Devaneios Desintéricos: Woeser

24-01-2012
marcar artigo


A palavra sempre foi e será um forte veículo de mutação social e política. A poetisa tibetana Woeser, nascida em Lhasa em 1966, sabe-o bem. Sendo um dos grandes expoentes das novas tendências na Literatura contemporânea tibetana, Woeser estudou Literatura Chinesa no Instituto Superior das Nacionalidades do Sudoeste, em Chengdu. Cedo iniciou a sua escrita, através de uma criteriosa análise de problemáticas sociais, em particular aquelas que afectam a sua terra natal - o Tibete, como sabido, território ocupado por Pequim. Paradoxalmente, a grande arma da poetisa tem sido o facto de ser uma das poucas escritoras tibetanas que utilizam o mandarim como veículo de expressão, conseguindo facilmente generalizar a sua mensagem literária e política. O seu segundo livro dado à estampa, editado em Guangzhou e denominado «Notas sobre o Tibete», foi censurado em 2004, por falar em termos positivos do Dalai Lama - ousadia essa que lhe valeu o despedimento e ter de escrever uma carta de auto-censura a reconhecer os seus «erros políticos». à altura, o comité de censura declarou que "a autora emitiu opiniões que prejudicam a unificação da nossa nação", acrescentando ainda que Woeser "abandonou a responsabilidade social que um escritor contemporâneo tem que ter e perdeu o seu empenhamento político por uma sociedade livre e progressista, apoiando Dalai Lama e encorajando a religião". Contudo, a sua escrita continuou perigosa aos olhos do Poder Político. Há alguns dias atrás, o Executivo de Pequim ordenou o encerramento do sítio «Dijing- democracy.net», mantido pelo escritor chinês Wang Lixiong, marido da poetisa. Agora, o Governo chinês tomou nova posição mandando fechar os blogues da escritora, também conhecida por Oser Wei Se. Dos dois blogues (este e aquele) de Woeser, constavam poemas de sua autoria, ensaios sobre a cultura tibetana e artigos do marido. A decisão de Pequim ter-se-à baseado no tipo de temas abordados, que incluíam comentários sobre o problema da SIDA no Tibete assim como análises do impacto que terá sobre o povo tibetano a recente inauguração do comboio Pequim-Lhasa. Depois do recente assassinato do jornalista Wu Xianghu, restam poucas dúvidas do carácter "progressista" da "democracia popular" chinesa...


A palavra sempre foi e será um forte veículo de mutação social e política. A poetisa tibetana Woeser, nascida em Lhasa em 1966, sabe-o bem. Sendo um dos grandes expoentes das novas tendências na Literatura contemporânea tibetana, Woeser estudou Literatura Chinesa no Instituto Superior das Nacionalidades do Sudoeste, em Chengdu. Cedo iniciou a sua escrita, através de uma criteriosa análise de problemáticas sociais, em particular aquelas que afectam a sua terra natal - o Tibete, como sabido, território ocupado por Pequim. Paradoxalmente, a grande arma da poetisa tem sido o facto de ser uma das poucas escritoras tibetanas que utilizam o mandarim como veículo de expressão, conseguindo facilmente generalizar a sua mensagem literária e política. O seu segundo livro dado à estampa, editado em Guangzhou e denominado «Notas sobre o Tibete», foi censurado em 2004, por falar em termos positivos do Dalai Lama - ousadia essa que lhe valeu o despedimento e ter de escrever uma carta de auto-censura a reconhecer os seus «erros políticos». à altura, o comité de censura declarou que "a autora emitiu opiniões que prejudicam a unificação da nossa nação", acrescentando ainda que Woeser "abandonou a responsabilidade social que um escritor contemporâneo tem que ter e perdeu o seu empenhamento político por uma sociedade livre e progressista, apoiando Dalai Lama e encorajando a religião". Contudo, a sua escrita continuou perigosa aos olhos do Poder Político. Há alguns dias atrás, o Executivo de Pequim ordenou o encerramento do sítio «Dijing- democracy.net», mantido pelo escritor chinês Wang Lixiong, marido da poetisa. Agora, o Governo chinês tomou nova posição mandando fechar os blogues da escritora, também conhecida por Oser Wei Se. Dos dois blogues (este e aquele) de Woeser, constavam poemas de sua autoria, ensaios sobre a cultura tibetana e artigos do marido. A decisão de Pequim ter-se-à baseado no tipo de temas abordados, que incluíam comentários sobre o problema da SIDA no Tibete assim como análises do impacto que terá sobre o povo tibetano a recente inauguração do comboio Pequim-Lhasa. Depois do recente assassinato do jornalista Wu Xianghu, restam poucas dúvidas do carácter "progressista" da "democracia popular" chinesa...

marcar artigo