Dias com árvores: Paz toponímica

03-07-2011
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O quarteirão da Paz é no Porto o centro de frágil resistência toponímica ao belicismo celebrado noutras partes da cidade; é o necessário mas insuficiente contrapeso à avenida dos Combatentes da Grande Guerra, às ruas dos Heróis, do Heroísmo e dos Mártires, às praças da Batalha e do Exército Libertador, às ruas, praças e avenidas do Marechal, do General, do Coronel, do Major, do Capitão, do Tenente e até do Sargento. A Paz toponímica sobe com dificuldade por uma rua íngreme, junta-se com a Saudade num pequeno largo em forma de quadrilátero irregular, e desfalece numa travessa tortuosa onde ninguém passa. A Misericórdia, representada por um lar da Santa Casa a um canto do largo, ergue contra a Paz um muro de indiferença.No centro do largo da Paz, cercado pelo estacionamento e pelo trânsito ininterrupto, há um triângulo com relva, flores e árvores. Exactamente três árvores: um cipreste (Cupressus sempervirens), uma magnólia-de-Soulange e um castanheiro-da-Índia. O cipreste é sisudamente igual a si próprio em todas as estações do ano, e nunca se deixa tentar por indumentária nova; a magnólia já teve há dois meses a sua temporada de vaidade; agora é a vez de o castanheiro-da-Índia mostrar quanto vale: ainda mal fez abrir as folhas novas, e eis que já ostenta as pirâmides de flores brancas.No Porto, os melhores locais para admirar a floração destas árvores são o Parque de Serralves e a rua de Guerra Junqueiro; em ambos se podem ver lado a lado as duas espécies de castanheiros-da-Índia comuns em Portugal: o Aesculus hippocastanum, de flores brancas, e o híbrido Aesculus x carnea, de flores cor-de-rosa. Tal como sucede com as magnólias, são os castanheiros-da-Índia brancos que primeiro florescem. Apresse-se por isso o leitor se ainda quiser ver-lhes as flores.


O quarteirão da Paz é no Porto o centro de frágil resistência toponímica ao belicismo celebrado noutras partes da cidade; é o necessário mas insuficiente contrapeso à avenida dos Combatentes da Grande Guerra, às ruas dos Heróis, do Heroísmo e dos Mártires, às praças da Batalha e do Exército Libertador, às ruas, praças e avenidas do Marechal, do General, do Coronel, do Major, do Capitão, do Tenente e até do Sargento. A Paz toponímica sobe com dificuldade por uma rua íngreme, junta-se com a Saudade num pequeno largo em forma de quadrilátero irregular, e desfalece numa travessa tortuosa onde ninguém passa. A Misericórdia, representada por um lar da Santa Casa a um canto do largo, ergue contra a Paz um muro de indiferença.No centro do largo da Paz, cercado pelo estacionamento e pelo trânsito ininterrupto, há um triângulo com relva, flores e árvores. Exactamente três árvores: um cipreste (Cupressus sempervirens), uma magnólia-de-Soulange e um castanheiro-da-Índia. O cipreste é sisudamente igual a si próprio em todas as estações do ano, e nunca se deixa tentar por indumentária nova; a magnólia já teve há dois meses a sua temporada de vaidade; agora é a vez de o castanheiro-da-Índia mostrar quanto vale: ainda mal fez abrir as folhas novas, e eis que já ostenta as pirâmides de flores brancas.No Porto, os melhores locais para admirar a floração destas árvores são o Parque de Serralves e a rua de Guerra Junqueiro; em ambos se podem ver lado a lado as duas espécies de castanheiros-da-Índia comuns em Portugal: o Aesculus hippocastanum, de flores brancas, e o híbrido Aesculus x carnea, de flores cor-de-rosa. Tal como sucede com as magnólias, são os castanheiros-da-Índia brancos que primeiro florescem. Apresse-se por isso o leitor se ainda quiser ver-lhes as flores.

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