Opinião de Duarte Marques

05-05-2015
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Fomos abalroados por mais um massacre que ocorreu por motivos religiosos e de puro fanatismo político-religioso. Desta vez, no Quénia, onde 145 jovens universitários foram chacinados por reles sanguinários que apenas combatem à traição, contra civis indefesos, inocentes e sem qualquer justificação, como se justificação houvesse para a morte.

Não foi em Paris, nem em Madrid ou em Londres ... foi no Quénia, no coração de África, um país com 44 milhões de habitantes, diferentes religiões, com um sistema político que parece caminhar para uma democracia estável e que faz fronteira com países que são autênticos barris de pólvora como a Somália, o Uganda ou o Sudão do Sul. O Quénia será um dos países africanos com mais cristãos (aproximadamente 80%) e apenas cerca de 10% de muçulmanos, ao contrário de alguns países vizinhos, à exceção do Uganda.

Massacre longe dos nossos olhos

Há quem esteja chocado com a falta de solidariedade mediática com o Quénia, em comparação com o Charlie Ebdo, e não deixa de ser um embaraço verificar que a onda de solidariedade e indignação registada noutras ocasiões não aconteceu com este caso, nem com outros também recentes como os ocorridos na Nigéria. Não estão tão perto, não têm um rosto conhecido, mas são seres humanos e qualquer homem ou mulher, jovem ou menos jovem, que seja acrescentado à lista do terror só pode ser revoltante.

É fácil apontar o dedo à comunidade internacional, à falta de intervenção das Nações Unidas ou da União Europeia, mas não podemos esquecer o papel que a União Africana aqui deve e pode desempenhar, enquanto estrutura de coordenação de políticas entre os países africanos, como já tem feito em alguns cenários, de que é exemplo o caso da Somália.

Retaliação pela solidariedade internacional

Aliás, quando alguns reclamam mais presença da comunidade internacional, maior intervenção externa, só posso concordar e reforçar a necessidade de mais alianças internacionais e maior empenho de organizações como as Nações Unidas. Mas, neste momento, devo salientar o facto deste ataque ser precisamente a retaliação de um grupo terrorista contra a participação da comunidade internacional , neste caso do Quénia, por estar a intervir na Somália, para ajudar o governo somali a combater os terroristas do al-Shabab. Ou seja, esta chacina é uma retaliação de pura pressão psicológica sobre os países que demonstram a sua solidariedade no combate ao terrorismo, no combate contra grupos armados que colocam em causa a vida de milhares de inocentes apenas por fanatismo, religioso e político, desprovidos de quaisquer valores humanos ou morais.

Estes ataques a países que integram coligações internacionais de intervenção em países terceiros têm como principal objetivo perturbar a sua estabilidade interna, enfraquecer o apoio popular à intervenção para lá das suas fronteiras e dinamitar, aterrorizar, qual guerra psicológica, os cidadãos de países como o Quénia ou o Uganda, que participam em ações antiterrorismo.

Como fator diferenciador deste ataque cobarde, à semelhança dos restantes ataques terroristas do EI, da Al Qaeda ou do Boko Haram, que atacam inocentes e à traição, está o facto de nele participarem cidadãos quenianos e até um jovem de sucesso, aluno brilhante que não revelava, à partida, qualquer dificuldade de integração social. Era um jovem queniano mas de etnia somali.

Terrorismo é pura cobardia

Os fundamentos deste fanatismo não são traduzidos do Corão ou de qualquer valor religioso. Os supostos valores de que enfermam este tipo de ações são simplesmente a cobardia, a crueldade. Matar um inocente não é um ato de coragem, é um ato de cobardia. Matar alguém, por praticar outra religião, não é fanatismo, é burrice pura. Matar alguém que está desarmado e à traição não é ser valente, é ser medroso, é ser muito fraco, repito, é ser cobarde.

Este é o momento de afirmar, sem hesitações, que somos todos Charlie, mas também somos todos quenianos, somalis, afegãos e nigerianos. Somos todos solidários com as vítimas da barbárie, do fanatismo, da cobardia e do terrorismo.

