Catarina Martins resiste a “Eu show Portas”

13-09-2015
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No primeiro debate com Paulo Portas, a porta-voz do Bloco de Esquerda acabou por ter de reconhecer que “o plano da Grécia é mau” e que o país de Alexis Tsipras “não é o modelo do BE”. Mas Portas, que levou muitas vezes a líder bloquista as boxes, não teve vitória fácil

Falou-se mais de Grécia do que do País. Mais do passado do que dos programas eleitorais, que tanto o Bloco de Esquerda como a Coligação apresentam as Legislativas. A moderadora ainda tentou: “vamos falar do país", pediu a meio do debate. Mas no fim, confessava que "isto devia ser como de costume, eu fazia as perguntas e os senhores respondiam”. Não foi. Desta vez, Catarina Martins e Paulo Portas jogaram forte.

Os ataques foram constantes durante a hora e meia que durou o debate da SIC Noticias. A líder bloquista tentava encostar Portas ao esquecido “partido dos contribuintes” e o líder centrista contra-atacava com a Grécia. Catarina falava em maus desempenhos governativos, Paulo atacava com Salvaterra de Magos, “a única coisa que o Bloco governou” e onde os ajustes diretos foram feitos para os transportes urbanos. Mas ambos se aguentaram no terreno da civilidade. “Não pense que me vai tirar do sério” disse, a certa altura um vice-primeiro-ministro quase irritado. “Gosto muito de o ouvir” disse a líder do bloco, num momento de ataque do adversário. Foram sempre “a senhora deputada Catarina Martins" e "o senhor doutor Paulo Portas”. Ambos tinham a lição bem estudada.

FOTO MARCOS BORGA

Catarina Martins tinha quatro anos de austeridade para atirar ao seu adversário direto. E mais os cortes em salários e pensões, os chumbos do Tribunal Constitucional, a precariedade do emprego e a dificuldade de bater o pé a Bruxelas e de conseguir uma reestruturação da dívida. Portas respondeu com o país que herdou em pleno resgate. “Não há governo nenhum no mundo com margem de manobra nessas circunstâncias”, justificou-se. Ainda estávamos na primeira pergunta é o vice-primeiro ministro já tinha a mudança engatada para avançar em força para a Grécia.

O país de Tsipras e do partido irmão do Bloco custou caro neste debate televisivo. Portas até achou “divertido” o “lirismo” como que Catarina Martins e o Bloco de Esquerda vibraram com a vitória da esquerda grega, mas atirou-lhe diretamente com o preço com que, ao fim de seis meses de negociações, os gregos tiveram de pagar à troika para novo plano de assistência financeira. A líder bloquista não se foi abaixo, nem mesmo quando foi acusada de ter um discurso de “utopias coladas umas às outras”. Com toda a calma, Catarina Martins respondeu. “Quero sossegar o líder do PP: eu não concordo com o plano de corte da Grécia”, afirmou, para mais tarde confirmar que a terra de Alexis Tsipras “não é o país modelo do Bloco”.

FOTO MARCOS BORGA

Teve presença de espírito, mas isso não lhe retirou o facto de ter assumido um recuo. E, pior ainda, de ter deixado o debate resvalar para o sítio onde o adversário - há muitos anos treinado na arte dos debates - a queria encurralar.

Catarina Martins, porém, conseguiu resistir. Mesmo quando Portas a corrigiu nos dados sobre a balança comercial, com um certo tom paternalista. “Nenhum de nós é economista, mas não pode dizer que a balança comercial está negativa, porque isso não é verdade”, disse um Portas com ar de mestre escola. “Nenhum de nós tem certezas absolutas”, respondeu Catarina, que trazia trunfos na manga. A segurança social, para “o CDS que era o partido dos pensonistas”, devia ser um assunto explicado, “com toda a verdade, para sabermos o que pretendem fazer”.

FOTO MARCOS BORGA

Catarina insistiu, mas Portas conseguiu escapar aos pormenores. Como escapou a justificar “o verdadeiro assalto fiscal em curso” ou o que fizeram os centristas do propalado “visto familiar”.

O debate já ia longo, quando a líder bloquista ganhava terreno. E teve de acabar, deixando a Portas uma série de perguntas por responder. Ou seja, escapou a tempo.

