Energia social
Bronislaw Misztal
19 Nov 2014
O que muitos na Europa questionam, ainda que implicitamente, é se a Ucrânia, um grande vizinho da Polónia, terá êxito no programa de reconstrução para tornar o país mais compatível com o Ocidente.
Porque caem as nações, porque é que têm sucesso? Economistas, primeiros-ministros, consultores políticos gostariam de ter uma resposta pronta. O problema pode ser dividido em dois: o que faz as pessoas terem sucesso ou desistirem, e o que garante ou não êxito às instituições? A Polónia, com um crescimento do PIB estimado em 3,3%, é um bom pano de fundo para avaliar o potencial de sucesso de outras nações, das suas sociedades (pessoas) e instituições (governos).
O que muitos na Europa questionam, ainda que implicitamente, é se a Ucrânia, um grande vizinho da Polónia, terá êxito no programa de reconstrução para tornar o país mais compatível com o Ocidente. Outra questão frequente é se os países que passaram por programas de tutela e de austeridade da ‘troika', e conseguiram posterior "autorização de saída", serão de fato capazes de se reconstruir e desenvolver. No entanto, outra pergunta que muitas empresas que investem no estrangeiro remoto se perguntam, é se as suas ideias corresponderão à capacidade dos países de se modernizar. Aprendendo com o exemplo da Polónia, não é uma má idéia, já que a combinação de fatores jogou a nosso favor. O sistema da Polónia pré 1989 caracterizava-se por instituições sociais que eram de extracção ou de exclusão.
Assumindo que a atividade económica é uma forma de geração de energia social, as instituições podem tomar esta energia, bloqueá-la, abafá-la ou dispersá-la. Ou, em alternativa, podem canalizar e amplificá-la, lançando, assim, as pessoas - os agentes económicos - num esquema inclusivo de ação. Há, é claro, dois tipos de intituições sociais: as económicas e as políticas. Enquanto as económicas abrem e amplificam a energia da sociedade, as políticas ainda impedem o caminho. Também as mudanças institucionais políticos precipitadas não são seguidas por decisões economicamente inclusivas. Nenhuma força externa, nem a UE, nem a ‘troika', pode impor consistência entre as duas. Impulsos políticos, como os movimentos sociais, podem permitir uma transformação simultânea em ambos os níveis. Faltando esse acordo nacional, é preciso tempo para encontrar uma janela de oportunidade. Em muitos países, há janelas que estão abertas, ainda que por um curto período de tempo.
Veneza é um bom exemplo de sucesso a curto prazo que, a longo prazo, tem sido ofuscada pelo papel restritivo do Gran Consiglio. Na Polónia conseguimos libertar energia social e criar condições propícias ao crescimento e ao investimento. Curiosamente, a Câmara de Comércio Polaca-Portuguesa tem mais de 200 membros regulares. O segredo do sucesso da Biedronka está na combinação de instituições inclusivas políticos e económicos. Vamos falar mais sobre o que fez a Polónia para ter sucesso na sessão especial da Universidade Católica, a 4 de dezembro de 2014.
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Energia social
Bronislaw Misztal
19 Nov 2014
O que muitos na Europa questionam, ainda que implicitamente, é se a Ucrânia, um grande vizinho da Polónia, terá êxito no programa de reconstrução para tornar o país mais compatível com o Ocidente.
Porque caem as nações, porque é que têm sucesso? Economistas, primeiros-ministros, consultores políticos gostariam de ter uma resposta pronta. O problema pode ser dividido em dois: o que faz as pessoas terem sucesso ou desistirem, e o que garante ou não êxito às instituições? A Polónia, com um crescimento do PIB estimado em 3,3%, é um bom pano de fundo para avaliar o potencial de sucesso de outras nações, das suas sociedades (pessoas) e instituições (governos).
O que muitos na Europa questionam, ainda que implicitamente, é se a Ucrânia, um grande vizinho da Polónia, terá êxito no programa de reconstrução para tornar o país mais compatível com o Ocidente. Outra questão frequente é se os países que passaram por programas de tutela e de austeridade da ‘troika', e conseguiram posterior "autorização de saída", serão de fato capazes de se reconstruir e desenvolver. No entanto, outra pergunta que muitas empresas que investem no estrangeiro remoto se perguntam, é se as suas ideias corresponderão à capacidade dos países de se modernizar. Aprendendo com o exemplo da Polónia, não é uma má idéia, já que a combinação de fatores jogou a nosso favor. O sistema da Polónia pré 1989 caracterizava-se por instituições sociais que eram de extracção ou de exclusão.
Assumindo que a atividade económica é uma forma de geração de energia social, as instituições podem tomar esta energia, bloqueá-la, abafá-la ou dispersá-la. Ou, em alternativa, podem canalizar e amplificá-la, lançando, assim, as pessoas - os agentes económicos - num esquema inclusivo de ação. Há, é claro, dois tipos de intituições sociais: as económicas e as políticas. Enquanto as económicas abrem e amplificam a energia da sociedade, as políticas ainda impedem o caminho. Também as mudanças institucionais políticos precipitadas não são seguidas por decisões economicamente inclusivas. Nenhuma força externa, nem a UE, nem a ‘troika', pode impor consistência entre as duas. Impulsos políticos, como os movimentos sociais, podem permitir uma transformação simultânea em ambos os níveis. Faltando esse acordo nacional, é preciso tempo para encontrar uma janela de oportunidade. Em muitos países, há janelas que estão abertas, ainda que por um curto período de tempo.
Veneza é um bom exemplo de sucesso a curto prazo que, a longo prazo, tem sido ofuscada pelo papel restritivo do Gran Consiglio. Na Polónia conseguimos libertar energia social e criar condições propícias ao crescimento e ao investimento. Curiosamente, a Câmara de Comércio Polaca-Portuguesa tem mais de 200 membros regulares. O segredo do sucesso da Biedronka está na combinação de instituições inclusivas políticos e económicos. Vamos falar mais sobre o que fez a Polónia para ter sucesso na sessão especial da Universidade Católica, a 4 de dezembro de 2014.