Justiça suspeita de mais ‘testas de ferro’ de Sócrates

24-11-2014
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Justiça suspeita de mais ‘testas de ferro’ de Sócrates

Lígia Simões

ligia.simoes@economico.pt

00:05

Investigadores desconfiam que 2O milhões de Sócrates, em nome de amigo no UBS, poderão ter passado por outras contas.

No âmbito do inquérito à fortuna de José Sócrates, que os investigadores estimam em 20 milhões de euros, colocados num banco suíço em nome do amigo de adolescência e empresário, Carlos Santos Silva, as autoridades desconfiam que poderão ter passado por várias contas e outros ‘testas de ferro'.

O rasto do dinheiro está a ser seguido pelo Ministério Público (MP) que investiga operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro "sem justificação conhecida e legalmente admissível". Em causa estão suspeitas dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção que levaram à detenção do ex-primeiro-ministro na sexta-feira. Após dois dias de interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal, e até ao fecho desta edição, ainda não eram conhecidas as medidas de coacção.

Esta investigação levou ainda à detenção do ex-administrador do Grupo Lena, Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna. As detenções seguiram-se a buscas realizadas na quinta e sexta-feira à farmacêutica Octapharma, onde Sócrates trabalha, e ao Grupo Lena.

Segundo o Sol, ao longo dos anos em que foi governante, o ex-primeiro-ministro terá conseguido obter uma fortuna de 20 milhões de euros, que colocou no banco suíço UBS em nome de uma ‘offshore' titulada pelo empresário Carlos Santos Silva. Este empresário é apontado como ‘testa de ferro' nesta investigação que segue o rasto do dinheiro de Sócrates.

Fonte próxima ao processo revelou ao Económico que os investigadores querem averiguar se a fortuna de 20 milhões passou por outras contas, além da titulada pelo empresário da sua confiança. Mais, após os perdões fiscais de 2005 e 2010, a que aderiu para a regularização fiscal de verbas colocadas no exterior, os investigadores desconfiam que o dinheiro repatriado para um banco português tenha voltado a sair do país.

CGD denuncia transferência

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o inquérito "teve origem numa comunicação bancária" feita ao DCIAP. Segundo o DN, transferências de milhares de euros entre as contas da mãe e uma de José Sócrates, na CGD, levaram o MP até Sócrates e ao seu amigo Santos Silva. O procurador titular da investigação, Rosário Teixeira, terá chegado à conclusão de que o ex-chefe do Governo não tinha rendimentos que permitissem suportar as despesas que evidenciou na sua estadia em Paris - e que o ex-governante alegou estar a ser paga por um empréstimo à CGD. Todos os movimentos financeiros em França foram também passados a pente fino.

Fisco francês coopera

Segundo fonte ligada ao processo, o Fisco português pediu, no âmbito de um protocolo, à administração fiscal francesa todas as informações que envolvessem movimentos financeiros durante a passagem de Sócrates por França.

Em causa estão pagamentos como os das rendas da primeira casa onde viveu e, mais recentemente, os elementos relativos à compra de uma casa de cerca de três milhões de euros - tal como o contrato de promessa de compra e venda e a escritura. Também os elementos relacionados com pagamentos ligados à frequência e conclusão do mestrado na Universidade de Sorbonne foram alvo de troca de informações.

Justiça suspeita de mais ‘testas de ferro’ de Sócrates

Lígia Simões

ligia.simoes@economico.pt

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Investigadores desconfiam que 2O milhões de Sócrates, em nome de amigo no UBS, poderão ter passado por outras contas.

No âmbito do inquérito à fortuna de José Sócrates, que os investigadores estimam em 20 milhões de euros, colocados num banco suíço em nome do amigo de adolescência e empresário, Carlos Santos Silva, as autoridades desconfiam que poderão ter passado por várias contas e outros ‘testas de ferro'.

O rasto do dinheiro está a ser seguido pelo Ministério Público (MP) que investiga operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro "sem justificação conhecida e legalmente admissível". Em causa estão suspeitas dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção que levaram à detenção do ex-primeiro-ministro na sexta-feira. Após dois dias de interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal, e até ao fecho desta edição, ainda não eram conhecidas as medidas de coacção.

Esta investigação levou ainda à detenção do ex-administrador do Grupo Lena, Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna. As detenções seguiram-se a buscas realizadas na quinta e sexta-feira à farmacêutica Octapharma, onde Sócrates trabalha, e ao Grupo Lena.

Segundo o Sol, ao longo dos anos em que foi governante, o ex-primeiro-ministro terá conseguido obter uma fortuna de 20 milhões de euros, que colocou no banco suíço UBS em nome de uma ‘offshore' titulada pelo empresário Carlos Santos Silva. Este empresário é apontado como ‘testa de ferro' nesta investigação que segue o rasto do dinheiro de Sócrates.

Fonte próxima ao processo revelou ao Económico que os investigadores querem averiguar se a fortuna de 20 milhões passou por outras contas, além da titulada pelo empresário da sua confiança. Mais, após os perdões fiscais de 2005 e 2010, a que aderiu para a regularização fiscal de verbas colocadas no exterior, os investigadores desconfiam que o dinheiro repatriado para um banco português tenha voltado a sair do país.

CGD denuncia transferência

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o inquérito "teve origem numa comunicação bancária" feita ao DCIAP. Segundo o DN, transferências de milhares de euros entre as contas da mãe e uma de José Sócrates, na CGD, levaram o MP até Sócrates e ao seu amigo Santos Silva. O procurador titular da investigação, Rosário Teixeira, terá chegado à conclusão de que o ex-chefe do Governo não tinha rendimentos que permitissem suportar as despesas que evidenciou na sua estadia em Paris - e que o ex-governante alegou estar a ser paga por um empréstimo à CGD. Todos os movimentos financeiros em França foram também passados a pente fino.

Fisco francês coopera

Segundo fonte ligada ao processo, o Fisco português pediu, no âmbito de um protocolo, à administração fiscal francesa todas as informações que envolvessem movimentos financeiros durante a passagem de Sócrates por França.

Em causa estão pagamentos como os das rendas da primeira casa onde viveu e, mais recentemente, os elementos relativos à compra de uma casa de cerca de três milhões de euros - tal como o contrato de promessa de compra e venda e a escritura. Também os elementos relacionados com pagamentos ligados à frequência e conclusão do mestrado na Universidade de Sorbonne foram alvo de troca de informações.

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