Fomos abalroados por mais um massacre que ocorreu por motivos religiosos e de puro fanatismo político-religioso. Desta vez, no Quénia, onde 145 jovens universitários foram chacinados por reles sanguinários que apenas combatem à traição, contra civis indefesos, inocentes e sem qualquer justificação, como se justificação houvesse para a morte.

Não foi em Paris, nem em Madrid ou em Londres ... foi no Quénia, no coração de África, um país com 44 milhões de habitantes, diferentes religiões, com um sistema político que parece caminhar para uma democracia estável e que faz fronteira com países que são autênticos barris de pólvora como a Somália, o Uganda ou o Sudão do Sul. O Quénia será um dos países africanos com mais cristãos (aproximadamente 80%) e apenas cerca de 10% de muçulmanos, ao contrário de alguns países vizinhos, à exceção do Uganda.

Massacre longe dos nossos olhos

Há quem esteja chocado com a falta de solidariedade mediática com o Quénia, em comparação com o Charlie Ebdo, e não deixa de ser um embaraço verificar que a onda de solidariedade e indignação registada noutras ocasiões não aconteceu com este caso, nem com outros também recentes como os ocorridos na Nigéria. Não estão tão perto, não têm um rosto conhecido, mas são seres humanos e qualquer homem ou mulher, jovem ou menos jovem, que seja acrescentado à lista do terror só pode ser revoltante.

É fácil apontar o dedo à comunidade internacional, à falta de intervenção das Nações Unidas ou da União Europeia, mas não podemos esquecer o papel que a União Africana aqui deve e pode desempenhar, enquanto estrutura de coordenação de políticas entre os países africanos, como já tem feito em alguns cenários, de que é exemplo o caso da Somália.

Retaliação pela solidariedade internacional

Aliás, quando alguns reclamam mais presença da comunidade internacional, maior intervenção externa, só posso concordar e reforçar a necessidade de mais alianças internacionais e maior empenho de organizações como as Nações Unidas. Mas, neste momento, devo salientar o facto deste ataque ser precisamente a retaliação de um grupo terrorista contra a participação da comunidade internacional , neste caso do Quénia, por estar a intervir na Somália, para ajudar o governo somali a combater os terroristas do al-Shabab. Ou seja, esta chacina é uma retaliação de pura pressão psicológica sobre os países que demonstram a sua solidariedade no combate ao terrorismo, no combate contra grupos armados que colocam em causa a vida de milhares de inocentes apenas por fanatismo, religioso e político, desprovidos de quaisquer valores humanos ou morais.

Estes ataques a países que integram coligações internacionais de intervenção em países terceiros têm como principal objetivo perturbar a sua estabilidade interna, enfraquecer o apoio popular à intervenção para lá das suas fronteiras e dinamitar, aterrorizar, qual guerra psicológica, os cidadãos de países como o Quénia ou o Uganda, que participam em ações antiterrorismo.

Como fator diferenciador deste ataque cobarde, à semelhança dos restantes ataques terroristas do EI, da Al Qaeda ou do Boko Haram, que atacam inocentes e à traição, está o facto de nele participarem cidadãos quenianos e até um jovem de sucesso, aluno brilhante que não revelava, à partida, qualquer dificuldade de integração social. Era um jovem queniano mas de etnia somali.

Terrorismo é pura cobardia

Os fundamentos deste fanatismo não são traduzidos do Corão ou de qualquer valor religioso. Os supostos valores de que enfermam este tipo de ações são simplesmente a cobardia, a crueldade. Matar um inocente não é um ato de coragem, é um ato de cobardia. Matar alguém, por praticar outra religião, não é fanatismo, é burrice pura. Matar alguém que está desarmado e à traição não é ser valente, é ser medroso, é ser muito fraco, repito, é ser cobarde.

Este é o momento de afirmar, sem hesitações, que somos todos Charlie, mas também somos todos quenianos, somalis, afegãos e nigerianos. Somos todos solidários com as vítimas da barbárie, do fanatismo, da cobardia e do terrorismo.

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