Fezas vai para o lugar de Brito e Brito para o lugar de Fezas. É a dança de cadeiras nas embaixadas

06-10-2015
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Ex-assessor diplomático de Cavaco vai ser embaixador em Washington. Cavaco parece estar contente, o PS não gosta das mudanças e o deputado do PSD Duarte Marques acusa os socialistas de partidarizarem a questão. Quem tem razão?

A menos de cinco meses do final do mandato, o Governo prepara-se para colocar 13 embaixadores em postos novos. Alguns deles, limitam-se a trocar de casa - ou melhor de missão diplomática - entre si. É o caso do atual embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito, que troca diretamente de posto e funções com Domingos Fezas Vital, ex-assessor diplomático de Cavaco, que está à frente da REPER desde 2012.

Brito foi conselheiro diplomático de Durão Barroso, quando este foi primeiro-ministro, e Fezas Vital assessor diplomático do atual Presidente no seu primeiro mandato. Fonte próxima do meio diplomático disse ao Expresso que esta troca tem o 'agrément' do chefe de Estado.

Os atuais embaixadores de Portugal em Berlim e na NATO também trocam de locais de trabalho entre si. Luís Almeida Sampaio, que na década de 1990 foi conselheiro diplomático do então comissário europeu João de Deus Pinheiro, vai para a NATO e João Mira Gomes, que foi secretário de Estado da Defesa no primeiro Governo de Sócrates, deixa este posto em Bruxelas para chefiar a Embaixada portuguesa na Alemanha.

O atual secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura - que chegou a ser dado como muito provável para a Embaixada de Portugal em Luanda - regressa à carreira diplomática como embaixador na Finlândia. O Expresso soube que para Angola, um país chave para a política externa portuguesa, segue o atual embaixador de Portugal no México, Caetano da Silva.

O "Diário Económico" escreve que a chefe de Gabinete de Paulo Portas, Madalena Fischer, "é apontada para a Embaixada de Portugal no Cairo".

Duarte Marques critica Seixas da Costa

A mudança de embaixadores em determinados postos está a gerar mal-estar entre o PSD e o maior partido da oposição, com o deputado social-democrata Duarte Marques a classificar de "profundamente lamentável" a posição do PS, num texto publicado no seu perfil do Facebook. Marques diz ainda que o PS se deixou "levar por Seixas da Costa acabando por quebrar o consenso político, a continuidade e o sentido de Estado que há muito caraterizam, e bem, a política externa portuguesa".

Ao Expresso, Seixas da Costa diz "as pessoas não estão em causa" nestas nomeações. "Algumas delas estão adequadas" aos postos que vão ocupar e são quadros "altamente qualificados. O que está em causa são as datas que o primeiro-ministro escolheu para fazer este movimento. Se o queria fazer", devia tê-lo feito "há um ano. É um problema de método", e de respeito pela tradição daquilo a que Seixas da Costa chama "diplomacia democrática".

Na origem desta polémica está um artigo do embaixador Seixas da Costa publicado no passado dia 28 de abril no "Diário Económico": "O que lá escrevi foi aquilo que penso", disse ao Expresso.

Machete argumenta que rotação é cíclica

A grande divergência entre o PSD e o PS está no 'timing' escolhido para a rotação. Se o PS argumenta que ela não deve ser feita a cinco meses do fim de mandato, sobretudo em postos chave para a política externa portuguesa como Berlim e Luanda, o gabinete de Rui Machete, argumenta que a "rotação do pessoal diplomático do MNE tem carácter permanente e corresponde às necessidades e prioridades da política externa, não tendo prazos fixos para a sua concretização".

Do ponto de vista institucional, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, cumpriu o 'protocolo'. Na véspera do 25 de abril, Machete reuniu com o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades da Assembleia da República, o socialista Sérgio Sousa Pinto, para lhe comunicar a intenção do Governo proceder à rotação de chefes de missão prevista para 2015.

O ministro dos Negócios Estrangeiros considera que no caso dos chefes de missão, a rotação "justifica-se também com a necessidade de obter previamente o assentimento das autoridades do Estado acreditador. Já este ano, foram colocados em posto cinco chefes de missão, concluindo processos que estavam a decorrer desde 2014", informou o gabinete de Machete.

Recorde-se que há um ano, o até então chefe de Gabinete de Passos Coelho, Francisco Ribeiro de Menezes, foi nomeado embaixador de Portugal em Espanha. Ribeiro de Menezes tinha trabalhado nos Gabinetes dos ex-ministros dos Negócios Estrangeiros socialistas, Jaime Gama e Luís Amado.

Passos Coelho abordou o tema esta terça-feira no debate quinzenal na Assembleia da República, dizendo que o movimento diplomático de chefes de missão, é um "procedimento perfeitamente normal, inclusivamente nos anos em que se realizam eleições". Na opinião do PS não é; pelo menos em vésperas de eleições.

