Devaneios Desintéricos: O trigo, o petróleo e os cangurus

24-01-2012
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Na (cada vez menor) lista de estados seguidores acríticos da política de Washington aparece, num lugar relativamente cimeiro, o actual Governo de Camberra. Se é verdade que o executivo de John Howard, baseado no conservador Liberal Party of Australia sempre se marcou por um “interessante” seguidismo da política anti terrorista de Bush, não é menos verdade que os ataques a Bali – estância turística indonésia - forneceram as acendalhas necessárias ao discurso flamejante do securitismo e da demagogia fácil do ataque ao estrangeiro. E a Austrália das prerrogativas sociais e das liberdades cívicas viu serem suprimidas uma série de liberdades e garantias. E, contrariamente ao que dizem os episódios do “BBC Vida Selvagem”, não terá sido apenas a população de cangurus a aumentar por aqueles lados do Globo. Recentemente, na sequência da sua nova política de “segurança doméstica”, Howard decidiu-se pela duplicação de agentes secretos em território nacional australiano encetando, assim, um plano alargado de refundação dos pressupostos securitários da sociedade koala. Enfim, nada de novo, sendo aquilo que se vai testemunhando por esse Mundo fora... Recentemente, contudo, o Sydney Morning Herald, prontamente seguido por outros títulos australianos, tem vindo a sustentar um autêntico escândalo político que ameaça já a estabilidade do executivo de Howard. Segundo os órgãos de comunicação social local, as empresas Petrolíferas Australianas terão beneficiado activamente do Programa das Nações Unidas para o Iraque "Petróleo por Alimentos". Caso algum ilustre leitor esteja esquecido, tal programa das Nações Unidas visava, no quadro do embargo então imposto ao Regime de Bagdade, trocar petróleo iraquiano por alimentos internacionais para o Povo Iraquiano. Tudo com fundos das Nações Unidas para o Apoio Humanitário. Ora, pelos vistos, os administradores da gigantesca AWE Australian Wheat Exporter (Empresa Australiana de exportação de Trigo) terão acordado com s admnistradores de Empresas Petrolíferas e com dirigentes iraquianos que o pagamento da dívida iraquiana àquelas empresas de Petróleo seria feito através do incremento (falso) na imputação de custos de exportação de trigo para o Povo do Iraque fazendo a ONU pagar uma quantia por comida que, na realidade, estaria a servir para encher os cofres de empresas australianas de petróleo. Como se tudo isto não bastasse, o The Age acrescenta ainda que importantes dirigentes do Departamento dos Negócios Estrangeiros e do Comércio (órgão homólogo do nosso MNE), e portanto do Governo de Howard, estariam plenamente informados do lodo optando - pasmem-se os mais ingénuos - por fechar os olhinhos... Claro está que a primeira a cair foi a Comissão Executiva da AWE. Será interessante, nos próximos dias, seguir mais este escândalo relacionado com o Iraque. No cômputo final, fica a certeza que as Petrolíferas comeram o dinheiro destinado a alimentar os Iraquianos. E, desse modo, atesta-se uma vez mais a perigosa hipocrisia que, travestida de "preocupação democrática com os oprimidos" tem tomado conta de alguns, senão a larga maioria, dos governos ocidentais. Porque, muito mais do que um gasto e ideológico lugar comum, o que parece mesmo importar os grandes deste mundo são os interesses.

Na (cada vez menor) lista de estados seguidores acríticos da política de Washington aparece, num lugar relativamente cimeiro, o actual Governo de Camberra. Se é verdade que o executivo de John Howard, baseado no conservador Liberal Party of Australia sempre se marcou por um “interessante” seguidismo da política anti terrorista de Bush, não é menos verdade que os ataques a Bali – estância turística indonésia - forneceram as acendalhas necessárias ao discurso flamejante do securitismo e da demagogia fácil do ataque ao estrangeiro. E a Austrália das prerrogativas sociais e das liberdades cívicas viu serem suprimidas uma série de liberdades e garantias. E, contrariamente ao que dizem os episódios do “BBC Vida Selvagem”, não terá sido apenas a população de cangurus a aumentar por aqueles lados do Globo. Recentemente, na sequência da sua nova política de “segurança doméstica”, Howard decidiu-se pela duplicação de agentes secretos em território nacional australiano encetando, assim, um plano alargado de refundação dos pressupostos securitários da sociedade koala. Enfim, nada de novo, sendo aquilo que se vai testemunhando por esse Mundo fora... Recentemente, contudo, o Sydney Morning Herald, prontamente seguido por outros títulos australianos, tem vindo a sustentar um autêntico escândalo político que ameaça já a estabilidade do executivo de Howard. Segundo os órgãos de comunicação social local, as empresas Petrolíferas Australianas terão beneficiado activamente do Programa das Nações Unidas para o Iraque "Petróleo por Alimentos". Caso algum ilustre leitor esteja esquecido, tal programa das Nações Unidas visava, no quadro do embargo então imposto ao Regime de Bagdade, trocar petróleo iraquiano por alimentos internacionais para o Povo Iraquiano. Tudo com fundos das Nações Unidas para o Apoio Humanitário. Ora, pelos vistos, os administradores da gigantesca AWE Australian Wheat Exporter (Empresa Australiana de exportação de Trigo) terão acordado com s admnistradores de Empresas Petrolíferas e com dirigentes iraquianos que o pagamento da dívida iraquiana àquelas empresas de Petróleo seria feito através do incremento (falso) na imputação de custos de exportação de trigo para o Povo do Iraque fazendo a ONU pagar uma quantia por comida que, na realidade, estaria a servir para encher os cofres de empresas australianas de petróleo. Como se tudo isto não bastasse, o The Age acrescenta ainda que importantes dirigentes do Departamento dos Negócios Estrangeiros e do Comércio (órgão homólogo do nosso MNE), e portanto do Governo de Howard, estariam plenamente informados do lodo optando - pasmem-se os mais ingénuos - por fechar os olhinhos... Claro está que a primeira a cair foi a Comissão Executiva da AWE. Será interessante, nos próximos dias, seguir mais este escândalo relacionado com o Iraque. No cômputo final, fica a certeza que as Petrolíferas comeram o dinheiro destinado a alimentar os Iraquianos. E, desse modo, atesta-se uma vez mais a perigosa hipocrisia que, travestida de "preocupação democrática com os oprimidos" tem tomado conta de alguns, senão a larga maioria, dos governos ocidentais. Porque, muito mais do que um gasto e ideológico lugar comum, o que parece mesmo importar os grandes deste mundo são os interesses.

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