Sócrates pede novas ideias e debate interno

09-07-2011
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Sem oposição interna, Sócrates pede ao partido que não adormeça. E mostra-se sem receio de que a direita venha a provocar uma crise parlamentar

Oposição, agradece-se. Este pode ser o resumo da intervenção que o líder do PS, José Sócrates, fez perante a comissão política que se reuniu ontem em Lisboa, para confirmar a convocação do XVII Congresso do partido para o Porto, entre 8 e 10 de Abril, bem como a eleição do secretário-geral a 25 e 26 de Março. Na primeira comissão política após a derrota de Manuel Alegre nas presidenciais, Sócrates apresentou-se vitorioso e magnânime e deu-se ao luxo de apelar à clarificação e a que os militantes críticos da sua governação se apresentem com ideias para o país no congresso.

Sobre Alegre pouco disse. Numa curta alusão, elogiou o facto de o candidato apoiado pelo PS estar a concorrer com um Presidente que se apresentava à reeleição. Sobre recentes sondagens e estudos de opinião, Sócrates defendeu que estes não são encorajadores para a direita e para que PSD e CDS possam tomar o poder provocando uma crise parlamentar.

Sem mais candidatos

A reunião foi tranquila e não se apresentaram novos candidatos à liderança. Apenas António Fonseca Ferreira, que lidera o grupo Margem Esquerda, fez uma intervenção em que indiciou a sua pré-candidatura, aliás, já ventilada para a comunicação social. Mas de definitivo apenas garante que apresentará uma moção de estratégia global ao congresso, o que é hábito fazer. Já no congresso de Espinho, este grupo conotado com a ala esquerda concorreu com uma lista alternativa para a Comissão Nacional e conseguiu uma representatividade de dez por cento nos órgãos nacionais do partido.

Pela parte de Sócrates, a sua moção será coordenada por António Costa, presidente da Câmara de Lisboa. Já a sua campanha interna terá como mandatário o eurodeputado Capoulas Santos. Quanto à comissão de organização do congresso, será presidida por Joaquim Raposo, presidente da FAUL. Ontem ficou sem ser dito na reunião se haverá mais alguma moção ao congresso. Mas o PÚBLICO sabe que a eurodeputada Ana Gomes tenciona apresentar uma moção sectorial sobre Portugal na Europa e sobre o combate à corrupção.

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A eurodeputada fez uma intervenção em que desenhou algumas críticas ao Governo. Nomeadamente, considerou desnecessárias e apenas "para alemão ver" as alterações à legislação laboral e defendeu os funcionários públicos que, na sua opinião, têm sido injustamente estigmatizados. Ana Gomes criticou também a forma como o Governo português tem gerido a sua actuação na crise financeira e económica em relação à Europa, elogiando, contudo, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, pela sua capacidade de coordenação. Também Maria João Rodrigues, antiga ministra do Trabalho de António Guterres, secundou as posições de Ana Gomes e criticou a descoordenação.

Santos critica Cavaco

À entrada da reunião, o presidente do PS, Almeida Santos, deixou uma dura reprimenda a Cavaco Silva e não poupou o seu camarada de partido Manuel Maria Carrilho, que tem tecido críticas ao Governo. "Neste momento, o dr. Carrilho é quase um adversário do PS, porque está agastado por ter sido apeado do lugar que tinha [embaixador de Portugal na UNESCO, em Paris]. Está zangado connosco, compreendo isso. Mas não é bem o exemplo típico do indivíduo que se possa citar como característica da situação interna do partido", declarou Santos aos jornalistas.

Já sobre Cavaco a contundência aumentou: "Houve um aspecto em que exagerou imperdoavelmente [no discurso da vitória]. Na noite das eleições, exige-se do vencedor uma atitude de tolerância, mas fez um julgamento feroz dos seus adversários e foi muito cruel." E acrescentou que "a crueldade não é uma boa característica de um Presidente da República".

Sem oposição interna, Sócrates pede ao partido que não adormeça. E mostra-se sem receio de que a direita venha a provocar uma crise parlamentar

Oposição, agradece-se. Este pode ser o resumo da intervenção que o líder do PS, José Sócrates, fez perante a comissão política que se reuniu ontem em Lisboa, para confirmar a convocação do XVII Congresso do partido para o Porto, entre 8 e 10 de Abril, bem como a eleição do secretário-geral a 25 e 26 de Março. Na primeira comissão política após a derrota de Manuel Alegre nas presidenciais, Sócrates apresentou-se vitorioso e magnânime e deu-se ao luxo de apelar à clarificação e a que os militantes críticos da sua governação se apresentem com ideias para o país no congresso.

Sobre Alegre pouco disse. Numa curta alusão, elogiou o facto de o candidato apoiado pelo PS estar a concorrer com um Presidente que se apresentava à reeleição. Sobre recentes sondagens e estudos de opinião, Sócrates defendeu que estes não são encorajadores para a direita e para que PSD e CDS possam tomar o poder provocando uma crise parlamentar.

Sem mais candidatos

A reunião foi tranquila e não se apresentaram novos candidatos à liderança. Apenas António Fonseca Ferreira, que lidera o grupo Margem Esquerda, fez uma intervenção em que indiciou a sua pré-candidatura, aliás, já ventilada para a comunicação social. Mas de definitivo apenas garante que apresentará uma moção de estratégia global ao congresso, o que é hábito fazer. Já no congresso de Espinho, este grupo conotado com a ala esquerda concorreu com uma lista alternativa para a Comissão Nacional e conseguiu uma representatividade de dez por cento nos órgãos nacionais do partido.

Pela parte de Sócrates, a sua moção será coordenada por António Costa, presidente da Câmara de Lisboa. Já a sua campanha interna terá como mandatário o eurodeputado Capoulas Santos. Quanto à comissão de organização do congresso, será presidida por Joaquim Raposo, presidente da FAUL. Ontem ficou sem ser dito na reunião se haverá mais alguma moção ao congresso. Mas o PÚBLICO sabe que a eurodeputada Ana Gomes tenciona apresentar uma moção sectorial sobre Portugal na Europa e sobre o combate à corrupção.

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A eurodeputada fez uma intervenção em que desenhou algumas críticas ao Governo. Nomeadamente, considerou desnecessárias e apenas "para alemão ver" as alterações à legislação laboral e defendeu os funcionários públicos que, na sua opinião, têm sido injustamente estigmatizados. Ana Gomes criticou também a forma como o Governo português tem gerido a sua actuação na crise financeira e económica em relação à Europa, elogiando, contudo, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, pela sua capacidade de coordenação. Também Maria João Rodrigues, antiga ministra do Trabalho de António Guterres, secundou as posições de Ana Gomes e criticou a descoordenação.

Santos critica Cavaco

À entrada da reunião, o presidente do PS, Almeida Santos, deixou uma dura reprimenda a Cavaco Silva e não poupou o seu camarada de partido Manuel Maria Carrilho, que tem tecido críticas ao Governo. "Neste momento, o dr. Carrilho é quase um adversário do PS, porque está agastado por ter sido apeado do lugar que tinha [embaixador de Portugal na UNESCO, em Paris]. Está zangado connosco, compreendo isso. Mas não é bem o exemplo típico do indivíduo que se possa citar como característica da situação interna do partido", declarou Santos aos jornalistas.

Já sobre Cavaco a contundência aumentou: "Houve um aspecto em que exagerou imperdoavelmente [no discurso da vitória]. Na noite das eleições, exige-se do vencedor uma atitude de tolerância, mas fez um julgamento feroz dos seus adversários e foi muito cruel." E acrescentou que "a crueldade não é uma boa característica de um Presidente da República".

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