Ex-assessor diplomático de Cavaco vai ser embaixador em Washington. Cavaco parece estar contente, o PS não gosta das mudanças e o deputado do PSD Duarte Marques acusa os socialistas de partidarizarem a questão. Quem tem razão?

A menos de cinco meses do final do mandato, o Governo prepara-se para colocar 13 embaixadores em postos novos. Alguns deles, limitam-se a trocar de casa - ou melhor de missão diplomática - entre si. É o caso do atual embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito, que troca diretamente de posto e funções com Domingos Fezas Vital, ex-assessor diplomático de Cavaco, que está à frente da REPER desde 2012.

Brito foi conselheiro diplomático de Durão Barroso, quando este foi primeiro-ministro, e Fezas Vital assessor diplomático do atual Presidente no seu primeiro mandato. Fonte próxima do meio diplomático disse ao Expresso que esta troca tem o 'agrément' do chefe de Estado.

Os atuais embaixadores de Portugal em Berlim e na NATO também trocam de locais de trabalho entre si. Luís Almeida Sampaio, que na década de 1990 foi conselheiro diplomático do então comissário europeu João de Deus Pinheiro, vai para a NATO e João Mira Gomes, que foi secretário de Estado da Defesa no primeiro Governo de Sócrates, deixa este posto em Bruxelas para chefiar a Embaixada portuguesa na Alemanha.

O atual secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura - que chegou a ser dado como muito provável para a Embaixada de Portugal em Luanda - regressa à carreira diplomática como embaixador na Finlândia. O Expresso soube que para Angola, um país chave para a política externa portuguesa, segue o atual embaixador de Portugal no México, Caetano da Silva.

O "Diário Económico" escreve que a chefe de Gabinete de Paulo Portas, Madalena Fischer, "é apontada para a Embaixada de Portugal no Cairo".

Duarte Marques critica Seixas da Costa

A mudança de embaixadores em determinados postos está a gerar mal-estar entre o PSD e o maior partido da oposição, com o deputado social-democrata Duarte Marques a classificar de "profundamente lamentável" a posição do PS, num texto publicado no seu perfil do Facebook. Marques diz ainda que o PS se deixou "levar por Seixas da Costa acabando por quebrar o consenso político, a continuidade e o sentido de Estado que há muito caraterizam, e bem, a política externa portuguesa".

Ao Expresso, Seixas da Costa diz "as pessoas não estão em causa" nestas nomeações. "Algumas delas estão adequadas" aos postos que vão ocupar e são quadros "altamente qualificados. O que está em causa são as datas que o primeiro-ministro escolheu para fazer este movimento. Se o queria fazer", devia tê-lo feito "há um ano. É um problema de método", e de respeito pela tradição daquilo a que Seixas da Costa chama "diplomacia democrática".

Na origem desta polémica está um artigo do embaixador Seixas da Costa publicado no passado dia 28 de abril no "Diário Económico": "O que lá escrevi foi aquilo que penso", disse ao Expresso.

Machete argumenta que rotação é cíclica

A grande divergência entre o PSD e o PS está no 'timing' escolhido para a rotação. Se o PS argumenta que ela não deve ser feita a cinco meses do fim de mandato, sobretudo em postos chave para a política externa portuguesa como Berlim e Luanda, o gabinete de Rui Machete, argumenta que a "rotação do pessoal diplomático do MNE tem carácter permanente e corresponde às necessidades e prioridades da política externa, não tendo prazos fixos para a sua concretização".

Do ponto de vista institucional, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, cumpriu o 'protocolo'. Na véspera do 25 de abril, Machete reuniu com o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades da Assembleia da República, o socialista Sérgio Sousa Pinto, para lhe comunicar a intenção do Governo proceder à rotação de chefes de missão prevista para 2015.

O ministro dos Negócios Estrangeiros considera que no caso dos chefes de missão, a rotação "justifica-se também com a necessidade de obter previamente o assentimento das autoridades do Estado acreditador. Já este ano, foram colocados em posto cinco chefes de missão, concluindo processos que estavam a decorrer desde 2014", informou o gabinete de Machete.

Recorde-se que há um ano, o até então chefe de Gabinete de Passos Coelho, Francisco Ribeiro de Menezes, foi nomeado embaixador de Portugal em Espanha. Ribeiro de Menezes tinha trabalhado nos Gabinetes dos ex-ministros dos Negócios Estrangeiros socialistas, Jaime Gama e Luís Amado.

Passos Coelho abordou o tema esta terça-feira no debate quinzenal na Assembleia da República, dizendo que o movimento diplomático de chefes de missão, é um "procedimento perfeitamente normal, inclusivamente nos anos em que se realizam eleições". Na opinião do PS não é; pelo menos em vésperas de eleições.

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