Vantagem de PSD e CDS irem a eleições coligados? Os números

10-08-2015
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O cenário é este: junho de 2011, em vez de PSD e CDS se terem coligado depois de conhecidos os resultados das eleições, tinham-no feito antes, numa coligação pré-eleitoral. Se tivesse sido assim, e partindo do número de votos obtidos por cada partido individualmente há quatro anos, quem teria saído a ganhar? A coligação, que conseguia eleger mais cinco deputados. E quem saía a perder? O PS e o BE, que perdiam três e dois deputados, respetivamente.

Em Vila Real, por exemplo, círculo por onde Passos Coelho foi cabeça de lista, a hipotética coligação de direita teria roubado um deputado ao PS. E em Aveiro, por exemplo, círculo onde Paulo Portas encabeçou a lista dos centristas, a coligação teria roubado um deputado ao Bloco de Esquerda.

Mas vamos por partes. O que aqui se faz não é mais do que um exercício teórico de hipóteses matemáticas, feito com recurso a um simulador, mas como teria sido em 2011 se PSD e CDS tivessem ido a votos juntos? O PS, o PCP e o Bloco de Esquerda teriam eleito o mesmo número de deputados?

A resposta é não. Os socialistas teriam perdiam três deputados, passando de um total de 74 para 71 mandatos, o Bloco teria perdido dois, elegendo apenas seis em vez dos atuais oito deputados, e PSD e CDS ganhariam esses cinco deputados pendurados, passando assim a ter um total de 137 deputados no Parlamento, em vez dos atuais 132 (108 do PSD mais 24 do CDS). Já o PCP elegeria exatamente os mesmos 16 deputados, passando incólume a um cenário de coligação pré-eleitoral à direita.

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A vantagem de uma aliança pré-eleitoral parece ser precisamente essa: os números. Além de ser verdade que os números jogam a seu favor numa soma aritmética de duas partes, também é verdade que alguns deputados que foram eleitos à justa por outros partidos, acabariam por cair para o colo do partido maior, neste caso a coligação.

No total, teriam sido estes os resultados eleitorais em 2011, caso Passos e Portas tivessem optado por ir juntos às urnas:

Assim, feitas as contas, não só a coligação teria ganho mais deputados nos círculos onde tanto PSD como CDS conseguiram eleger mandatos (pela soma de ambos), como teria roubado cinco deputados a outros partidos: três ao PS, nos círculos dos Açores, Leiria e Vila Real, que são círculos relativamente pequenos e onde geralmente os partidos maiores conseguem eleger mais ou menos o mesmo número de deputados; e dois ao Bloco de Esquerda (um em Aveiro e outro em Faro, círculos maiores).

E aqui destaca-se uma curiosidade: nos distritos onde Passos Coelho e Paulo Portas foram cabeças de lista em 2011 – Vila Real e Aveiro -, a coligação teria conseguido ir buscar mais um deputado à oposição. Em Vila Real, o PSD conseguiu eleger três deputados e o PS dois (o CDS não elegeu nenhum), mas se os centristas e os sociais-democratas tivessem ido juntos às urnas então a coligação teria eleito quatro deputados e o PS ficaria apenas com um. O mesmo acontecia em Aveiro, mas prejudicando o Bloco de Esquerda: em 2011 o PS elegeu cinco deputados, o PSD oito, o CDS dois e o BE um, mas se PSD e CDS estivessem coligados, então o BE não teria conseguido eleger nenhum e a coligação passaria a eleger 11 mandatos.

Isto claro, partindo do princípio que os eleitores que votaram no PSD, em 2011, e os eleitores que votaram no CDS manteriam o seu voto se os dois tivessem corrido juntos naquela altura.

A conversão de votos em mandatos de deputados é feita através do método de Hondt, fórmula matemática que pega no bolo global dos votos e distribui as fatias pelos vários partidos, num esquema proporcional. É um dos principais métodos eleitorais utilizados nos países que têm um regime parlamentar de representação proporcional (em vez de um regime maioritário) e caracteriza-se basicamente por dividir o número de votos obtido por cada partido em cada círculo por 1, 2, 3, 4, e assim sucessivamente até serem apurados todos os mandatos a distribuir. É, por isso, um método que não permite que haja “restos” nas divisões, assegurando assim a distribuição proporcional.

