Funes, el memorioso: Apesar de tudo, vivemos no melhor dos mundos possíveis

03-07-2011
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Don't ask, don´t tell.John Alexander Nicholson, 21 anos, militar brilhante, poliglota, "pessoa honesta e credível" (nas palavras da juíza Virginia A. Phillips), homossexual. Temendo que esta última e circunstancial faceta anule as outras no juízo conservador dos chefões do Pentágono e acabe expulso do exército dos Estados Unidos, John decide escrever uma carta de amor ao seu namorado num idioma incomum, dos muitos que domina. Elege o português. O estratagema falha. É apanhado e expulso das Forças Armadas. O caso acaba (com outros) em tribunal.O jornal "Público" dava ontem conta desta triste história. Não li a notícia até ao fim. Ignoro o seu desfecho. Pouco importa, o essencial já ficou dito: o português continua a ser (como o é, pelo menos, desde Dom Dinis, dos poetas do cancioneiro e de Camões) o idioma universal do amor. Sempre que o conseguem, os amantes, quando amam, amam em português.Que isto seja assim e que, entre nós, se tenha abolido, há 143 anos, o espectáculo cruel, bárbaro e indecoroso do homicídio ordenado pelo Estado, comum em grande parte do mundo contemporâneo, prova - para lá de toda a dúvida - que, quando deixamos os problemas comezinhos e irrelevantes dos desequilíbrios orçamentais e nos centramos na essência das coisas, estamos, em termos civilizacionais, anos luz à frente dos países mais avançados do mundo.Ainda bem que sou português.


Don't ask, don´t tell.John Alexander Nicholson, 21 anos, militar brilhante, poliglota, "pessoa honesta e credível" (nas palavras da juíza Virginia A. Phillips), homossexual. Temendo que esta última e circunstancial faceta anule as outras no juízo conservador dos chefões do Pentágono e acabe expulso do exército dos Estados Unidos, John decide escrever uma carta de amor ao seu namorado num idioma incomum, dos muitos que domina. Elege o português. O estratagema falha. É apanhado e expulso das Forças Armadas. O caso acaba (com outros) em tribunal.O jornal "Público" dava ontem conta desta triste história. Não li a notícia até ao fim. Ignoro o seu desfecho. Pouco importa, o essencial já ficou dito: o português continua a ser (como o é, pelo menos, desde Dom Dinis, dos poetas do cancioneiro e de Camões) o idioma universal do amor. Sempre que o conseguem, os amantes, quando amam, amam em português.Que isto seja assim e que, entre nós, se tenha abolido, há 143 anos, o espectáculo cruel, bárbaro e indecoroso do homicídio ordenado pelo Estado, comum em grande parte do mundo contemporâneo, prova - para lá de toda a dúvida - que, quando deixamos os problemas comezinhos e irrelevantes dos desequilíbrios orçamentais e nos centramos na essência das coisas, estamos, em termos civilizacionais, anos luz à frente dos países mais avançados do mundo.Ainda bem que sou português.

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