Estórias de Ferreira: A preparatória

30-06-2011
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Estava a desfolhar o Despertar do Zêzere desta quinzena, quando vi um artigo a anunciar um concurso de ideias para um logotipo que identifique a escola E/B 2/3 Pedro Ferreiro... uma escola onde eu fiz o preparatória e a secundária, até ao 9º ano, porque antigamente era só até aí que a escola suportava, depois, para quem continuava “agarrado aos livros” era preciso ir para Tomar.Passei bons tempos nesta escola. Já agora, se alguém que está a ler isto está interessado em participar no dito concurso do logotipo, vou deixar aqui umas dicas que talvez sirvam de inspiração... ou se calhar é melhor não !Quando acabei a 4ª classe lá fui eu a Ferreira matricular-me no ciclo, é claro que fui com os meus pais, preenchida a papelada cometi a minha primeira gafe, escolhi por imposição familiar, a disciplina de françês, grande erro de que me arrependi logo no fim da 2ª aula (a primeira foi a apresentação, só estivemos lá 10 minutos). O meu pai lá achou que tinhamos de aprender o françês porque no verão a malta que vinha lá de fora falava francês, portanto seria útil quanto mais não seja para perceber as palavras que enfiavam no meio das frases, meias faladas em português. Lembro-me do pânico de uma prova oral que fiz uma vez para tentar não chumbar à disciplina, a primeira pergunta foi, “conjuga o verbo avoir ?” e eu, muito convicto avancei... “Je suis, tu es, etc…" claro que quando acabei de conjugar a frase seguinte que ouvi da professora foi : “Podes sair”, sem perceber muito bem porquê lá saí, foi quando o “francês”, um colega que era barra naquilo porque era filho de emigrantes, me disse, “epá, mà tu enganaste no verbo”, escusado será dizer que foi para esquecer.Os intervalos eram por norma muito preenchidos, havia actividades para todos os gostos, normalmente ia com a malta da turma, rapaziada porreira, para trás do refeitório ou do pavilhão jogar à moeda, o jogo era mais ou menos assim, cada um tinha uma moeda, normalmente era de 2$50 (que eram as que davam nos matrecos do mouquito) e fazia-se assim, cada um atirava a moeda à parede de forma a que no ricochete esta ficasse a menos de um palmo de outra qualquer, se fosse o caso quem tinha atirado a moeda ficava com todas as que estivessem no raio. Normalmente as moedas não ficavam em bom estado, era preciso ter algum cuidado porque senão não eram aceites em sitios tão importantes como no buffete ou nas senhas do almoço o que podia representar um dia um bocado mal passado. Era divertido, muito embora houvesse gajos com uns dedos compridos como ò caraças! Nunca tive grade sorte com esse jogo.O mouquito era a “casa de jogos” mais acessível para gastar as moeditas capturadas, quando havia “furo” lá íamos nós, entrávamos pela tasca e percorríamos um labirinto até chegar à adega, onde estavam duas mesas de matrecos prontinhas para mais uma jogatina, era viciante, mas como as moedas não eram muitas normalmente o vicio acabava-se depressa. foram jogadas muitas bolas naquela adega do "mouquito" ainda recordo as enormes pipas que lá estavam que serviam para abastecer o jarros de vinho que iam para a tasca, o dia proibido para estas jogatinas era a 2ª feira, dia de mercado o que significava uma perigosa afluência de pessoas conhecidas à vila.Outro dos jogos que “estava a dar” quando entrei para lá foi o peão, lá pedi ao meu pai para me comprar um peão e uma baraça, e fui exprimentar, parecia interessante no inicio mas cedo percebi que com aquele pião não me safava, não tinha uma “ferreta” comprida e bicuda por isso ficava sempre enterrado na terra dentro da roda, a levar “porrada” por tudo quanto é sitio até ser atirado para fora. Depois de uma operação de “tunning” o peão lá tomou um aspecto mais decente, como tinha perdido a cabeça espetei-lhe um prego de alto a baixo e ficou com um bico á maneira, com uma limadela dada à socapa nas aulas de trabalhos manuais o peão ficou quase pronto a bater-se com os outros, depois foi só espertar-lhe um monte de pioneses de forma a protege-lo dos ataques e prontos lá consegui uma prestação mais ou menos decente.A noite já vai longa e por isso acabo por hoje esta estória, no entanto prometo contar outras aventuras não menos radicais como as descidas de carrasca na encosta do “picoto” ou as idas às “lages grandes”.


