No dia 14 de Setembro de 2005, a propósito da nomeação de Guilherme Oliveira Martins para o cargo de Presidente do Tribunal de Contas, escrevi aqui: há uma contradição insanável entre ser honesto e íntegro e aceitar ser nomeado pelo patrão, para um cargo que visa o controle desse mesmo patrão, com isenção e independência. Um tipo íntegro e honesto, exercendo o cargo de vice-presidente da bancada parlamentar do Governo e sendo o seu porta-voz para política financeira, recusaria liminarmente o convite, para presidir a um órgão que têm por missão, precisamente, controlar os actos financeiros do Governo.Hoje, estão à vista as consequências deste pecado original do juiz Oliveira Martins.Cada acto de fiscalização do Tribunal de Contas relativo à actividade governativa tornou-se uma fonte geradora de polémica. Polémica que decorre invariavelmente do excesso de zelo do seu Presidente. Para ele, mais do que a normal fiscalização que compete ao Tribunal de Contas, o que acima de tudo está em causa, sempre, é a demonstração da sua isenção e independência; a demonstração de que ter sido nomeado pelo chefe não o impede agora de ser absolutamente implacável com esse mesmo chefe. É a confissão final de Guilherme Oliveira Martins de que tem consciência de que não devia ter aceite o cargo.À frente do Tribunal de Contas tem que estar um indivíduo sério, honesto, competente, isento e independente. Não, alguém que, marcado pelo remorso do pecado venial da indevida nomeação, tenha agora, a cada passo, que vir demonstrar que possui aquelas qualidades.Não sou suspeito de morrer de amores pelo actual governo.-PS - Não ignoro que a regra diz que com os auxiliares "ter" e "haver" se usa normalmente a forma regular do particípio passado e com os verbos "ser" e "estar", a forma irregular. Não ignoro que esta regra tem excepções. Ignoro se o verbo "aceitar" é uma delas. Por puras razões de eufonia, optei por: "É a confissão final de Guilherme Oliveira Martins de que tem consciência de que não devia ter aceite o cargo". Não sei se não devia ter escrito "aceitado".
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No dia 14 de Setembro de 2005, a propósito da nomeação de Guilherme Oliveira Martins para o cargo de Presidente do Tribunal de Contas, escrevi aqui: há uma contradição insanável entre ser honesto e íntegro e aceitar ser nomeado pelo patrão, para um cargo que visa o controle desse mesmo patrão, com isenção e independência. Um tipo íntegro e honesto, exercendo o cargo de vice-presidente da bancada parlamentar do Governo e sendo o seu porta-voz para política financeira, recusaria liminarmente o convite, para presidir a um órgão que têm por missão, precisamente, controlar os actos financeiros do Governo.Hoje, estão à vista as consequências deste pecado original do juiz Oliveira Martins.Cada acto de fiscalização do Tribunal de Contas relativo à actividade governativa tornou-se uma fonte geradora de polémica. Polémica que decorre invariavelmente do excesso de zelo do seu Presidente. Para ele, mais do que a normal fiscalização que compete ao Tribunal de Contas, o que acima de tudo está em causa, sempre, é a demonstração da sua isenção e independência; a demonstração de que ter sido nomeado pelo chefe não o impede agora de ser absolutamente implacável com esse mesmo chefe. É a confissão final de Guilherme Oliveira Martins de que tem consciência de que não devia ter aceite o cargo.À frente do Tribunal de Contas tem que estar um indivíduo sério, honesto, competente, isento e independente. Não, alguém que, marcado pelo remorso do pecado venial da indevida nomeação, tenha agora, a cada passo, que vir demonstrar que possui aquelas qualidades.Não sou suspeito de morrer de amores pelo actual governo.-PS - Não ignoro que a regra diz que com os auxiliares "ter" e "haver" se usa normalmente a forma regular do particípio passado e com os verbos "ser" e "estar", a forma irregular. Não ignoro que esta regra tem excepções. Ignoro se o verbo "aceitar" é uma delas. Por puras razões de eufonia, optei por: "É a confissão final de Guilherme Oliveira Martins de que tem consciência de que não devia ter aceite o cargo". Não sei se não devia ter escrito "aceitado".