“Carlos Santos Silva é a única ligação a Sócrates”

13-08-2015
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O presidente da comissão executiva do Grupo Lena insurge-se contra a associação que tem sido feita entre a empresa e os arguidos do caso ‘Operação Marquês', dos quais destaca o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

A ligação que tem sido feita entre a Lena e o caso da Operação Marquês tem prejudicado a actividade operacional do grupo?

Claro que sim. A confiança é fundamental para qualquer negócio e tudo o que a afecte, mesmo injustamente, afecta as empresas.

Quando diz injustamente, quer dizer que não existe qualquer ligação do grupo às acusações que impendem sobre o ex-primeiro-ministro José Sócrates?

A única ligação que existe do Grupo Lena ao caso ‘Operação Marquês', relativo ao engenheiro José Sócrates, é o seu relacionamento com Carlos Santos Silva, que trabalha como projectista e prestador de serviços para o Grupo Lena há mais de 30 anos e foi administrador não executivo de uma empresa do grupo por cerca de oito meses. Essa relação de Carlos Santos Silva de alguma forma acabou por perversamente ligar o Grupo Lena ao engenheiro José Sócrates. Uma situação que não aconteceria se tivesse sido respeitado o segredo de justiça.

Conhece José Sócrates pessoalmente?

No que respeita à abordagem do negócio da Venezuela, quero apenas dizer que eu cumprimentei José Sócrates duas vezes em dois eventos públicos e nunca tive qualquer outro tipo de contacto. Tenho que admitir que José Sócrates tinha uma grande predisposição para que Portugal saísse para exportar, para ganhar mercados externos. Algo que, no meu entender, é a missão de um gestor político e que o nosso actual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, faz igualmente bem.

Na Venezuela, o Grupo Lena beneficiou da diplomacia económica de José Sócrates?

Nos contratos que o Grupo Lena ganhou na Venezuela, a diplomacia económica actuou. Mas não foi a diplomacia económica que ganhou o contrato. Nem de perto, nem de longe. Ficámos como o parente pobre em todos os contratos de construção, porque ficámos com a parcela da construção de casas para habitação social, que tem preços baixos tabelados, com margens reduzidíssimas. Para entrarmos na Venezuela, tínhamos feito uma primeira abordagem na década de 70 e já em 2000 tínhamos sido convidados para construir casas, um processo espoletado a partir da Lena Brasil.

E quanto às alegações de favorecimento de José Sócrates ao Grupo Lena no mercado interno?

Segundo os dados solicitados pela Lena à AECOPS [uma associação sectorial da construção], no período entre 1998 e 2004, um período de sete anos antes de José Sócrates chegar ao poder, a Lena, mais a Abrantina [entretanto adquirida], ganharam empreitadas no valor de 657 milhões de euros. Já no período do Governo de José Sócrates, o grupo conseguiu adjudicações de 535 milhões de euros. Ou seja, em termos práticos, registámos uma perda absoluta, para períodos equivalentes, de cerca de 120 milhões de euros. Em termos de quota de mercado, passámos de 3% para 2,5%. A conclusão disto é que éramos a terceira maior construtora nacional até 2005, e continuámos a ser a terceira maior depois disso, mas com perda de quota e de valor após esse ano.

Se não houve favorecimento, como explica a alegada ligação do Grupo Lena a José Sócrates?

Há um outro facto explicativo para esta onda. Com a aquisição da Abrantina, veio o alvará de classe 9 para outras actividades, como portos, aeroportos e ferrovias, por exemplo. A aquisição da Abrantina pode ter sido uma má operação financeira, mas foi um tiro no porta-aviões em termos estratégicos. E depois, a partir daí, criou-se essa falácia de que o Grupo Lena foi beneficiado.

E não foi?

Fomos e sempre seremos favorecidos por um item, que é o trabalho. É uma maldade alguém indexar aquilo que nós fazemos a quaisquer outros pressupostos, quaisquer que eles sejam. O Grupo Lena é responsável pelo sustento de mais de seis mil famílias, paga 300 milhões de euros de salários e 90 milhões em impostos por ano. É preciso muita irresponsabilidade quando não se tem em conta estes factores. Tudo isto é demasiado irresponsável para ser verdade, mas o facto é que é.

