Nicolau Santos viu a luz. O Banco de Portugal também falha

21-11-2014
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Nicolau Santos viu a luz. O Banco de Portugal também falha

Nuno Melo

Ontem 00:05

Vítor Constâncio rumou a Frankfurt e ao BCE, substituído por Carlos Costa no Banco de Portugal. Tanto bastou para Nicolau Santos concluir a propósito do BES, que afinal atacar o polícia não tem mal e a supervisão também falha.

Há dias no Expresso, Nicolau Santos escrevia: "A tralha neoliberal tenta passar a ideia de que tudo o que é privado é sempre mais bem gerido e dará melhores resultados do que o sector público. Pois em boa verdade lhes digo que se devem ter esquecido (..) de casos como o BES, o BPN ou o BPP."

Não sou liberal, novo ou pretérito. Insisto em rever-me nas famílias democrata-cristã e conservadora europeias.

Mas ainda assim, Nicolau Santos não tem nenhuma razão.

BPN, BPP e BES foram e são casos de polícia que, no actual regime, conviveram com governos de todos os partidos que exerceram a função. Ao mesmo tempo, revelaram uma assustadora incapacidade do Estado exercer capazmente os mecanismos de supervisão, sem os quais as leis valem pouco. Um facto não invalida o outro.

Os socialistas nunca o entenderam e ao que parece, Nicolau Santos também não .

A supervisão do Banco de Portugal, não é boa ou má, dependendo do titular do cargo de Governador.

Em 2008 e 2009, na 1ª Comissão Parlamentar de Inquérito ao BPN, os socialistas preocuparam-se fundamentalmente com a politização dos trabalhos, tentando a ligação de responsáveis do BPN/SLN ao PSD. A esta estratégia, o percurso socialista do Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio ajudava pouco.

Exactamente por isso, de cada vez que um acto delinquente de gestão do BPN/SLN era revelado, calavam e aplaudiam. Mas se em causa estava a capacidade da supervisão, desculpavam ou negavam, por entenderem erradamente que a avaliação do Governador, equivalia à censura do partido.

Nicolau Santos validou sempre esta tese, na linha da frente no comentário defensivo ao supervisor. E em Setembro passado, a propósito do BES, dedicou-me gentilmente um título que dizia assim: "O Banco de Portugal falhou, Nuno Melo está caladinho e o governador não informou a CMVM".

Há títulos que são como espelhos. Revelam o autor ao mundo. No caso, mostrou que por vezes, Nicolau Santos não escreve opinião. Afirma ideologia.

Se em 2008 e 2009, enquanto deputado em funções numa comissão de inquérito sobre o BPN, interpelava e pedia explicações ao Governador sobre falhas na supervisão, Nicolau Santos via nisso um "massacre". E se exibia documentos que o demonstravam, reclamava do indecoroso ataque ao "polícia".

Entretanto, Vítor Constâncio rumou a Frankfurt e ao BCE, substituído por Carlos Costa no Banco de Portugal. Tanto bastou para Nicolau Santos concluir a propósito do BES, que afinal atacar o polícia não tem mal e a supervisão também falha. No caso, falhou e calou-se tanto, que em dois parágrafos de um único texto, o sublinhou seis vezes.

A motivação, inconfessada, percebe-se. Mas pelo menos teve uma vantagem.

Nicolau Santos viu a luz. O Banco de Portugal falha. O Banco de Portugal cala-se. Não pode é ser com Vítor Constâncio.

Nicolau Santos viu a luz. O Banco de Portugal também falha

Nuno Melo

Ontem 00:05

Vítor Constâncio rumou a Frankfurt e ao BCE, substituído por Carlos Costa no Banco de Portugal. Tanto bastou para Nicolau Santos concluir a propósito do BES, que afinal atacar o polícia não tem mal e a supervisão também falha.

Há dias no Expresso, Nicolau Santos escrevia: "A tralha neoliberal tenta passar a ideia de que tudo o que é privado é sempre mais bem gerido e dará melhores resultados do que o sector público. Pois em boa verdade lhes digo que se devem ter esquecido (..) de casos como o BES, o BPN ou o BPP."

Não sou liberal, novo ou pretérito. Insisto em rever-me nas famílias democrata-cristã e conservadora europeias.

Mas ainda assim, Nicolau Santos não tem nenhuma razão.

BPN, BPP e BES foram e são casos de polícia que, no actual regime, conviveram com governos de todos os partidos que exerceram a função. Ao mesmo tempo, revelaram uma assustadora incapacidade do Estado exercer capazmente os mecanismos de supervisão, sem os quais as leis valem pouco. Um facto não invalida o outro.

Os socialistas nunca o entenderam e ao que parece, Nicolau Santos também não .

A supervisão do Banco de Portugal, não é boa ou má, dependendo do titular do cargo de Governador.

Em 2008 e 2009, na 1ª Comissão Parlamentar de Inquérito ao BPN, os socialistas preocuparam-se fundamentalmente com a politização dos trabalhos, tentando a ligação de responsáveis do BPN/SLN ao PSD. A esta estratégia, o percurso socialista do Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio ajudava pouco.

Exactamente por isso, de cada vez que um acto delinquente de gestão do BPN/SLN era revelado, calavam e aplaudiam. Mas se em causa estava a capacidade da supervisão, desculpavam ou negavam, por entenderem erradamente que a avaliação do Governador, equivalia à censura do partido.

Nicolau Santos validou sempre esta tese, na linha da frente no comentário defensivo ao supervisor. E em Setembro passado, a propósito do BES, dedicou-me gentilmente um título que dizia assim: "O Banco de Portugal falhou, Nuno Melo está caladinho e o governador não informou a CMVM".

Há títulos que são como espelhos. Revelam o autor ao mundo. No caso, mostrou que por vezes, Nicolau Santos não escreve opinião. Afirma ideologia.

Se em 2008 e 2009, enquanto deputado em funções numa comissão de inquérito sobre o BPN, interpelava e pedia explicações ao Governador sobre falhas na supervisão, Nicolau Santos via nisso um "massacre". E se exibia documentos que o demonstravam, reclamava do indecoroso ataque ao "polícia".

Entretanto, Vítor Constâncio rumou a Frankfurt e ao BCE, substituído por Carlos Costa no Banco de Portugal. Tanto bastou para Nicolau Santos concluir a propósito do BES, que afinal atacar o polícia não tem mal e a supervisão também falha. No caso, falhou e calou-se tanto, que em dois parágrafos de um único texto, o sublinhou seis vezes.

A motivação, inconfessada, percebe-se. Mas pelo menos teve uma vantagem.

Nicolau Santos viu a luz. O Banco de Portugal falha. O Banco de Portugal cala-se. Não pode é ser com Vítor Constâncio.

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