Vias de Facto: Um quarto de milhão de desaparecidos em combate

04-07-2011
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274.337 votos a menos para a Esquerda. O Bloco quase acordou no seu pesadelo de perder metade da votação e a CDU, apesar das alucinadas declarações de “consolidação”, ainda conseguiu perder um pouco mais de 5.000 votos (de 2009 para 2011, resultados do território nacional).
Das culpas do Bloco neste descalabro, nem vale a pena falar muito, de tão evidentes que são: do apoio ao inenarrável Alegre à moção de censura, os passos em falso foram muitos e muito graves. Mas não explicam tudo; não explicam como é que o PP conseguiu escapar ao pânico do voto útil mas a esquerda não; como é a maré de descontentamento generalizado não chegou às urnas; como é que não se soube oferecer uma plataforma credível de esperança para os receosos, de mudança para os descrentes.
Se calhar, trata-se de um partido que perdeu parte da sua utilidade: quem protesta nas ruas sente-se livre para não votar ou votar de outras formas, quiçá pela suposta “utilidade” de tentar manter o PSD fora do poder pelo voto circunstancial no PS. Ou talvez o medo das iminentes avalanches de desgraças tenha empurrado muitos para uma via “realista”, desencorajando-os de votar em quem de forma evidente não estava fadado a governar (nem agora nem num futuro imaginável).
De qualquer forma, e como bem aponta o Miguel, se o Bloco não quer desaparecer, ou, pior ainda, transformar-se num PCP II, urge repensar tudo. Das lideranças às ideias, das propostas concretas ao estilo e à forma. Ontem já ouvi apelos à calma embrulhados no truísmo de a próxima convenção estar a anos de distância. Vão longe assim, vão.
Quanto ao PCP, o que deveria ter sido uma noite de avanço e recolha dos frutos das muitas lutas acabou em mais uma celebração de coisa nenhuma e em estagnação. Lá vão todos continuar a crer que só eles é que sabem e o mundo anda todo enganado; ou que a culpa é dos media, das sondagens, do clima. Ou à espera do Godot das massas descontentes que um dia hão-de juntar-se ao partido.
Um quarto de milhão de desaparecidos. Há que partir hoje mesmo à procura deles.


274.337 votos a menos para a Esquerda. O Bloco quase acordou no seu pesadelo de perder metade da votação e a CDU, apesar das alucinadas declarações de “consolidação”, ainda conseguiu perder um pouco mais de 5.000 votos (de 2009 para 2011, resultados do território nacional).
Das culpas do Bloco neste descalabro, nem vale a pena falar muito, de tão evidentes que são: do apoio ao inenarrável Alegre à moção de censura, os passos em falso foram muitos e muito graves. Mas não explicam tudo; não explicam como é que o PP conseguiu escapar ao pânico do voto útil mas a esquerda não; como é a maré de descontentamento generalizado não chegou às urnas; como é que não se soube oferecer uma plataforma credível de esperança para os receosos, de mudança para os descrentes.
Se calhar, trata-se de um partido que perdeu parte da sua utilidade: quem protesta nas ruas sente-se livre para não votar ou votar de outras formas, quiçá pela suposta “utilidade” de tentar manter o PSD fora do poder pelo voto circunstancial no PS. Ou talvez o medo das iminentes avalanches de desgraças tenha empurrado muitos para uma via “realista”, desencorajando-os de votar em quem de forma evidente não estava fadado a governar (nem agora nem num futuro imaginável).
De qualquer forma, e como bem aponta o Miguel, se o Bloco não quer desaparecer, ou, pior ainda, transformar-se num PCP II, urge repensar tudo. Das lideranças às ideias, das propostas concretas ao estilo e à forma. Ontem já ouvi apelos à calma embrulhados no truísmo de a próxima convenção estar a anos de distância. Vão longe assim, vão.
Quanto ao PCP, o que deveria ter sido uma noite de avanço e recolha dos frutos das muitas lutas acabou em mais uma celebração de coisa nenhuma e em estagnação. Lá vão todos continuar a crer que só eles é que sabem e o mundo anda todo enganado; ou que a culpa é dos media, das sondagens, do clima. Ou à espera do Godot das massas descontentes que um dia hão-de juntar-se ao partido.
Um quarto de milhão de desaparecidos. Há que partir hoje mesmo à procura deles.

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