Devaneios Desintéricos: jornalismo disentérico

21-01-2012
marcar artigo


Tenho assistido atónito, não sem algum espanto, ao desenrolar da novela "universidade independente" que alimenta o jornalismo e a blogoesfera lusa. Existem, por certo, princípios basilares que devem nortear uma democracia. Uma sociedade democraticamente madura exige dos seus políticos a transparência dos métodos, privados e políticos, de ascensão ao poder. Sindica com particular veemência as decisões políticas e, sobretudo, os critérios que as norteiam. Procura, no uso das suas prerrogativas políticas, empenhar-se na coisa pública procurando as melhores soluções para o Bem Comum, no quadro de um salutar debate político. É aqui que a imprensa surge como garante e veículo, em Democracia, dessa sindicância pública. É certo que, a fazer fé nalgumas fontes noticiosas, existiu uma "questão" que, por se conformar como politicamente premente, merecia ab initio o remate político de Sócrates buscando conceder a explicação, livre e sem reservas, que se impunha. Não o fez preferindo, não certamente por ingenuidade política, apresentar as suas explicações com 20 dias de atraso tendo a arrogância do seu silêncio potenciado semelhante "crise" política.Errou. Fê-lo tarde. Mas Sócrates falou.Posto isso, é preciso que se diga que as notícias sucessivamente vindas a público com as quais se tem embebedado a opinião pública- na sua essência questículas burocráticas tendencialmente irrelevantes - uma vez "esprimidas" nada traduzem para além daquela mera dúvida política inicial que, embora demasiado tarde, foi respondida. A obsessão blogoesférica pelo assunto, aliás potenciada pela constante disenteria de títulos completamente irrelevantes na linha do "Sócrates não ia às aulas" ou "os professores não conheciam Sócrates" traduzem um decréscimo da qualidade jornalística portuguesa que fazem legitimamente suspeitar da falta de isenção dos actuais tempos que se vão vivendo na Imprensa portuguesa.O efeito, para a imprensa, poderá ser contaproducente porquanto o atacado sairá "vítima às mãos de uma campanha impiedosa". É que o tal veículo de sindicância que acima referimos tem que ser tendencialmente portador de uma isenção e rectidão que, é certo, estão em vias de desaparecimento nesta sociedade da maquinação do imediato e do sensacional. Não obstante, só a sensatez de um jornalismo responsável, mas isento e independente, nos garantem a qualidade de um regime democrático. Suspeito que nenhum dos três requisitos se esteja a verificar nesta novela.


Tenho assistido atónito, não sem algum espanto, ao desenrolar da novela "universidade independente" que alimenta o jornalismo e a blogoesfera lusa. Existem, por certo, princípios basilares que devem nortear uma democracia. Uma sociedade democraticamente madura exige dos seus políticos a transparência dos métodos, privados e políticos, de ascensão ao poder. Sindica com particular veemência as decisões políticas e, sobretudo, os critérios que as norteiam. Procura, no uso das suas prerrogativas políticas, empenhar-se na coisa pública procurando as melhores soluções para o Bem Comum, no quadro de um salutar debate político. É aqui que a imprensa surge como garante e veículo, em Democracia, dessa sindicância pública. É certo que, a fazer fé nalgumas fontes noticiosas, existiu uma "questão" que, por se conformar como politicamente premente, merecia ab initio o remate político de Sócrates buscando conceder a explicação, livre e sem reservas, que se impunha. Não o fez preferindo, não certamente por ingenuidade política, apresentar as suas explicações com 20 dias de atraso tendo a arrogância do seu silêncio potenciado semelhante "crise" política.Errou. Fê-lo tarde. Mas Sócrates falou.Posto isso, é preciso que se diga que as notícias sucessivamente vindas a público com as quais se tem embebedado a opinião pública- na sua essência questículas burocráticas tendencialmente irrelevantes - uma vez "esprimidas" nada traduzem para além daquela mera dúvida política inicial que, embora demasiado tarde, foi respondida. A obsessão blogoesférica pelo assunto, aliás potenciada pela constante disenteria de títulos completamente irrelevantes na linha do "Sócrates não ia às aulas" ou "os professores não conheciam Sócrates" traduzem um decréscimo da qualidade jornalística portuguesa que fazem legitimamente suspeitar da falta de isenção dos actuais tempos que se vão vivendo na Imprensa portuguesa.O efeito, para a imprensa, poderá ser contaproducente porquanto o atacado sairá "vítima às mãos de uma campanha impiedosa". É que o tal veículo de sindicância que acima referimos tem que ser tendencialmente portador de uma isenção e rectidão que, é certo, estão em vias de desaparecimento nesta sociedade da maquinação do imediato e do sensacional. Não obstante, só a sensatez de um jornalismo responsável, mas isento e independente, nos garantem a qualidade de um regime democrático. Suspeito que nenhum dos três requisitos se esteja a verificar nesta novela.

marcar artigo