Era evidente que na Capela Sistina se iam digladiar as duas tendências que neste momentam marcam a Igreja Católica Romana: a tradicionalista e conservadora, de direita, e a liberal progressista, de esquerda (digamos assim, para usar uma classificação simplista, mas funcional).Era evidente também que, depois dos anos ímpares e carismáticos de João Paulo II, o novo Papa, para se afirmar, e fosse qual fosse a sua tendência, tinha que se apresentar como um Papa alternativo que, desde o início e tanto quanto possível, se demarcasse inequivocamente de Karol Wojtyla. Tinha que ser um Papa com um discurso radicalmente novo e um projecto claramente distinto, de forma a evitar a permanente (e necessariamente desfavorável) comparação com o seu antecessor.Manifestamente, a direita não alcançou tal desiderato. Joseph Ratzinger, pese embora a sua superior cultura e inteligência, é apenas a continuidade. E a pior das continuidades: a continuidade do número dois, a continuidade inconsequente do delfim. Agravada, ainda por cima, por ser uma continuidade sem esperança, atenta a idade avançada do eleito.O verdadeiro combate não se travou. A solução encontrada é meramente provisória, à espera que o tempo force as autênticas decisões. Por isso mesmo, uma solução que a todos, direita e esquerda, decepcionou. Seja como for, embora aparentemente ganhadora desta batalha intercalar, ao revelar-se incapaz de apresentar um candidato genuinamente novo e alternativo, a direita surge sem a força da novidade. Tão só a resistir.Na verdade, começou já a perder a guerra. Os ventos vão soprar à esquerda.
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Era evidente que na Capela Sistina se iam digladiar as duas tendências que neste momentam marcam a Igreja Católica Romana: a tradicionalista e conservadora, de direita, e a liberal progressista, de esquerda (digamos assim, para usar uma classificação simplista, mas funcional).Era evidente também que, depois dos anos ímpares e carismáticos de João Paulo II, o novo Papa, para se afirmar, e fosse qual fosse a sua tendência, tinha que se apresentar como um Papa alternativo que, desde o início e tanto quanto possível, se demarcasse inequivocamente de Karol Wojtyla. Tinha que ser um Papa com um discurso radicalmente novo e um projecto claramente distinto, de forma a evitar a permanente (e necessariamente desfavorável) comparação com o seu antecessor.Manifestamente, a direita não alcançou tal desiderato. Joseph Ratzinger, pese embora a sua superior cultura e inteligência, é apenas a continuidade. E a pior das continuidades: a continuidade do número dois, a continuidade inconsequente do delfim. Agravada, ainda por cima, por ser uma continuidade sem esperança, atenta a idade avançada do eleito.O verdadeiro combate não se travou. A solução encontrada é meramente provisória, à espera que o tempo force as autênticas decisões. Por isso mesmo, uma solução que a todos, direita e esquerda, decepcionou. Seja como for, embora aparentemente ganhadora desta batalha intercalar, ao revelar-se incapaz de apresentar um candidato genuinamente novo e alternativo, a direita surge sem a força da novidade. Tão só a resistir.Na verdade, começou já a perder a guerra. Os ventos vão soprar à esquerda.