Devaneios Desintéricos: festarolas patrióticas

21-01-2012
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Para as democracias, os tempos que correm são cada vez mais complicados. Encurralados entre demagogias securitárias e o renascimento de um receio anti estrangeiro (uma xenofobia que, embora tímida, começa a ser relativamente generalizada), presos num turbilhão de simbologias e forças globalizadas e globalizantes, os Estados revelam-se incapazes de continuar a aplicar uma lógica política racional, cedendo de modo demasiado fácil à mais simples tentação de regressão democrática. E é assim, que numa vã tentativa de rebuscar valores perdidos, por exemplo, se discute na progressista Nova Zelândia a possibilidade, cada vez mais forte, de serem reintroduzidas as escolas unisexo, com uma divisão total entre colégios femininos e masculinos. Ou, mais perto de nós, que se assiste a uma curiosa alteração das legislações de atribuição de cidadania de um estado, procurando temperar aquilo que são necessidades económicas de imigração com floreados legislativos, altamente indiciadores de uma dada concepção de cidadania, orgulhosamente regressada a atavismos de outro tempo. É assim no Reino Unido do trabalhista Labour Party onde recentemente a legislação passou a obrigar o candidato a britânico a passar um "britishness test" , sendo que o candidato aprovado será convidado a particpar numa cerimónia onde, além de honrar a rainha e jurar fidelidade aos "valores britânicos", poderá tomar chá inglês e comer biscoitos britânicos. Cerimónias idêntica tem a liberal e progressista Holanda: A foto que encabeça este post, publicada no diário Le soir (editado em Bruxelas, Bélgica), foi tirada na festa de celebração da naturalização de 250 cidadãos tornados holandeses. De gravata e fatinho aprumado, em palco defronte a população local - qual cerimónia catársica de uma qualquer seita religiosa- os imigrantes juraram, um por um, defender os valores holandeses enquanto, ao fundo, se ouvia o hino nacional dos Países Baixos. Novos tempos. Novas demagogias. O disparate de sempre.


Para as democracias, os tempos que correm são cada vez mais complicados. Encurralados entre demagogias securitárias e o renascimento de um receio anti estrangeiro (uma xenofobia que, embora tímida, começa a ser relativamente generalizada), presos num turbilhão de simbologias e forças globalizadas e globalizantes, os Estados revelam-se incapazes de continuar a aplicar uma lógica política racional, cedendo de modo demasiado fácil à mais simples tentação de regressão democrática. E é assim, que numa vã tentativa de rebuscar valores perdidos, por exemplo, se discute na progressista Nova Zelândia a possibilidade, cada vez mais forte, de serem reintroduzidas as escolas unisexo, com uma divisão total entre colégios femininos e masculinos. Ou, mais perto de nós, que se assiste a uma curiosa alteração das legislações de atribuição de cidadania de um estado, procurando temperar aquilo que são necessidades económicas de imigração com floreados legislativos, altamente indiciadores de uma dada concepção de cidadania, orgulhosamente regressada a atavismos de outro tempo. É assim no Reino Unido do trabalhista Labour Party onde recentemente a legislação passou a obrigar o candidato a britânico a passar um "britishness test" , sendo que o candidato aprovado será convidado a particpar numa cerimónia onde, além de honrar a rainha e jurar fidelidade aos "valores britânicos", poderá tomar chá inglês e comer biscoitos britânicos. Cerimónias idêntica tem a liberal e progressista Holanda: A foto que encabeça este post, publicada no diário Le soir (editado em Bruxelas, Bélgica), foi tirada na festa de celebração da naturalização de 250 cidadãos tornados holandeses. De gravata e fatinho aprumado, em palco defronte a população local - qual cerimónia catársica de uma qualquer seita religiosa- os imigrantes juraram, um por um, defender os valores holandeses enquanto, ao fundo, se ouvia o hino nacional dos Países Baixos. Novos tempos. Novas demagogias. O disparate de sempre.

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