Mário Soares: o fóssil político com quem a JSD brinca!

14-10-2015
marcar artigo

1. Mário Soares voltou às suas intervenções acutilantes, após a famigerada carta dos esquerdistas. Dedicou um artigo inteiro num jornal diário a criticar o Primeiro-ministro Passos Coelho, clamando que "oxalá, fôssemos a Grécia!". Confirma-se que Mário Soares entende que o modo de fazer política hoje é igual ao modo de fazer política dos anos 40! É que Mário Soares, como político experiente que é, deveria saber que a comunicação social ia pegar na frase mais bombástica do seu artigo - o desejo de que o nosso país fosse como a Grécia. Qualquer português, ontem, colocou as mãos à cabeça e pensou: " se Mário Soares é a reserva moral da nossa democracia, então a nossa democracia está completamente arruinada! Altamente comprometida! Utilizando uma expressão da minha avó, a nossa democracia está completamente chéché!". Não houve ninguém que defendesse ou sequer concordasse com Mário Soares! Todos os portugueses ficaram banzados com as declarações de alguém que merece respeito institucional, sim, mas que já não pode ser levado a sério. Claro que o desejo grego de Soares foi escrito em tom irónico (podemos interpretar desta forma atendendo à globalidade do texto) - mas o que passa é que Mário Soares quer que Portuga fique igual à Grécia. Resta saber em quê: na violência? Na bancarrota? Na miséria extrema? Em quê? Devido à forma desastrada como exteriorizou a sua mensagem, Mário Soares perdeu uma excelente oportunidade de trazer para a discussão pública um ponto bastante interessante e pertinente: a total incapacidade, competência e argúcia política dos nossos governantes para fazer vingar as posições portuguesas ao nível dos órgãos da União Europeia. Pela forma desastrosa como Mário Soares colocou a questão, saiu ridicularizado e perdemos uma oportunidade para debater um tema muito, muito sério para o nosso futuro. Ontem, poderia ter sido um dia desastroso para Mário Soares. Poderia -mas não foi. Graças a Duarte Marques - a pele do líder vitalício do PS foi salva pelo Presidente da JSD. Soares fica a dever-lhe uma.

2. Com efeito, Duarte Marques mordeu o isco de Mário Soares - este último pretendia exatamente que alguém do PSD reagisse. Na verdade, Soares achava que as suas críticas a Passos Coelho iriam ser devastadoras para o chefe do executivo - e que o mundo político iria parar para as discutir. O feitiço virou-se contra o feiticeiro: um erro de comunicação tramou Soares, como já expliquei. Até Duarte Marques ter a ideia peregrina - absolutamente peregrina! - de aparecer com um comunicado a perguntar a Mário Soares " por que não te calas?". E a desafiar o ex-Presidente da República a abdicar dos benefícios fiscais e outras regalias que o Estado reconhece à sua Fundação. Neste último ponto, Duarte Marques tem razão e eu subscrevo - seria digno um ex-Presidente da República, face à situação crítica em que Portugal se encontra, abdicar das suas reformas e pensões vitalícias. Seria muito bonito! Contudo, este argumento pode ter um efeito boomerang para Duarte Marques: ´quanto aos auxílios do Estado à Fundação, por que razão o líder da JSD não pergunta ao Governo do PSD, nomeadamente a Passos Coelho ou a Miguel Relvas (com quem tem uma ligação próxima) qual o motivo pelo qual não tiveram coragem política para retirar tais benefícios? Se eles são tão escandalosos - e o Governo recentemente avaliou as fundações que recebem apoios estatais -, como explicar que o Governo não os tenha eliminado? Fica a pergunta.

2.1. Resultado de tudo isto: em vez de se discutir a frase louca de Mário Soares, passou a discutir-se a reação louca da JSD. Em vez de deixar que os portugueses se indignassem com a comparação absurda de Mário Soares - Duarte Marques deu a Mário Soares a possibilidade de sair como a vítima desrespeitada, coitadinha. E os portugueses, na sua generalidade, não gostaram do estilo do comunicado da JSD.

3. Termino hoje com o seguinte apontamento: eu sou militante da JSD. Tenho grande consideração pessoal por Duarte Marques: pessoa séria, competente, esforçada. Mas, Duarte Marques, tens de sair rapidamente da liderança da Juventude Social-Democrata, sob pena de a nossa "jota" perder todo o seu prestígio político. A JSD raramente aparece - e quando aparece é para defender Miguel Relvas ou bater num fóssil político queé, hoje, olimpicamente ignorado pelos portugueses. Assim não...

