastante fácil verificar quem são os nomes sempre envolvidos nos diversos escândalos em Portugal... são sempre os mesmos.

As instituições aprenderam com os erros

Talvez seja sinal que os portugueses, e em particular, as suas instituições, aprenderam com os erros. Entre o caso BPN e o BES verificamos que a grande diferença está na ação do Banco de Portugal e na não intervenção do Governo. A própria esquerda, seja o PS ou o PCP e o Bloco, reagiu muito tarde e apenas após Passos Coelho ter dito que a CGD não iria investir no BES é que vieram exigir isso mesmo. Apenas alguns meses após o Banco de Portugal ter forçado várias alterações no universo GES/BES é que a oposição, e parte do país, deram conta que há muito o Banco de Portugal estava a preparar este cenário. Quando se deu a detenção de Ricardo Salgado muitos consideraram que tal ocorria porque o "homem" estava caído em desgraça...mas afinal a justiça estava era a funcionar e até as autoridades suíças, que muitos consideravam um paraíso legal, estavam também agora a colaborar.

Este caso e o próprio envolvimento da PT expuseram alguma da nossa pseudo-elite, que dá o pior exemplo à sociedade em geral. A teia de promiscuidade em que setores político, bancário e empresarial viveram nos últimos anos fica bem demonstrada neste caso mais recente onde também o papel da PT causa grande embaraço. São sempre os mesmos.

Cedo Passos sacudiu as pressões do BES

Talvez esta mudança de atitude só tivesse sido possível porque temos afinal um Primeiro-Ministro descomprometido, que não pertence às elites do costume, que nunca dependeu nem quis depender do BES, que em vários momentos soube sacudir (vide caso EDP) quem o tentou colocar debaixo do seu manto e que é, por isso, um homem livre. Não se deslumbra com nomes sonantes, não busca o populismo fácil e, ao contrário de muitos políticos com responsabilidades, já percebeu que o país tem mesmo que mudar de vida.

Democratizar a economia

Na sua caminhada para Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho falou muitas vezes numa tal "democratização da economia", o que muitos tiveram dificuldade em perceber o que era, sobretudo algumas elites acomodadas. Poucos terão percebido o significado desta sua intenção, mas agora e à luz destes acontecimentos, é útil recuperar da obscuridade as verdadeiras intenções de Passos. Pelos vistos, também a economia merece ser democratizada e não uma ditadura de alguns, sempre os mesmos. Afinal, a mobilidade social é um vetor fundamental da democracia e de uma sociedade sustentável.

Passos Coelho avisou ao que vinha

Na sua mensagem de Natal em 2012 Passos Coelho disse ao que vinha e que queria combater estruturas que "protegem núcleos de privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades" e exemplificando o que entendia por democratização da economia, o primeiro-ministro disse que queria que "o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na proteção do conforto económico".

Espero que não seja apenas uma exceção à regra, mas parece que finalmente as instituições perderam o pudor e o medo de afrontar os interesses instalados que trouxeram Portugal até aqui.

Salgado também não pode ser o único "culpado disto tudo"

P.s. Como pode parecer óbvio, o ex DTT (vulgo, Dono Disto Tudo) não pode ser o responsável "por isto tudo" tal como provavelmente também não seria de facto "o dono disto tudo". Com tantos administradores, tantas empresas do mesmo grupo, tantos supervisores, auditores etc, não podemos também aceitar que Ricardo Salgado seja o único responsável "por isto tudo". Isaltino Morais com as suas culpas que ninguém lhas tira, foi o bode expiatório dos autarcas corruptos, Vale e Azevedo dos Presidentes do Futebol...mas haveria por aí muitos cúmplices e semelhantes. Por mais culpado que seja Ricardo Salgado não será o único.

É hoje popular dizer que é urgente mudar de regime em Portugal, tal como já foi politicamente correto, e sobretudo símbolo de grande intelectualidade, dizer que temos de "mudar de paradigma". Cada vez mais me convenço que, salvo raras exceções, quem tanto fala nisso são os mesmos do status quo existente e que nos trouxe até aqui. Mas na verdade isso fica bem em qualquer discurso.

