Funes, el memorioso: O sino de Vilar de Perdizes

03-07-2011
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Lavra uma acesa polémica entre o povo da aldeia transmontana de Vilar de Perdizes.O pároco, o Padre Fontes celebrizado pelos congressos sobre bruxaria e "medicina popular", resolveu parar os toques do sino da igreja durante a noite, alegadamente porque "a lei" proibe o seu toque entre as 22 horas e não sei que horas da madrugada, e também porque os turistas e os emigrantes que regressam de Verão àquelas remotas paragens "acham que não tem jeito nenhum" ouvir o clamor do sino durante a noite.Parte minoritária da população apoia esta revolucionária medida em nome do direito ao sossego e ao descanso nas horas mais profundas da noite.Mas outra parte da população, aparentemente maioritária e apoiada pela "Comissão Fabriqueira" da paróquia, defende a posição contrária e quer o sino a tocar as suas dolentes badaladas, "de quarto em quarto de hora" (!) e durante todo o dia e toda a noite, como sempre foi desde tempos imemoriais.Esta facção é, em grande parte, constituída pelos idosos da paróquia. O seu principal fundamento, além do apego à tradição, respeita à necessidade de muitos idosos, que não têm relógio "nem sabem ver as horas" (sic), se regularem pelas badaladas do sino para tomarem os seus medicamentos durante a noite. Quanto aos que exigem silêncio em nome da sua necessidade de descanso nocturno, alvitrou um dos idosos da facção "pró-sino" que tapassem os ouvidos com os cobertores (sic!).Espero que esta guerra de costumes se resolva com bom senso (talvez manter o sino a tocar, mas só de hora a hora).Do mais célebre dos romances de Ernest Hemingway só se aproveita o título que, aliás, tomou de empréstimo a John Donne; e aqui não ficará mal relembrar a todos os paroquianos de Vilar de Perdizes essa conseguida máxima: "Não perguntes por quem os sinos dobram: eles dobram por ti".


Lavra uma acesa polémica entre o povo da aldeia transmontana de Vilar de Perdizes.O pároco, o Padre Fontes celebrizado pelos congressos sobre bruxaria e "medicina popular", resolveu parar os toques do sino da igreja durante a noite, alegadamente porque "a lei" proibe o seu toque entre as 22 horas e não sei que horas da madrugada, e também porque os turistas e os emigrantes que regressam de Verão àquelas remotas paragens "acham que não tem jeito nenhum" ouvir o clamor do sino durante a noite.Parte minoritária da população apoia esta revolucionária medida em nome do direito ao sossego e ao descanso nas horas mais profundas da noite.Mas outra parte da população, aparentemente maioritária e apoiada pela "Comissão Fabriqueira" da paróquia, defende a posição contrária e quer o sino a tocar as suas dolentes badaladas, "de quarto em quarto de hora" (!) e durante todo o dia e toda a noite, como sempre foi desde tempos imemoriais.Esta facção é, em grande parte, constituída pelos idosos da paróquia. O seu principal fundamento, além do apego à tradição, respeita à necessidade de muitos idosos, que não têm relógio "nem sabem ver as horas" (sic), se regularem pelas badaladas do sino para tomarem os seus medicamentos durante a noite. Quanto aos que exigem silêncio em nome da sua necessidade de descanso nocturno, alvitrou um dos idosos da facção "pró-sino" que tapassem os ouvidos com os cobertores (sic!).Espero que esta guerra de costumes se resolva com bom senso (talvez manter o sino a tocar, mas só de hora a hora).Do mais célebre dos romances de Ernest Hemingway só se aproveita o título que, aliás, tomou de empréstimo a John Donne; e aqui não ficará mal relembrar a todos os paroquianos de Vilar de Perdizes essa conseguida máxima: "Não perguntes por quem os sinos dobram: eles dobram por ti".

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