Email: politicoesfera@gmail.com

1. Mário Soares voltou às suas intervenções acutilantes, após a famigerada carta dos esquerdistas. Dedicou um artigo inteiro num jornal diário a criticar o Primeiro-ministro Passos Coelho, clamando que "oxalá, fôssemos a Grécia!". Confirma-se que Mário Soares entende que o modo de fazer política hoje é igual ao modo de fazer política dos anos 40! É que Mário Soares, como político experiente que é, deveria saber que a comunicação social ia pegar na frase mais bombástica do seu artigo - o desejo de que o nosso país fosse como a Grécia. Qualquer português, ontem, colocou as mãos à cabeça e pensou: " se Mário Soares é a reserva moral da nossa democracia, então a nossa democracia está completamente arruinada! Altamente comprometida! Utilizando uma expressão da minha avó, a nossa democracia está completamente chéché!". Não houve ninguém que defendesse ou sequer concordasse com Mário Soares! Todos os portugueses ficaram banzados com as declarações de alguém que merece respeito institucional, sim, mas que já não pode ser levado a sério. Claro que o desejo grego de Soares foi escrito em tom irónico (podemos interpretar desta forma atendendo à globalidade do texto) - mas o que passa é que Mário Soares quer que Portuga fique igual à Grécia. Resta saber em quê: na violência? Na bancarrota? Na miséria extrema? Em quê? Devido à forma desastrada como exteriorizou a sua mensagem, Mário Soares perdeu uma excelente oportunidade de trazer para a discussão pública um ponto bastante interessante e pertinente: a total incapacidade, competência e argúcia política dos nossos governantes para fazer vingar as posições portuguesas ao nível dos órgãos da União Europeia. Pela forma desastrosa como Mário Soares colocou a questão, saiu ridicularizado e perdemos uma oportunidade para debater um tema muito, muito sério para o nosso futuro. Ontem, poderia ter sido um dia desastroso para Mário Soares. Poderia -mas não foi. Graças a Duarte Marques - a pele do líder vitalício do PS foi salva pelo Presidente da JSD. Soares fica a dever-lhe uma.

2. Com efeito, Duarte Marques mordeu o isco de Mário Soares - este último pretendia exatamente que alguém do PSD reagisse. Na verdade, Soares achava que as suas críticas a Passos Coelho iriam ser devastadoras para o chefe do executivo - e que o mundo político iria parar para as discutir. O feitiço virou-se contra o feiticeiro: um erro de comunicação tramou Soares, como já expliquei. Até Duarte Marques ter a ideia peregrina - absolutamente peregrina! - de aparecer com um comunicado a perguntar a Mário Soares " por que não te calas?". E a desafiar o ex-Presidente da República a abdicar dos benefícios fiscais e outras regalias que o Estado reconhece à sua Fundação. Neste último ponto, Duarte Marques tem razão e eu subscrevo - seria digno um ex-Presidente da República, face à situação crítica em que Portugal se encontra, abdicar das suas reformas e pensões vitalícias. Seria muito bonito! Contudo, este argumento pode ter um efeito boomerang para Duarte Marques: ´quanto aos auxílios do Estado à Fundação, por que razão o líder da JSD não pergunta ao Governo do PSD, nomeadamente a Passos Coelho ou a Miguel Relvas (com quem tem uma ligação próxima) qual o motivo pelo qual não tiveram coragem política para retirar tais benefícios? Se eles são tão escandalosos - e o Governo recentemente avaliou as fundações que recebem apoios estatais -, como explicar que o Governo não os tenha eliminado? Fica a pergunta.

2.1. Resultado de tudo isto: em vez de se discutir a frase louca de Mário Soares, passou a discutir-se a reação louca da JSD. Em vez de deixar que os portugueses se indignassem com a comparação absurda de Mário Soares - Duarte Marques deu a Mário Soares a possibilidade de sair como a vítima desrespeitada, coitadinha. E os portugueses, na sua generalidade, não gostaram do estilo do comunicado da JSD.

3. Termino hoje com o seguinte apontamento: eu sou militante da JSD. Tenho grande consideração pessoal por Duarte Marques: pessoa séria, competente, esforçada. Mas, Duarte Marques, tens de sair rapidamente da liderança da Juventude Social-Democrata, sob pena de a nossa "jota" perder todo o seu prestígio político. A JSD raramente aparece - e quando aparece é para defender Miguel Relvas ou bater num fóssil político queé, hoje, olimpicamente ignorado pelos portugueses. Assim não...

Email: politicoesfera@gmail.com

marcar artigo