Há algo a mudar no regime

Na verdade, o regime, ou paradigma, muda-se com atitudes, com ações e não com chavões ou clichés. Escrevo isto depois da reação do Governo, e em particular do Primeiro-Ministro, ao caso BES, em que percebi que algo estava de facto a mudar na relação habitual entre o poder político e o poder económico.

O regime já não é o que era. Na verdade, e até há poucos anos, muitos tinham um temor reverencial em afrontar determinados interesses, e em particular, a banca: fosse o Banco de Portugal, o Ministro das Finanças ou o próprio Primeiro-Ministro. Curiosamente esta crise também permite separar as diferentes caras da Banca e, assim, o trigo do joio. Não vou mencionar exemplos, mas é bastante fácil verificar quem são os nomes sempre envolvidos nos diversos escândalos em Portugal... são sempre os mesmos.

As instituições aprenderam com os erros

Talvez seja sinal que os portugueses, e em particular, as suas instituições, aprenderam com os erros. Entre o caso BPN e o BES verificamos que a grande diferença está na ação do Banco de Portugal e na não intervenção do Governo. A própria esquerda, seja o PS ou o PCP e o Bloco, reagiu muito tarde e apenas após Passos Coelho ter dito que a CGD não iria investir no BES é que vieram exigir isso mesmo. Apenas alguns meses após o Banco de Portugal ter forçado várias alterações no universo GES/BES é que a oposição, e parte do país, deram conta que há muito o Banco de Portugal estava a preparar este cenário. Quando se deu a detenção de Ricardo Salgado muitos consideraram que tal ocorria porque o "homem" estava caído em desgraça...mas afinal a justiça estava era a funcionar e até as autoridades suíças, que muitos consideravam um paraíso legal, estavam também agora a colaborar.

Este caso e o próprio envolvimento da PT expuseram alguma da nossa pseudo-elite, que dá o pior exemplo à sociedade em geral. A teia de promiscuidade em que setores político, bancário e empresarial viveram nos últimos anos fica bem demonstrada neste caso mais recente onde também o papel da PT causa grande embaraço. São sempre os mesmos.

Cedo Passos sacudiu as pressões do BES

Talvez esta mudança de atitude só tivesse sido possível porque temos afinal um Primeiro-Ministro descomprometido, que não pertence às elites do costume, que nunca dependeu nem quis depender do BES, que em vários momentos soube sacudir (vide caso EDP) quem o tentou colocar debaixo do seu manto e que é, por isso, um homem livre. Não se deslumbra com nomes sonantes, não busca o populismo fácil e, ao contrário de muitos políticos com responsabilidades, já percebeu que o país tem mesmo que mudar de vida.

Democratizar a economia

Na sua caminhada para Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho falou muitas vezes numa tal "democratização da economia", o que muitos tiveram dificuldade em perceber o que era, sobretudo algumas elites acomodadas. Poucos terão percebido o significado desta sua intenção, mas agora e à luz destes acontecimentos, é útil recuperar da obscuridade as verdadeiras intenções de Passos. Pelos vistos, também a economia merece ser democratizada e não uma ditadura de alguns, sempre os mesmos. Afinal, a mobilidade social é um vetor fundamental da democracia e de uma sociedade sustentável.

Passos Coelho avisou ao que vinha

Na sua mensagem de Natal em 2012 Passos Coelho disse ao que vinha e que queria combater estruturas que "protegem núcleos de privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades" e exemplificando o que entendia por democratização da economia, o primeiro-ministro disse que queria que "o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na proteção do conforto económico".

Espero que não seja apenas uma exceção à regra, mas parece que finalmente as instituições perderam o pudor e o medo de afrontar os interesses instalados que trouxeram Portugal até aqui.

Salgado também não pode ser o único "culpado disto tudo"

P.s. Como pode parecer óbvio, o ex DTT (vulgo, Dono Disto Tudo) não pode ser o responsável "por isto tudo" tal como provavelmente também não seria de facto "o dono disto tudo". Com tantos administradores, tantas empresas do mesmo grupo, tantos supervisores, auditores etc, não podemos também aceitar que Ricardo Salgado seja o único responsável "por isto tudo". Isaltino Morais com as suas culpas que ninguém lhas tira, foi o bode expiatório dos autarcas corruptos, Vale e Azevedo dos Presidentes do Futebol...mas haveria por aí muitos cúmplices e semelhantes. Por mais culpado que seja Ricardo Salgado não será o único.

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