Estava a desfolhar o Despertar do Zêzere desta quinzena, quando vi um artigo a anunciar um concurso de ideias para um logotipo que identifique a escola E/B 2/3 Pedro Ferreiro... uma escola onde eu fiz o preparatória e a secundária, até ao 9º ano, porque antigamente era só até aí que a escola suportava, depois, para quem continuava “agarrado aos livros” era preciso ir para Tomar.Passei bons tempos nesta escola. Já agora, se alguém que está a ler isto está interessado em participar no dito concurso do logotipo, vou deixar aqui umas dicas que talvez sirvam de inspiração... ou se calhar é melhor não !Quando acabei a 4ª classe lá fui eu a Ferreira matricular-me no ciclo, é claro que fui com os meus pais, preenchida a papelada cometi a minha primeira gafe, escolhi por imposição familiar, a disciplina de françês, grande erro de que me arrependi logo no fim da 2ª aula (a primeira foi a apresentação, só estivemos lá 10 minutos). O meu pai lá achou que tinhamos de aprender o françês porque no verão a malta que vinha lá de fora falava francês, portanto seria útil quanto mais não seja para perceber as palavras que enfiavam no meio das frases, meias faladas em português. Lembro-me do pânico de uma prova oral que fiz uma vez para tentar não chumbar à disciplina, a primeira pergunta foi, “conjuga o verbo avoir ?” e eu, muito convicto avancei... “Je suis, tu es, etc…" claro que quando acabei de conjugar a frase seguinte que ouvi da professora foi : “Podes sair”, sem perceber muito bem porquê lá saí, foi quando o “francês”, um colega que era barra naquilo porque era filho de emigrantes, me disse, “epá, mà tu enganaste no verbo”, escusado será dizer que foi para esquecer.Os intervalos eram por norma muito preenchidos, havia actividades para todos os gostos, normalmente ia com a malta da turma, rapaziada porreira, para trás do refeitório ou do pavilhão jogar à moeda, o jogo era mais ou menos assim, cada um tinha uma moeda, normalmente era de 2$50 (que eram as que davam nos matrecos do mouquito) e fazia-se assim, cada um atirava a moeda à parede de forma a que no ricochete esta ficasse a menos de um palmo de outra qualquer, se fosse o caso quem tinha atirado a moeda ficava com todas as que estivessem no raio. Normalmente as moedas não ficavam em bom estado, era preciso ter algum cuidado porque senão não eram aceites em sitios tão importantes como no buffete ou nas senhas do almoço o que podia representar um dia um bocado mal passado. Era divertido, muito embora houvesse gajos com uns dedos compridos como ò caraças! Nunca tive grade sorte com esse jogo.O mouquito era a “casa de jogos” mais acessível para gastar as moeditas capturadas, quando havia “furo” lá íamos nós, entrávamos pela tasca e percorríamos um labirinto até chegar à adega, onde estavam duas mesas de matrecos prontinhas para mais uma jogatina, era viciante, mas como as moedas não eram muitas normalmente o vicio acabava-se depressa. foram jogadas muitas bolas naquela adega do "mouquito" ainda recordo as enormes pipas que lá estavam que serviam para abastecer o jarros de vinho que iam para a tasca, o dia proibido para estas jogatinas era a 2ª feira, dia de mercado o que significava uma perigosa afluência de pessoas conhecidas à vila.Outro dos jogos que “estava a dar” quando entrei para lá foi o peão, lá pedi ao meu pai para me comprar um peão e uma baraça, e fui exprimentar, parecia interessante no inicio mas cedo percebi que com aquele pião não me safava, não tinha uma “ferreta” comprida e bicuda por isso ficava sempre enterrado na terra dentro da roda, a levar “porrada” por tudo quanto é sitio até ser atirado para fora. Depois de uma operação de “tunning” o peão lá tomou um aspecto mais decente, como tinha perdido a cabeça espetei-lhe um prego de alto a baixo e ficou com um bico á maneira, com uma limadela dada à socapa nas aulas de trabalhos manuais o peão ficou quase pronto a bater-se com os outros, depois foi só espertar-lhe um monte de pioneses de forma a protege-lo dos ataques e prontos lá consegui uma prestação mais ou menos decente.A noite já vai longa e por isso acabo por hoje esta estória, no entanto prometo contar outras aventuras não menos radicais como as descidas de carrasca na encosta do “picoto” ou as idas às “lages grandes”.

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