No primeiro debate com Paulo Portas, a porta-voz do Bloco de Esquerda acabou por ter de reconhecer que “o plano da Grécia é mau” e que o país de Alexis Tsipras “não é o modelo do BE”. Mas Portas, que levou muitas vezes a líder bloquista as boxes, não teve vitória fácil

Falou-se mais de Grécia do que do País. Mais do passado do que dos programas eleitorais, que tanto o Bloco de Esquerda como a Coligação apresentam as Legislativas. A moderadora ainda tentou: “vamos falar do país", pediu a meio do debate. Mas no fim, confessava que "isto devia ser como de costume, eu fazia as perguntas e os senhores respondiam”. Não foi. Desta vez, Catarina Martins e Paulo Portas jogaram forte.

Os ataques foram constantes durante a hora e meia que durou o debate da SIC Noticias. A líder bloquista tentava encostar Portas ao esquecido “partido dos contribuintes” e o líder centrista contra-atacava com a Grécia. Catarina falava em maus desempenhos governativos, Paulo atacava com Salvaterra de Magos, “a única coisa que o Bloco governou” e onde os ajustes diretos foram feitos para os transportes urbanos. Mas ambos se aguentaram no terreno da civilidade. “Não pense que me vai tirar do sério” disse, a certa altura um vice-primeiro-ministro quase irritado. “Gosto muito de o ouvir” disse a líder do bloco, num momento de ataque do adversário. Foram sempre “a senhora deputada Catarina Martins" e "o senhor doutor Paulo Portas”. Ambos tinham a lição bem estudada.

FOTO MARCOS BORGA

Catarina Martins tinha quatro anos de austeridade para atirar ao seu adversário direto. E mais os cortes em salários e pensões, os chumbos do Tribunal Constitucional, a precariedade do emprego e a dificuldade de bater o pé a Bruxelas e de conseguir uma reestruturação da dívida. Portas respondeu com o país que herdou em pleno resgate. “Não há governo nenhum no mundo com margem de manobra nessas circunstâncias”, justificou-se. Ainda estávamos na primeira pergunta é o vice-primeiro ministro já tinha a mudança engatada para avançar em força para a Grécia.

O país de Tsipras e do partido irmão do Bloco custou caro neste debate televisivo. Portas até achou “divertido” o “lirismo” como que Catarina Martins e o Bloco de Esquerda vibraram com a vitória da esquerda grega, mas atirou-lhe diretamente com o preço com que, ao fim de seis meses de negociações, os gregos tiveram de pagar à troika para novo plano de assistência financeira. A líder bloquista não se foi abaixo, nem mesmo quando foi acusada de ter um discurso de “utopias coladas umas às outras”. Com toda a calma, Catarina Martins respondeu. “Quero sossegar o líder do PP: eu não concordo com o plano de corte da Grécia”, afirmou, para mais tarde confirmar que a terra de Alexis Tsipras “não é o país modelo do Bloco”.

FOTO MARCOS BORGA

Teve presença de espírito, mas isso não lhe retirou o facto de ter assumido um recuo. E, pior ainda, de ter deixado o debate resvalar para o sítio onde o adversário - há muitos anos treinado na arte dos debates - a queria encurralar.

Catarina Martins, porém, conseguiu resistir. Mesmo quando Portas a corrigiu nos dados sobre a balança comercial, com um certo tom paternalista. “Nenhum de nós é economista, mas não pode dizer que a balança comercial está negativa, porque isso não é verdade”, disse um Portas com ar de mestre escola. “Nenhum de nós tem certezas absolutas”, respondeu Catarina, que trazia trunfos na manga. A segurança social, para “o CDS que era o partido dos pensonistas”, devia ser um assunto explicado, “com toda a verdade, para sabermos o que pretendem fazer”.

FOTO MARCOS BORGA

Catarina insistiu, mas Portas conseguiu escapar aos pormenores. Como escapou a justificar “o verdadeiro assalto fiscal em curso” ou o que fizeram os centristas do propalado “visto familiar”.

O debate já ia longo, quando a líder bloquista ganhava terreno. E teve de acabar, deixando a Portas uma série de perguntas por responder. Ou seja, escapou a tempo.

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