"Não tenho uma visão optimista do povo."Vital Moreira-Tenho para mim que o que essencialmente distingue a esquerda da direita não é, nem de perto nem de longe, o combate ou a defesa do capitalismo. Pode-se ser de direita e radicalmente anticapitalista (o fascismo inicial era-o) e pode-se ser de extrema esquerda e profundamente burguês (Francisco Louçã e Miguel Portas provam-no, para lá de toda a dúvida). O que distingue a esquerda da direita é o pessimismo antropológico desta, por contraposição ao optimismo confiante daquela.A esquerda acredita na bondade natural do homem e, por conseguinte, em amanhãs felizes e radiosos. A direita sabe que o ser humano é um selvagem que, entregue a si mesmo e sem freio, imediatamente libertará os seus instintos primários e predadores. A esquerda acredita no progresso moral; a direita, não. A esquerda acredita, p. ex., que a abolição da escravatura prova uma vitória ética da humanidade. A direita, céptica, não reconhece nessa abolição senão a vitória da revolução industrial e da tecnologia.A afirmação proferida na quarta-feira pelo Doutor Vital Moreira, na conferência "Democracia ou Demagogia" promovida pela Associação de Professores de Filosofia, é a afirmação de um homem inteligente. Mas é também a afirmação de um homem de direita.Bem vindo, Mr. Moreira.
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"Não tenho uma visão optimista do povo."Vital Moreira-Tenho para mim que o que essencialmente distingue a esquerda da direita não é, nem de perto nem de longe, o combate ou a defesa do capitalismo. Pode-se ser de direita e radicalmente anticapitalista (o fascismo inicial era-o) e pode-se ser de extrema esquerda e profundamente burguês (Francisco Louçã e Miguel Portas provam-no, para lá de toda a dúvida). O que distingue a esquerda da direita é o pessimismo antropológico desta, por contraposição ao optimismo confiante daquela.A esquerda acredita na bondade natural do homem e, por conseguinte, em amanhãs felizes e radiosos. A direita sabe que o ser humano é um selvagem que, entregue a si mesmo e sem freio, imediatamente libertará os seus instintos primários e predadores. A esquerda acredita no progresso moral; a direita, não. A esquerda acredita, p. ex., que a abolição da escravatura prova uma vitória ética da humanidade. A direita, céptica, não reconhece nessa abolição senão a vitória da revolução industrial e da tecnologia.A afirmação proferida na quarta-feira pelo Doutor Vital Moreira, na conferência "Democracia ou Demagogia" promovida pela Associação de Professores de Filosofia, é a afirmação de um homem inteligente. Mas é também a afirmação de um homem de direita.Bem vindo, Mr. Moreira.