Cecília Meireles: A turista discreta

30-05-2014
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Quando fez 15 anos, Cecília Meireles sentiu «vontade de fazer qualquer coisa na sociedade». Sem internet, foi bater à porta dos quatro principais partidos em Guimarães, onde cresceu, para pedir os programas políticos. «Acharam estranho, mas receberam-me muito bem», recorda com um sorriso. Foi uma espécie de escolha por catálogo. Identificou-se logo com o CDS, liderado por Manuel Monteiro, em quem viria a votar na sua estreia nas urnas, em 1995.

«identifiquei-me com a ideia de liberdade e de responsabilidade, de uma sociedade onde todos têm a liberdade para atingir o seu máximo de acordo com o seu mérito», explica a actual secretária de estado do turismo.

cecília acabou também por se inscrever na juventude popular e participou activamente na campanha contra a regionalização no referendo de 1998. «era decididamente contra. agora, tenho mais dúvidas. portugal tem, de facto, um problema de centralismo», admite.

licenciada em direito em coimbra e com um mba em gestão, a secretária de estado foi, entre 2002 e 2005, assessora do grupo parlamentar do cds na assembleia da república. esteve depois como assessora da vereação na câmara do porto até ser eleita deputada, em 2009.

deputada na anterior legislatura, destacou-se na comissão parlamentar de inquérito à actuação do governo na compra da tvi, em que lhe coube a tarefa de passar a pente fino a actuação do executivo de josé sócrates.

é uma das melhores amigas de vânia dias da silva, a sub-secretária de estado do ministro dos negócios estrangeiros, desde os 12 anos. mas aparentemente são duas amigas com feitios opostos. o que vânia tem de extrovertida e impulsiva, cecília meireles tem de racional e ponderada.

entre quem a elogia, mesmo dentro do cds, há quem considere que o seu feitio não tem muito a ver com os cocktails típicos do sector do turismo. cecília, de 35 anos, prefere definir-se como uma pessoa «combativa por natureza e pouco dócil».

por isso, sente-se bem a fazer política e gostou muito da experiência do parlamento. «ensina-nos a lutar pelas nossas convicções, ao mesmo tempo que temos uma dúvida sistemática sobre elas. estamos sempre a ser questionados. e ensina-nos também a apreciar quem pensa diferente de nós».

no turismo, esforça-se por «dar boas notícias» numa altura em que a crise atinge toda a europa. viaja muito, embora passe talvez mais horas no avião do que no local de destino. a última viagem que fez, antes de conversar com o sol na esplanada do restaurante darwin, na fundação champalimaud, com uma vista repousante para o rio tejo, foi a berlim. «há um ano, diria que gostava muito de viajar, agora, não tanto», diz, em jeito de brincadeira.

solteira e sem filhos, cecília meireles confessa sentir-se à vontade num ambiente de homens, que é ainda a política. «habituei-me facilmente. não acho que haja discriminações. às vezes, são mais certos hábitos sociais do que propriamente comportamentos activos de discriminação». a resposta é desembaraçada como que a dizer que não quer dar muita importância ao assunto.

reconhece, no entanto, que o facto de não haver horários certos na política poderá constituir, um dia, um obstáculo. «quando tiver filhos, não sei como vai ser. talvez até a política me tenha feito adiar a decisão de ter filhos, não de uma forma consciente. a política é muito absorvente e faço isto com uma grande entrega».

helena.pereira@sol.pt e sofia.rainho@sol.pt

Quando fez 15 anos, Cecília Meireles sentiu «vontade de fazer qualquer coisa na sociedade». Sem internet, foi bater à porta dos quatro principais partidos em Guimarães, onde cresceu, para pedir os programas políticos. «Acharam estranho, mas receberam-me muito bem», recorda com um sorriso. Foi uma espécie de escolha por catálogo. Identificou-se logo com o CDS, liderado por Manuel Monteiro, em quem viria a votar na sua estreia nas urnas, em 1995.

«identifiquei-me com a ideia de liberdade e de responsabilidade, de uma sociedade onde todos têm a liberdade para atingir o seu máximo de acordo com o seu mérito», explica a actual secretária de estado do turismo.

cecília acabou também por se inscrever na juventude popular e participou activamente na campanha contra a regionalização no referendo de 1998. «era decididamente contra. agora, tenho mais dúvidas. portugal tem, de facto, um problema de centralismo», admite.

licenciada em direito em coimbra e com um mba em gestão, a secretária de estado foi, entre 2002 e 2005, assessora do grupo parlamentar do cds na assembleia da república. esteve depois como assessora da vereação na câmara do porto até ser eleita deputada, em 2009.

deputada na anterior legislatura, destacou-se na comissão parlamentar de inquérito à actuação do governo na compra da tvi, em que lhe coube a tarefa de passar a pente fino a actuação do executivo de josé sócrates.

é uma das melhores amigas de vânia dias da silva, a sub-secretária de estado do ministro dos negócios estrangeiros, desde os 12 anos. mas aparentemente são duas amigas com feitios opostos. o que vânia tem de extrovertida e impulsiva, cecília meireles tem de racional e ponderada.

entre quem a elogia, mesmo dentro do cds, há quem considere que o seu feitio não tem muito a ver com os cocktails típicos do sector do turismo. cecília, de 35 anos, prefere definir-se como uma pessoa «combativa por natureza e pouco dócil».

por isso, sente-se bem a fazer política e gostou muito da experiência do parlamento. «ensina-nos a lutar pelas nossas convicções, ao mesmo tempo que temos uma dúvida sistemática sobre elas. estamos sempre a ser questionados. e ensina-nos também a apreciar quem pensa diferente de nós».

no turismo, esforça-se por «dar boas notícias» numa altura em que a crise atinge toda a europa. viaja muito, embora passe talvez mais horas no avião do que no local de destino. a última viagem que fez, antes de conversar com o sol na esplanada do restaurante darwin, na fundação champalimaud, com uma vista repousante para o rio tejo, foi a berlim. «há um ano, diria que gostava muito de viajar, agora, não tanto», diz, em jeito de brincadeira.

solteira e sem filhos, cecília meireles confessa sentir-se à vontade num ambiente de homens, que é ainda a política. «habituei-me facilmente. não acho que haja discriminações. às vezes, são mais certos hábitos sociais do que propriamente comportamentos activos de discriminação». a resposta é desembaraçada como que a dizer que não quer dar muita importância ao assunto.

reconhece, no entanto, que o facto de não haver horários certos na política poderá constituir, um dia, um obstáculo. «quando tiver filhos, não sei como vai ser. talvez até a política me tenha feito adiar a decisão de ter filhos, não de uma forma consciente. a política é muito absorvente e faço isto com uma grande entrega».

helena.pereira@sol.pt e sofia.rainho@sol.pt

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