DESMITOS: A VERDADE SOBRE O PLANO TECNOLÓGICO (2)

05-07-2011
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A melhoria dos indicadores da inovação nacionais são, sem dúvida alguma, uma boa notícia. Pelo menos em princípio (mais abaixo veremos o que poderá tornar estas notícias menos boas). E também acho que devemos que devemos reconhecer que esta melhoria dos indicadores da inovação se devem, pelo menos em parte, à maior aposta que tem sido dada a este sector nos últimos anos. Assim, é de assinalar que, de acordo com os dados mais recentes da OCDE, Portugal registou uma assinalável convergência em vários indicadores de ciência e de tecnologia, principalmente no que diz respeito às despesas em actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em percentagem do PIB. Como podemos ver no gráfico abaixo, nos últimos anos, Portugal parece ter convergido com a média da OCDE em termos de despesas com I&D em percentagem do PIB. 

Despesas em actividades de I&D em percentagem do PIB, 1980-2009Fonte: OCDE 
Ainda assim, devo admitir que tenho muitas reservas sobre alguns destes indicadores e sobre estas melhorias alcançadas em tempo recorde. Mais concretamente, tenho bastantes dúvidas e poucas certezas relativamente aos nossos indicadores de Investigação e Desenvolvimento. Porquê? Porque não sei o que é realmente uma melhoria real e o que são meras manipulações estatísticas.  Porquê estas dúvidas? Como é que é possível proferir tais afirmações? Porque fiquei com um pé atrás em relação às estatísticas de I&D desde que, em 2009, ouvi Carlos Zorrinho afirmar numa conferência que antes deste governo nós nem contabilizávamos bem as despesas de Desenvolvimento. É sabido que cerca de dois terços das despesas em I&D são relacionam-se com o Desenvolvimento. Assim, se não houver uma contabilização correcta destas despesas, os indicadores de I&D são subavaliados. Por isso, uma contabilização mais adequada destas despesas fará aumentar o valor do I&D em percentagem do PIB, sem que haja um crescimento real destas despesas. Para quem quiser confirmar as afirmações de Carlos Zorrinho, pode fazê-lo aqui, principalmente a partir do 27m e 30s do video, onde se revela que antes de 2006 não se "registavam" bem as despesas de Desenvolvimento: 

Ora, se a nossa "melhoria" dos indicadores estatísticos das actividades se deve a acertos estatísticos (como Carlos Zorrinho parece indicar), então das duas uma: ou a melhoria dos indicadores de I&D foram principalmente legadas pelos governos anteriores mas não tinham sido devidamente contabilizadas, ou a melhoria é mais aparente do que real.
Eu não digo que este governo não tem qualquer mérito em ter dado uma maior ênfase à questão da inovação. A verdade é que a aposta na inovação e na melhoria da produtividade é importantíssima e deve ser continuada pelo próximo governo. O que eu desconfio é que as melhorias dos indicadores de inovação não se possam atribuir à política iluminada e "modernizadora" deste governo. É que, sabendo o que se tem passado em outras áreas, é sempre muito difícil saber o que é realidade ou mera malabarismo estatístico. E este é, de facto, um dos tristes legados deste governo. Este é um governo que nos deixou à beira da bancarrota e que nos lega os piores indicadores económicos desde o século 19, mas que conseguiu fomentar toda uma série de "melhorias" que foram principalmente alcançadas à custa da contabilidade criativa. Apesar de todo o desastre económico, não há dúvida que a contabilidade criativa foi das (poucas) indústrias de grande sucesso no nosso país. As estatísticas de Investigação e Desenvolvimento aí estão para o provar. Infelizmente.


A melhoria dos indicadores da inovação nacionais são, sem dúvida alguma, uma boa notícia. Pelo menos em princípio (mais abaixo veremos o que poderá tornar estas notícias menos boas). E também acho que devemos que devemos reconhecer que esta melhoria dos indicadores da inovação se devem, pelo menos em parte, à maior aposta que tem sido dada a este sector nos últimos anos. Assim, é de assinalar que, de acordo com os dados mais recentes da OCDE, Portugal registou uma assinalável convergência em vários indicadores de ciência e de tecnologia, principalmente no que diz respeito às despesas em actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em percentagem do PIB. Como podemos ver no gráfico abaixo, nos últimos anos, Portugal parece ter convergido com a média da OCDE em termos de despesas com I&D em percentagem do PIB. 

Despesas em actividades de I&D em percentagem do PIB, 1980-2009Fonte: OCDE 
Ainda assim, devo admitir que tenho muitas reservas sobre alguns destes indicadores e sobre estas melhorias alcançadas em tempo recorde. Mais concretamente, tenho bastantes dúvidas e poucas certezas relativamente aos nossos indicadores de Investigação e Desenvolvimento. Porquê? Porque não sei o que é realmente uma melhoria real e o que são meras manipulações estatísticas.  Porquê estas dúvidas? Como é que é possível proferir tais afirmações? Porque fiquei com um pé atrás em relação às estatísticas de I&D desde que, em 2009, ouvi Carlos Zorrinho afirmar numa conferência que antes deste governo nós nem contabilizávamos bem as despesas de Desenvolvimento. É sabido que cerca de dois terços das despesas em I&D são relacionam-se com o Desenvolvimento. Assim, se não houver uma contabilização correcta destas despesas, os indicadores de I&D são subavaliados. Por isso, uma contabilização mais adequada destas despesas fará aumentar o valor do I&D em percentagem do PIB, sem que haja um crescimento real destas despesas. Para quem quiser confirmar as afirmações de Carlos Zorrinho, pode fazê-lo aqui, principalmente a partir do 27m e 30s do video, onde se revela que antes de 2006 não se "registavam" bem as despesas de Desenvolvimento: 

Ora, se a nossa "melhoria" dos indicadores estatísticos das actividades se deve a acertos estatísticos (como Carlos Zorrinho parece indicar), então das duas uma: ou a melhoria dos indicadores de I&D foram principalmente legadas pelos governos anteriores mas não tinham sido devidamente contabilizadas, ou a melhoria é mais aparente do que real.
Eu não digo que este governo não tem qualquer mérito em ter dado uma maior ênfase à questão da inovação. A verdade é que a aposta na inovação e na melhoria da produtividade é importantíssima e deve ser continuada pelo próximo governo. O que eu desconfio é que as melhorias dos indicadores de inovação não se possam atribuir à política iluminada e "modernizadora" deste governo. É que, sabendo o que se tem passado em outras áreas, é sempre muito difícil saber o que é realidade ou mera malabarismo estatístico. E este é, de facto, um dos tristes legados deste governo. Este é um governo que nos deixou à beira da bancarrota e que nos lega os piores indicadores económicos desde o século 19, mas que conseguiu fomentar toda uma série de "melhorias" que foram principalmente alcançadas à custa da contabilidade criativa. Apesar de todo o desastre económico, não há dúvida que a contabilidade criativa foi das (poucas) indústrias de grande sucesso no nosso país. As estatísticas de Investigação e Desenvolvimento aí estão para o provar. Infelizmente.

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