Tenho para mim que os nomes de ruas, pontes, avenidas, aeroportos, equipamentos urbanos em geral devem ser escolhidos entre as segundas figuras da nação; não entre os grandes heróis que toda a gente conhece.Ninguém ignora quem foi Afonso Henriques, Camões, Vasco da Gama ou Fernando Pessoa. Não faz, por isso, sentido atribuir estes nomes àquelas infraestruturas. Parece-me preferível usá-las para divulgar o nome de cidadãos ilustres, mas com fama e méritos menos propalados. Propugno, pois, que se use o pretexto urbanístico, para colmatar a geral ignorância, não para chover no molhado da história consabida e universalmente partilhada.Ainda por cima, a escolha do nome de um grande herói postula o respeito acrescido pela sua memória e a manutenção sistemática da dignidade do equipamento que o evoca.Vem tudo isto a propósito da ponte do Infante, que liga Gaia ao Porto, e que ontem percorri a horas tardias.Por uma questionável opção estética, a ponte não tem postes de iluminação. Esta faz-se, de forma deficiente, através de lâmpadas inseridas ao nível do solo, nos lancis laterais e centrais. Ontem, quando passei, metade dessas lâmpadas estava fundida e as que o não estavam emitiam um lusco-fusco pálido e fugidio. A escuridão geral era digna do mostrengo que há no fim do mar.Mas não parecia uma homenagem ao Infante. Era, antes, uma vergonha.
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Tenho para mim que os nomes de ruas, pontes, avenidas, aeroportos, equipamentos urbanos em geral devem ser escolhidos entre as segundas figuras da nação; não entre os grandes heróis que toda a gente conhece.Ninguém ignora quem foi Afonso Henriques, Camões, Vasco da Gama ou Fernando Pessoa. Não faz, por isso, sentido atribuir estes nomes àquelas infraestruturas. Parece-me preferível usá-las para divulgar o nome de cidadãos ilustres, mas com fama e méritos menos propalados. Propugno, pois, que se use o pretexto urbanístico, para colmatar a geral ignorância, não para chover no molhado da história consabida e universalmente partilhada.Ainda por cima, a escolha do nome de um grande herói postula o respeito acrescido pela sua memória e a manutenção sistemática da dignidade do equipamento que o evoca.Vem tudo isto a propósito da ponte do Infante, que liga Gaia ao Porto, e que ontem percorri a horas tardias.Por uma questionável opção estética, a ponte não tem postes de iluminação. Esta faz-se, de forma deficiente, através de lâmpadas inseridas ao nível do solo, nos lancis laterais e centrais. Ontem, quando passei, metade dessas lâmpadas estava fundida e as que o não estavam emitiam um lusco-fusco pálido e fugidio. A escuridão geral era digna do mostrengo que há no fim do mar.Mas não parecia uma homenagem ao Infante. Era, antes, uma vergonha.