Cinema Notebook: The Forbidden Kingdom (2008)

01-07-2011
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A premissa de “O Reino Proibido” é tão simples como peculiar: Jason, um jovem rapaz de Boston, é apaixonado por Kung-Fu e cinema asiático. Dia após dia, quando sai das aulas vai a uma velha loja de ninharias chinesas para levar emprestado alguns filmes e falar de Bruce Lee com o experiente ancião que governa o sítio. Mas a sua pacata vida sofre um abanão quando, durante um assalto protagonizado por alguns rufias da sua escola, Jason e um bastão que se encontrava penhorado na loja acabam por ir parar subitamente à China medieval. De um momento para o outro, sem saber “ler nem escrever” (que é, como quem diz, sem saber combater nem defender-se), Jason terá que sobreviver a todos aqueles que reconhecem no bastão o símbolo maior de ameaça ao poder conquistado. Num universo que oscila entre “Dragon Ball” e “O Tigre e o Dragão”, começa a sua aventura para salvar o Rei Macaco.“O Reino Proibido” poderia muito bem ser a prosopopeia cinematográfica de uma valsa nobre composta por rappers. A personificação retórica pode parecer despropositada mas é facilmente identificada se tomarmos as belíssimas coreografias de acção asiáticas e as habituais artimanhas superficiais de Hollywood a nível de argumento como elementos base de diferenciação, que parecem não combinar em momento algum de forma eficaz. Nada de inesperado se tivermos em conta que tanto Jackie Chan como Jet Li são, enquanto actores, exemplos maiores da globalização artística que caracteriza e fundamenta a obra. Pena que, com uma cuidada campanha de Marketing que parecia prometer o melhor de dois mundos, os trunfos de “The Forbidden Kingdom” acabem por ser, inesperadamente, outros.O problema coloca-se então, para ser mais específico, ao nível do guionista e não da realização de Rob Minkoff – que tem em “O Rei Leão” o seu principal cartão de visita. A debilidade narrativa apresentada pelo norte-americano John Fusco esfola por completo as generosas pretensões da fita e levanta, desde já, uma outra questão: o que acontecerá ao remake norte-americano previsto para o próximo ano do mítico “The Seven Samurai”, de Akira Kurosawa? Não será, como diz o bom português, “areia a mais para o camião” de Fusco? Será que, uma vez mais, iremos estar perante todos os ingredientes necessários para um sucesso de bilheteira, mas quase nenhum para uma história coerente? Em suma, “O Reino Proibido” justifica um visionamento de todos os amantes das típicas e portentosas coreograficas de artes marciais asiáticas. Esperemos apenas que a jovem Yefei Liu – apenas vinte anos de idade – fique pela indústria cinematográfica e não volte tão cedo à esfera musical, onde ganhou renome e reputação: é que a sua presença imponente perante alguns monstros sagrados com quem partilhou a tela promete uma carreira caprichosa.


A premissa de “O Reino Proibido” é tão simples como peculiar: Jason, um jovem rapaz de Boston, é apaixonado por Kung-Fu e cinema asiático. Dia após dia, quando sai das aulas vai a uma velha loja de ninharias chinesas para levar emprestado alguns filmes e falar de Bruce Lee com o experiente ancião que governa o sítio. Mas a sua pacata vida sofre um abanão quando, durante um assalto protagonizado por alguns rufias da sua escola, Jason e um bastão que se encontrava penhorado na loja acabam por ir parar subitamente à China medieval. De um momento para o outro, sem saber “ler nem escrever” (que é, como quem diz, sem saber combater nem defender-se), Jason terá que sobreviver a todos aqueles que reconhecem no bastão o símbolo maior de ameaça ao poder conquistado. Num universo que oscila entre “Dragon Ball” e “O Tigre e o Dragão”, começa a sua aventura para salvar o Rei Macaco.“O Reino Proibido” poderia muito bem ser a prosopopeia cinematográfica de uma valsa nobre composta por rappers. A personificação retórica pode parecer despropositada mas é facilmente identificada se tomarmos as belíssimas coreografias de acção asiáticas e as habituais artimanhas superficiais de Hollywood a nível de argumento como elementos base de diferenciação, que parecem não combinar em momento algum de forma eficaz. Nada de inesperado se tivermos em conta que tanto Jackie Chan como Jet Li são, enquanto actores, exemplos maiores da globalização artística que caracteriza e fundamenta a obra. Pena que, com uma cuidada campanha de Marketing que parecia prometer o melhor de dois mundos, os trunfos de “The Forbidden Kingdom” acabem por ser, inesperadamente, outros.O problema coloca-se então, para ser mais específico, ao nível do guionista e não da realização de Rob Minkoff – que tem em “O Rei Leão” o seu principal cartão de visita. A debilidade narrativa apresentada pelo norte-americano John Fusco esfola por completo as generosas pretensões da fita e levanta, desde já, uma outra questão: o que acontecerá ao remake norte-americano previsto para o próximo ano do mítico “The Seven Samurai”, de Akira Kurosawa? Não será, como diz o bom português, “areia a mais para o camião” de Fusco? Será que, uma vez mais, iremos estar perante todos os ingredientes necessários para um sucesso de bilheteira, mas quase nenhum para uma história coerente? Em suma, “O Reino Proibido” justifica um visionamento de todos os amantes das típicas e portentosas coreograficas de artes marciais asiáticas. Esperemos apenas que a jovem Yefei Liu – apenas vinte anos de idade – fique pela indústria cinematográfica e não volte tão cedo à esfera musical, onde ganhou renome e reputação: é que a sua presença imponente perante alguns monstros sagrados com quem partilhou a tela promete uma carreira caprichosa.

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