Devaneios Desintéricos: pipocas e terços

21-01-2012
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Que país é este que hoje está lá fora a escoltar um cadáver? Que Portugal é este que, em pleno séc XXI, se rende à iconografia bolorenta de todo o marketing sócio-político associado a Lúcia? Que Povo é este que se comove com a comoção em directo de Roberto Leal? Que televisões, que serviço público, que religiosidade, que políticos, que mentiras, que verdades, que manipulações...e acima de tudo, que futuro é o nosso? Não sabemos nada disto. Mas sabemos que hoje, lá fora, milhares e milhares de pessoas - milhões através da TV - acompanham o Funeral (em bom rigor, a sequela do primeiro acto) da mulher que o Bispo de Coimbra, aquando da missa do aniversário da sua morte, identificou como modelo existencial para qualquer crente. Exaltamos, sem hesitações, a mulher que viveu fechada, longe de tudo e de todos. Cremos como verdade absoluta (ou pelo menos parece ser essa a posição propugnada pela RTP, televisão do laico estado português) nos (quanto a mim) delírios de quem disse ter visto o sol rodopiar e virgens a pairar sobre azinheiras. Acreditamos, sem questionar, que sua vivência - porque completamente entregue à fé - justifica 9 horas e meia de directos em todos os canais. E, sem mais, uma qualquer doutora cujo nome não apanhei, mas douto parecer escutei, defendia há pouco no directo da TVI que Lúcia não havia vivido apartada do Mundo...Isto porque o Carmelo de Coimbra (já popularmente designado por Caramelo) até Internet tinha. Gáudio o nosso sabermos que as Irmãs, convertidas nem que por um dia em supremas orientadoras espirituais na Fé lusa, estavam ligadas è Net com uma página (e tudo!!) onde podiam receber e-mails. E nós, malandros, que as imaginávamos em supersticiosos e beatos serões de província, presas algures entre Santa Comba Dão e a capelinha das Aparições, mais não temos que mui catolicamente pedir perdão por desconhecermos tal vínculo íntimo com a Vida. O monte de ossos putrefactos que é hoje Lúcia tornou-se num dos melhores negócios de Franchising que Roma podia ter. E Fátima no seu melhor Fast Food. Sentemo-nos, pois então, e apreciemos o espectáculo da manipulação. Há pipocas e terços quanto baste para que cada um expie os seus pecados...


Que país é este que hoje está lá fora a escoltar um cadáver? Que Portugal é este que, em pleno séc XXI, se rende à iconografia bolorenta de todo o marketing sócio-político associado a Lúcia? Que Povo é este que se comove com a comoção em directo de Roberto Leal? Que televisões, que serviço público, que religiosidade, que políticos, que mentiras, que verdades, que manipulações...e acima de tudo, que futuro é o nosso? Não sabemos nada disto. Mas sabemos que hoje, lá fora, milhares e milhares de pessoas - milhões através da TV - acompanham o Funeral (em bom rigor, a sequela do primeiro acto) da mulher que o Bispo de Coimbra, aquando da missa do aniversário da sua morte, identificou como modelo existencial para qualquer crente. Exaltamos, sem hesitações, a mulher que viveu fechada, longe de tudo e de todos. Cremos como verdade absoluta (ou pelo menos parece ser essa a posição propugnada pela RTP, televisão do laico estado português) nos (quanto a mim) delírios de quem disse ter visto o sol rodopiar e virgens a pairar sobre azinheiras. Acreditamos, sem questionar, que sua vivência - porque completamente entregue à fé - justifica 9 horas e meia de directos em todos os canais. E, sem mais, uma qualquer doutora cujo nome não apanhei, mas douto parecer escutei, defendia há pouco no directo da TVI que Lúcia não havia vivido apartada do Mundo...Isto porque o Carmelo de Coimbra (já popularmente designado por Caramelo) até Internet tinha. Gáudio o nosso sabermos que as Irmãs, convertidas nem que por um dia em supremas orientadoras espirituais na Fé lusa, estavam ligadas è Net com uma página (e tudo!!) onde podiam receber e-mails. E nós, malandros, que as imaginávamos em supersticiosos e beatos serões de província, presas algures entre Santa Comba Dão e a capelinha das Aparições, mais não temos que mui catolicamente pedir perdão por desconhecermos tal vínculo íntimo com a Vida. O monte de ossos putrefactos que é hoje Lúcia tornou-se num dos melhores negócios de Franchising que Roma podia ter. E Fátima no seu melhor Fast Food. Sentemo-nos, pois então, e apreciemos o espectáculo da manipulação. Há pipocas e terços quanto baste para que cada um expie os seus pecados...

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