Porquê?

28-11-2014
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“Que mal fiz eu a Deus!?”, é frase que se ouve muito por estes dias.

Tendo algo do mecanismo projectivo que nos ensina Freud, é uma frase que dá jeito a quem não percebe o que lhe está a acontecer ou, verdadeiramente, não está disponível ou não tem coragem de assumir a sua própria falta e, já que acusar Deus de frente o pode levar às profundas do inferno, aceita, difusamente, que alguma coisa terá feito para merecer castigo. Isso dispensa-o, entre outras coisas, de fazer alguma coisa de concreto em relação ao que lhe acontece e enfrentar verdadeiros responsáveis, perdidos no nevoeiro do seu receio.

Os nossos irmãos brasileiros têm expressões bem mais divertidas, em que, dizendo, no fundo o mesmo, são muito mais afirmativas e explícitas em relação à possível ofensa feita à divindade, merecedora de dura retribuição por parte do altíssimo. O tempo e o espaço desaparecem nestas imprecações. Assim, exclamam: “Eu joguei pedra na cruz!”. Concretizada a natureza da ofensa, está justificada a punição que a vida impõe. Permitam-me pois que, na senda dos desabafos brasucas, ao assistir aos acontecimentos políticos dos últimos dias, eu grite: “Eu lavei cueca na manjedoura”!!

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“Que mal fiz eu a Deus!?”, é frase que se ouve muito por estes dias.

Tendo algo do mecanismo projectivo que nos ensina Freud, é uma frase que dá jeito a quem não percebe o que lhe está a acontecer ou, verdadeiramente, não está disponível ou não tem coragem de assumir a sua própria falta e, já que acusar Deus de frente o pode levar às profundas do inferno, aceita, difusamente, que alguma coisa terá feito para merecer castigo. Isso dispensa-o, entre outras coisas, de fazer alguma coisa de concreto em relação ao que lhe acontece e enfrentar verdadeiros responsáveis, perdidos no nevoeiro do seu receio.

Os nossos irmãos brasileiros têm expressões bem mais divertidas, em que, dizendo, no fundo o mesmo, são muito mais afirmativas e explícitas em relação à possível ofensa feita à divindade, merecedora de dura retribuição por parte do altíssimo. O tempo e o espaço desaparecem nestas imprecações. Assim, exclamam: “Eu joguei pedra na cruz!”. Concretizada a natureza da ofensa, está justificada a punição que a vida impõe. Permitam-me pois que, na senda dos desabafos brasucas, ao assistir aos acontecimentos políticos dos últimos dias, eu grite: “Eu lavei cueca na manjedoura”!!

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