O presidente da comissão executiva do Grupo Lena insurge-se contra a associação que tem sido feita entre a empresa e os arguidos do caso ‘Operação Marquês', dos quais destaca o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

A ligação que tem sido feita entre a Lena e o caso da Operação Marquês tem prejudicado a actividade operacional do grupo?

Claro que sim. A confiança é fundamental para qualquer negócio e tudo o que a afecte, mesmo injustamente, afecta as empresas.

Quando diz injustamente, quer dizer que não existe qualquer ligação do grupo às acusações que impendem sobre o ex-primeiro-ministro José Sócrates?

A única ligação que existe do Grupo Lena ao caso ‘Operação Marquês', relativo ao engenheiro José Sócrates, é o seu relacionamento com Carlos Santos Silva, que trabalha como projectista e prestador de serviços para o Grupo Lena há mais de 30 anos e foi administrador não executivo de uma empresa do grupo por cerca de oito meses. Essa relação de Carlos Santos Silva de alguma forma acabou por perversamente ligar o Grupo Lena ao engenheiro José Sócrates. Uma situação que não aconteceria se tivesse sido respeitado o segredo de justiça.

Conhece José Sócrates pessoalmente?

No que respeita à abordagem do negócio da Venezuela, quero apenas dizer que eu cumprimentei José Sócrates duas vezes em dois eventos públicos e nunca tive qualquer outro tipo de contacto. Tenho que admitir que José Sócrates tinha uma grande predisposição para que Portugal saísse para exportar, para ganhar mercados externos. Algo que, no meu entender, é a missão de um gestor político e que o nosso actual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, faz igualmente bem.

Na Venezuela, o Grupo Lena beneficiou da diplomacia económica de José Sócrates?

Nos contratos que o Grupo Lena ganhou na Venezuela, a diplomacia económica actuou. Mas não foi a diplomacia económica que ganhou o contrato. Nem de perto, nem de longe. Ficámos como o parente pobre em todos os contratos de construção, porque ficámos com a parcela da construção de casas para habitação social, que tem preços baixos tabelados, com margens reduzidíssimas. Para entrarmos na Venezuela, tínhamos feito uma primeira abordagem na década de 70 e já em 2000 tínhamos sido convidados para construir casas, um processo espoletado a partir da Lena Brasil.

E quanto às alegações de favorecimento de José Sócrates ao Grupo Lena no mercado interno?

Segundo os dados solicitados pela Lena à AECOPS [uma associação sectorial da construção], no período entre 1998 e 2004, um período de sete anos antes de José Sócrates chegar ao poder, a Lena, mais a Abrantina [entretanto adquirida], ganharam empreitadas no valor de 657 milhões de euros. Já no período do Governo de José Sócrates, o grupo conseguiu adjudicações de 535 milhões de euros. Ou seja, em termos práticos, registámos uma perda absoluta, para períodos equivalentes, de cerca de 120 milhões de euros. Em termos de quota de mercado, passámos de 3% para 2,5%. A conclusão disto é que éramos a terceira maior construtora nacional até 2005, e continuámos a ser a terceira maior depois disso, mas com perda de quota e de valor após esse ano.

Se não houve favorecimento, como explica a alegada ligação do Grupo Lena a José Sócrates?

Há um outro facto explicativo para esta onda. Com a aquisição da Abrantina, veio o alvará de classe 9 para outras actividades, como portos, aeroportos e ferrovias, por exemplo. A aquisição da Abrantina pode ter sido uma má operação financeira, mas foi um tiro no porta-aviões em termos estratégicos. E depois, a partir daí, criou-se essa falácia de que o Grupo Lena foi beneficiado.

E não foi?

Fomos e sempre seremos favorecidos por um item, que é o trabalho. É uma maldade alguém indexar aquilo que nós fazemos a quaisquer outros pressupostos, quaisquer que eles sejam. O Grupo Lena é responsável pelo sustento de mais de seis mil famílias, paga 300 milhões de euros de salários e 90 milhões em impostos por ano. É preciso muita irresponsabilidade quando não se tem em conta estes factores. Tudo isto é demasiado irresponsável para ser verdade, mas o facto é que é.

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