Mas é também um método que é apontado como sendo favorável aos partidos maiores e à formação de coligações.

A distribuição detalhada dos deputados eleitos em 2011, por círculo eleitoral, seria a seguinte:

(Passe o rato por cima de cada distrito para ver os números):

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O cenário é este: junho de 2011, em vez de PSD e CDS se terem coligado depois de conhecidos os resultados das eleições, tinham-no feito antes, numa coligação pré-eleitoral. Se tivesse sido assim, e partindo do número de votos obtidos por cada partido individualmente há quatro anos, quem teria saído a ganhar? A coligação, que conseguia eleger mais cinco deputados. E quem saía a perder? O PS e o BE, que perdiam três e dois deputados, respetivamente.

Em Vila Real, por exemplo, círculo por onde Passos Coelho foi cabeça de lista, a hipotética coligação de direita teria roubado um deputado ao PS. E em Aveiro, por exemplo, círculo onde Paulo Portas encabeçou a lista dos centristas, a coligação teria roubado um deputado ao Bloco de Esquerda.

Mas vamos por partes. O que aqui se faz não é mais do que um exercício teórico de hipóteses matemáticas, feito com recurso a um simulador, mas como teria sido em 2011 se PSD e CDS tivessem ido a votos juntos? O PS, o PCP e o Bloco de Esquerda teriam eleito o mesmo número de deputados?

A resposta é não. Os socialistas teriam perdiam três deputados, passando de um total de 74 para 71 mandatos, o Bloco teria perdido dois, elegendo apenas seis em vez dos atuais oito deputados, e PSD e CDS ganhariam esses cinco deputados pendurados, passando assim a ter um total de 137 deputados no Parlamento, em vez dos atuais 132 (108 do PSD mais 24 do CDS). Já o PCP elegeria exatamente os mesmos 16 deputados, passando incólume a um cenário de coligação pré-eleitoral à direita.

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No total, teriam sido estes os resultados eleitorais em 2011, caso Passos e Portas tivessem optado por ir juntos às urnas:

Assim, feitas as contas, não só a coligação teria ganho mais deputados nos círculos onde tanto PSD como CDS conseguiram eleger mandatos (pela soma de ambos), como teria roubado cinco deputados a outros partidos: três ao PS, nos círculos dos Açores, Leiria e Vila Real, que são círculos relativamente pequenos e onde geralmente os partidos maiores conseguem eleger mais ou menos o mesmo número de deputados; e dois ao Bloco de Esquerda (um em Aveiro e outro em Faro, círculos maiores).

E aqui destaca-se uma curiosidade: nos distritos onde Passos Coelho e Paulo Portas foram cabeças de lista em 2011 – Vila Real e Aveiro -, a coligação teria conseguido ir buscar mais um deputado à oposição. Em Vila Real, o PSD conseguiu eleger três deputados e o PS dois (o CDS não elegeu nenhum), mas se os centristas e os sociais-democratas tivessem ido juntos às urnas então a coligação teria eleito quatro deputados e o PS ficaria apenas com um. O mesmo acontecia em Aveiro, mas prejudicando o Bloco de Esquerda: em 2011 o PS elegeu cinco deputados, o PSD oito, o CDS dois e o BE um, mas se PSD e CDS estivessem coligados, então o BE não teria conseguido eleger nenhum e a coligação passaria a eleger 11 mandatos.

Isto claro, partindo do princípio que os eleitores que votaram no PSD, em 2011, e os eleitores que votaram no CDS manteriam o seu voto se os dois tivessem corrido juntos naquela altura.

A conversão de votos em mandatos de deputados é feita através do método de Hondt, fórmula matemática que pega no bolo global dos votos e distribui as fatias pelos vários partidos, num esquema proporcional. É um dos principais métodos eleitorais utilizados nos países que têm um regime parlamentar de representação proporcional (em vez de um regime maioritário) e caracteriza-se basicamente por dividir o número de votos obtido por cada partido em cada círculo por 1, 2, 3, 4, e assim sucessivamente até serem apurados todos os mandatos a distribuir. É, por isso, um método que não permite que haja “restos” nas divisões, assegurando assim a distribuição proporcional.

Mas é também um método que é apontado como sendo favorável aos partidos maiores e à formação de coligações.

A distribuição detalhada dos deputados eleitos em 2011, por círculo eleitoral, seria a seguinte:

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