Devaneios Desintéricos: turquemenistão

27-01-2012
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Eis uma foto do Arco da Neutralidade. Trata-se de um interessante monumento erigido na capital do Turquemenistão, sendo a construção mais alta da cidade de Ashgabat. No topo desta singela edificação (que até tem elevadores panorâmicos) está uma estátua de Saparmurat Niyazov, o ditador totalitário detentor das rédeas do poder desde da queda da União Soviética, que executa a cada 24 horas uma rotação completa de 360 graus para que o líder nunca deixe de encarar o Sol. Assim se enforma, através de um monumento, a substância de uma das piores ditaduras que o Mundo viu surgir na segunda metade do século XX. Saparmurat Niyazov dirigiu o Turquemenistão com punho de ferro desde que, aproveitando a queda da URSS e sendo à altura secretário do Partido Comunista da República Soviética do Turquemenistão, tomou vitaliciamente o controlo do país. O seu legado para a História do Totalitarismo é imenso sendo de referir, entre outras coisas, que:proibiu actividades politicamente subversivas como o ballet, a ópera ou até os jogos de computador;proibiu os jovens de usarem barba ou cabelo comprido;proibiu e fechou hospitais, bibliotecas e parques naturais fora da capital. Todo o individuo que eventualmente se sinta doente, deverá fazer a viagem até à capital (isto num país maior que Portugal e sem estruturas viárias). Por outro lado, é entendimento do regime que o cidadão comum não deverá ler outro livro que não o Ruhnama, código para-religioso criado pelo próprio Saparmurat Niyazov que, composto por passagens messiânicas do regime e ditames morais, constitui base única do ensino do país desde da educação primária até à Universidade.Para tirar a carta de condução ou conseguir um emprego, é preciso provar que se lê regularmente o "livro sagrado". Por outro lado, os imãs que recusaram leccionar os ensinamentos do Ruhnama, viram as suas mesquitas destruídas;proibiu ser tratado publicamente apenas pelo seu nome. Toda e qualquer referência à sua pessoa deverá ser sempre nos moldes seguintes: "Sua Excelência Saparmurat Niyazov, presidente vitalício do Turquemenistão e do Conselho de Ministros, líder de todos os etnico-turqueménos";proibiu o Juramento de Hipócrates. Os médicos continuam a jurar, mas ao presidente.Em janeiro de 2006, proibiu a entrega de pensões sociais a um terço dos cidadãos mais velhos do País. Outros 200000 viram a sua pensão reduzida e foram obrigados, sem razão aparente, a restituir ao estado os últimos dois anos de pensão. Da decisão resultou o avanço da Pobreza extrema por entre a terceira idade, trazendo a Fome e a Morte.proibiu auto rádios, música comercial e generalizou o controlo por videovigilância da população;alterou o nome dos meses para nomes alusivos a si mesmo e à sua família;espalhou outdoors e cartazes com a sua foto ( e alguns até com a sua mãe, figura adorada que "trouxe ao mundo o Salvador") por todo o país. Incluindo no deserto;e, claro está, não podia faltar ao cocktail usual a tortura, as execuções e as perseguições a que este tipo de regimes já nos habituaram...A boa notícia é que o "cavalheiro" morreu de ataque cardíaco. A lamentar, no entanto, que, à semelhança de tantos outros, não tenha conhecido a Justiça que merecia.


Eis uma foto do Arco da Neutralidade. Trata-se de um interessante monumento erigido na capital do Turquemenistão, sendo a construção mais alta da cidade de Ashgabat. No topo desta singela edificação (que até tem elevadores panorâmicos) está uma estátua de Saparmurat Niyazov, o ditador totalitário detentor das rédeas do poder desde da queda da União Soviética, que executa a cada 24 horas uma rotação completa de 360 graus para que o líder nunca deixe de encarar o Sol. Assim se enforma, através de um monumento, a substância de uma das piores ditaduras que o Mundo viu surgir na segunda metade do século XX. Saparmurat Niyazov dirigiu o Turquemenistão com punho de ferro desde que, aproveitando a queda da URSS e sendo à altura secretário do Partido Comunista da República Soviética do Turquemenistão, tomou vitaliciamente o controlo do país. O seu legado para a História do Totalitarismo é imenso sendo de referir, entre outras coisas, que:proibiu actividades politicamente subversivas como o ballet, a ópera ou até os jogos de computador;proibiu os jovens de usarem barba ou cabelo comprido;proibiu e fechou hospitais, bibliotecas e parques naturais fora da capital. Todo o individuo que eventualmente se sinta doente, deverá fazer a viagem até à capital (isto num país maior que Portugal e sem estruturas viárias). Por outro lado, é entendimento do regime que o cidadão comum não deverá ler outro livro que não o Ruhnama, código para-religioso criado pelo próprio Saparmurat Niyazov que, composto por passagens messiânicas do regime e ditames morais, constitui base única do ensino do país desde da educação primária até à Universidade.Para tirar a carta de condução ou conseguir um emprego, é preciso provar que se lê regularmente o "livro sagrado". Por outro lado, os imãs que recusaram leccionar os ensinamentos do Ruhnama, viram as suas mesquitas destruídas;proibiu ser tratado publicamente apenas pelo seu nome. Toda e qualquer referência à sua pessoa deverá ser sempre nos moldes seguintes: "Sua Excelência Saparmurat Niyazov, presidente vitalício do Turquemenistão e do Conselho de Ministros, líder de todos os etnico-turqueménos";proibiu o Juramento de Hipócrates. Os médicos continuam a jurar, mas ao presidente.Em janeiro de 2006, proibiu a entrega de pensões sociais a um terço dos cidadãos mais velhos do País. Outros 200000 viram a sua pensão reduzida e foram obrigados, sem razão aparente, a restituir ao estado os últimos dois anos de pensão. Da decisão resultou o avanço da Pobreza extrema por entre a terceira idade, trazendo a Fome e a Morte.proibiu auto rádios, música comercial e generalizou o controlo por videovigilância da população;alterou o nome dos meses para nomes alusivos a si mesmo e à sua família;espalhou outdoors e cartazes com a sua foto ( e alguns até com a sua mãe, figura adorada que "trouxe ao mundo o Salvador") por todo o país. Incluindo no deserto;e, claro está, não podia faltar ao cocktail usual a tortura, as execuções e as perseguições a que este tipo de regimes já nos habituaram...A boa notícia é que o "cavalheiro" morreu de ataque cardíaco. A lamentar, no entanto, que, à semelhança de tantos outros, não tenha conhecido a Justiça que merecia.

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