PSD e PS retiram proposta de reposição das subvenções dos políticos

01-12-2014
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“Em nome do bom senso, os proponentes da proposta pedem que seja retirada”, anunciou Couto dos Santos, recebendo uma salva de palmas sobretudo da bancada do PSD. O deputado do PSD referiu o número da proposta de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para 2015, mas a Presidente da Assembleia da República voltou a pedir o número, causando estranheza na sala, dada a polémica em causa.

Mariana Mortágua, do BE, que pediu a avocação das propostas de alteração para permitir uma votação em plenário, apontou o dedo ao bloco central. “A votação de ontem [na especialidade] foi uma vergonha. Foi uma vergonha que PS e PSD tenham considerado que a prioridade política era repor pensões dos ex-políticos enquanto condenam pessoas a uma vida de pobreza. Não foi bom senso; foi um acto de má consciência”, afirmou, gerando protestos na bancada do PSD. “Acabou”, gritaram deputados sociais-democratas.

Em causa estava a proposta sobre o fim da suspensão do pagamento de subvenções vitalícias a antigos titulares de cargos políticos, abrangendo titulares anteriores a 2005 e com um rendimento médio mensal superior a dois mil euros, ainda que sujeita a uma contribuição extraordinária de 15% sobre o montante que exceda os 2000 euros.

"Vontade política não era aprovar a proposta", diz agora o PSD

Depois, o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, veio dizer que “a vontade política dos deputados da bancada parlamentar não era aprovar a proposta” e que a votação na especialidade de ontem “não reflectiu essa vontade”.

“Jamais poderia aceitar que uma proposta relevante como esta pudesse ser aprovada sem ter a vontade política dos deputados desta bancada. Foi esta maioria que suspendeu o pagamento de subvenções vitalícias”, afirmou.

“Quero aqui assumir integralmente a responsabilidade, como líder parlamentar do PSD, quer pela votação que ocorreu ontem na comissão de Orçamento e Finanças, quer pela circunstância de ter sido retirada a proposta por não corresponder à vontade política dos deputados do PSD”, acrescentou Montenegro.

Por explicar ficou o motivo pelo qual o deputado do PSD, Hugo Velosa, veio defender a proposta perante os jornalistas, ao final da tarde de quinta-feira.

Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, que se absteve na votação de ontem, assinalou isso mesmo. “O CDS não assinou a proposta, não votou a proposta. O CDS sempre teve noção que não é altura para reposições e regista que foi retirada. Creio que veio ao encontro do sentimento do país”, afirmou, lembrando que “foi por esta maioria que estas pensões foram suspensas e é por esta maioria que continuam”.

Lembrando que foi um Governo PS que acabou com a atribuição de novas subvenções, o socialista Vieira da Silva foi o único a defender com veemência a proposta subscrita pelo deputado da sua bancada, José Lello, em parceria com o social-democrata Couto dos Santos.

"Essa não é a prioridade do Partido Socialista", vincou Vieira da Silva, acrescentando: "Mas honramos a justiça e honramos aquilo que deve ser o critério de um estado de Direito - que é não atingir retroativamente as pessoas, sejam elas quem forem. Não é a nossa prioridade, mas é a nossa posição. Não foi a nossa proposta, mas iriamos honrá-la”, afirmou. Antes dirigira a sua intervenção para as "prioridades" do PS, como o combate à pobreza e à exclusão social.

Para o PCP, as subvenções vitalícias a ex-políticos "nunca deviram ter sido criadas", afirmou João Oliveira. O ecologista José Luís Ferreira lamentou ser preciso que a proposta fosse avocada a plenário, classificando-a como uma "provocação" aos reformados, pensionistas, funcionários públicos e desempregados. E defendeu que "se impõe" revogar definitivamente as subvenções.

Os dados mais recentes da Caixa Geral de Aposentações, a entidade que paga as subvenções vitalícias aos políticos, dão conta de 347 subvenções em 2013, que implicaram um valor global de 6,88 milhões de euros.

O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre o número de subvenções que foram reduzidas ou deixaram de ser pagas durante o ano de 2014, por causa da condição de recursos que está em vigor desde 1 de Janeiro, mas ainda não teve resposta.

Desde o início do ano, o valor das subvenções vitalícias passou a estar dependente dos rendimentos do beneficiário e do seu agregado familiar, apurado no ano anterior, mediante a apresentação da declaração de IRS. Se o rendimento for superior a dois mil euros (excluindo a subvenção), a prestação é suspensa. Nas restantes situações, fica limitada à diferença entre os dois mil euros e o rendimento (excluindo a subvenção).

No OE para 2015, o Governo mantinha a mesma formulação, mas uma proposta assinada por Couto do Santos e José Lello eliminava essa condição de recursos e sujeitava as subvenções acima de dois mil euros a uma contribuição de 15%, à semelhança do que acontecerá, no próximo ano, com os rendimentos de pensões acima de 4611 euros.

A proposta acabou por ser retirada, mantendo-se no próximo ano os cortes ou a eliminação destas subvenções, em função do rendimento dos seus beneficiários.

Miguel Macedo de regresso como deputado

No plenário desta sexta-feira de manhã, o ex-ministro Miguel Macedo retomou o seu lugar de deputado, para o qual foi eleito pelo círculo de Braga.

Sentado na penúltima fila ao lado de Fernando Negrão, Miguel Macedo foi cumprimentado por outros deputados da sua bancada (e também do CDS) e saudado pela presidente da Assembleia da República. Assunção Esteves deu as “boas vindas” ao ex-ministro, depois de ser anunciada a reentrada de Miguel Macedo e a saída de outro deputado do PSD.

