Devaneios Desintéricos: da qualidade do jornalismo

21-01-2012
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É nos assuntos ditos "fracturantes" que se avalia o melhor ou pior jornalismo que alimenta uma sociedade assim como, em última análise, os preconceitos que movem esta última. A VIII Marcha pelos direitos homossexuais, assim como o XI Arraial Pride, de ontem são um excelente laboratório de análise. A SIC alinhou-se num registo maduro de seriedade e objectividade, preferindo destacar as razões do alargamento do casamento civil a homossexuais, destacando os problemas práticos da vida de um homossexual. Sem clichés nem ideias feitas. No mesmo registo, também o Diário de Notícias nos apresentou uma reportagem de paralelo entre um casamento que ocorria nas imediações da Marcha e os desejos daqueles que, ne ssa manifestação, a ele não têm acesso.A excepção veio, como não podia deixar de ser, da RTP, estação dita séria e de serviço público. Numa reportagem assinada por Rita Marrafa de Carvalho, ridicularizou-se por completo o individuo homossexual. Transmitiu-se, pela exclusividade das imagens emitidas, a ideia de que os homossexuais são indivíduos excêntricos "vestidos de rainhas" (sic), bailando-se de língua de fora contra uma parede. Banalizou-se o ridículo ao arrepio de se falar daquilo que nos move: tão simplesmente o direito à indiferença. Rita Marrafa de Carvalho entrevistou polícias, perguntando-lhes se sabiam que a "sua farda correspondia ao imaginário homossexual"; Não se quedando por aqui, abordou um outro indivíduo, perguntando-lhe se"com mangas arregaçadas e ténis de marca" estaria ali por acaso.O posicionamento da RTP, objectivamente alimentador dos preconceitos vigentes não é, afinal de contas, assim tão espantoso. A estação é, e sempre foi, a do regime vigente. E a este poder faz falta que se transmita e se sustente a ideia que somos diferentes. E, como tal, desmerecedores da mesma dignidade de qualquer cidadão.


É nos assuntos ditos "fracturantes" que se avalia o melhor ou pior jornalismo que alimenta uma sociedade assim como, em última análise, os preconceitos que movem esta última. A VIII Marcha pelos direitos homossexuais, assim como o XI Arraial Pride, de ontem são um excelente laboratório de análise. A SIC alinhou-se num registo maduro de seriedade e objectividade, preferindo destacar as razões do alargamento do casamento civil a homossexuais, destacando os problemas práticos da vida de um homossexual. Sem clichés nem ideias feitas. No mesmo registo, também o Diário de Notícias nos apresentou uma reportagem de paralelo entre um casamento que ocorria nas imediações da Marcha e os desejos daqueles que, ne ssa manifestação, a ele não têm acesso.A excepção veio, como não podia deixar de ser, da RTP, estação dita séria e de serviço público. Numa reportagem assinada por Rita Marrafa de Carvalho, ridicularizou-se por completo o individuo homossexual. Transmitiu-se, pela exclusividade das imagens emitidas, a ideia de que os homossexuais são indivíduos excêntricos "vestidos de rainhas" (sic), bailando-se de língua de fora contra uma parede. Banalizou-se o ridículo ao arrepio de se falar daquilo que nos move: tão simplesmente o direito à indiferença. Rita Marrafa de Carvalho entrevistou polícias, perguntando-lhes se sabiam que a "sua farda correspondia ao imaginário homossexual"; Não se quedando por aqui, abordou um outro indivíduo, perguntando-lhe se"com mangas arregaçadas e ténis de marca" estaria ali por acaso.O posicionamento da RTP, objectivamente alimentador dos preconceitos vigentes não é, afinal de contas, assim tão espantoso. A estação é, e sempre foi, a do regime vigente. E a este poder faz falta que se transmita e se sustente a ideia que somos diferentes. E, como tal, desmerecedores da mesma dignidade de qualquer cidadão.

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