Com Raquel Martins

“Em nome do bom senso, os proponentes da proposta pedem que seja retirada”, anunciou Couto dos Santos, recebendo uma salva de palmas sobretudo da bancada do PSD. O deputado do PSD referiu o número da proposta de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para 2015, mas a Presidente da Assembleia da República voltou a pedir o número, causando estranheza na sala, dada a polémica em causa.

Mariana Mortágua, do BE, que pediu a avocação das propostas de alteração para permitir uma votação em plenário, apontou o dedo ao bloco central. “A votação de ontem [na especialidade] foi uma vergonha. Foi uma vergonha que PS e PSD tenham considerado que a prioridade política era repor pensões dos ex-políticos enquanto condenam pessoas a uma vida de pobreza. Não foi bom senso; foi um acto de má consciência”, afirmou, gerando protestos na bancada do PSD. “Acabou”, gritaram deputados sociais-democratas.

Em causa estava a proposta sobre o fim da suspensão do pagamento de subvenções vitalícias a antigos titulares de cargos políticos, abrangendo titulares anteriores a 2005 e com um rendimento médio mensal superior a dois mil euros, ainda que sujeita a uma contribuição extraordinária de 15% sobre o montante que exceda os 2000 euros.

"Vontade política não era aprovar a proposta", diz agora o PSD

Depois, o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, veio dizer que “a vontade política dos deputados da bancada parlamentar não era aprovar a proposta” e que a votação na especialidade de ontem “não reflectiu essa vontade”.

“Jamais poderia aceitar que uma proposta relevante como esta pudesse ser aprovada sem ter a vontade política dos deputados desta bancada. Foi esta maioria que suspendeu o pagamento de subvenções vitalícias”, afirmou.

“Quero aqui assumir integralmente a responsabilidade, como líder parlamentar do PSD, quer pela votação que ocorreu ontem na comissão de Orçamento e Finanças, quer pela circunstância de ter sido retirada a proposta por não corresponder à vontade política dos deputados do PSD”, acrescentou Montenegro.

Por explicar ficou o motivo pelo qual o deputado do PSD, Hugo Velosa, veio defender a proposta perante os jornalistas, ao final da tarde de quinta-feira.

Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, que se absteve na votação de ontem, assinalou isso mesmo. “O CDS não assinou a proposta, não votou a proposta. O CDS sempre teve noção que não é altura para reposições e regista que foi retirada. Creio que veio ao encontro do sentimento do país”, afirmou, lembrando que “foi por esta maioria que estas pensões foram suspensas e é por esta maioria que continuam”.

Lembrando que foi um Governo PS que acabou com a atribuição de novas subvenções, o socialista Vieira da Silva foi o único a defender com veemência a proposta subscrita pelo deputado da sua bancada, José Lello, em parceria com o social-democrata Couto dos Santos.

"Essa não é a prioridade do Partido Socialista", vincou Vieira da Silva, acrescentando: "Mas honramos a justiça e honramos aquilo que deve ser o critério de um estado de Direito - que é não atingir retroativamente as pessoas, sejam elas quem forem. Não é a nossa prioridade, mas é a nossa posição. Não foi a nossa proposta, mas iriamos honrá-la”, afirmou. Antes dirigira a sua intervenção para as "prioridades" do PS, como o combate à pobreza e à exclusão social.

Para o PCP, as subvenções vitalícias a ex-políticos "nunca deviram ter sido criadas", afirmou João Oliveira. O ecologista José Luís Ferreira lamentou ser preciso que a proposta fosse avocada a plenário, classificando-a como uma "provocação" aos reformados, pensionistas, funcionários públicos e desempregados. E defendeu que "se impõe" revogar definitivamente as subvenções.

Os dados mais recentes da Caixa Geral de Aposentações, a entidade que paga as subvenções vitalícias aos políticos, dão conta de 347 subvenções em 2013, que implicaram um valor global de 6,88 milhões de euros.

O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre o número de subvenções que foram reduzidas ou deixaram de ser pagas durante o ano de 2014, por causa da condição de recursos que está em vigor desde 1 de Janeiro, mas ainda não teve resposta.

Desde o início do ano, o valor das subvenções vitalícias passou a estar dependente dos rendimentos do beneficiário e do seu agregado familiar, apurado no ano anterior, mediante a apresentação da declaração de IRS. Se o rendimento for superior a dois mil euros (excluindo a subvenção), a prestação é suspensa. Nas restantes situações, fica limitada à diferença entre os dois mil euros e o rendimento (excluindo a subvenção).

No OE para 2015, o Governo mantinha a mesma formulação, mas uma proposta assinada por Couto do Santos e José Lello eliminava essa condição de recursos e sujeitava as subvenções acima de dois mil euros a uma contribuição de 15%, à semelhança do que acontecerá, no próximo ano, com os rendimentos de pensões acima de 4611 euros.

A proposta acabou por ser retirada, mantendo-se no próximo ano os cortes ou a eliminação destas subvenções, em função do rendimento dos seus beneficiários.

Miguel Macedo de regresso como deputado

No plenário desta sexta-feira de manhã, o ex-ministro Miguel Macedo retomou o seu lugar de deputado, para o qual foi eleito pelo círculo de Braga.

Sentado na penúltima fila ao lado de Fernando Negrão, Miguel Macedo foi cumprimentado por outros deputados da sua bancada (e também do CDS) e saudado pela presidente da Assembleia da República. Assunção Esteves deu as “boas vindas” ao ex-ministro, depois de ser anunciada a reentrada de Miguel Macedo e a saída de outro deputado do PSD.

Com Raquel Martins

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