Devaneios Desintéricos: a miragem petrolífera em Bissau

22-01-2012
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Num recente artigo do diário Le Messager, editado em Yaoundé, Camarões, levantou-se a interessante, mas sempre difícil, questão de definir que e qual a noção de desenvolvimento sustentável. No caso presente, estão em causa os ecos que se fazem sentir na imprensa dos estados da costa ocidental africana no tocante à discussão que vem ocupando as elites guineenses em Bissau. Sucede que, recentemente, o Governo da Guiné Bissau assinou um acordo com a Petrobrás, petrolífera brasileira, no sentido de proceder à procura e exploração do petróleo existente na costa guineense. Com uma capacidade de produção estimada em 2400 barris/dia, o executivo de Bissau pretende obter uma nova fonte financeira que permita iniciar uma nova fase na luta contra as dificuldades estruturais da economia guineense. Contudo, as reservas petrolíferas descobertas neste país estão localizadas junto ao Arquipélago dos Bijagós, um frágil ecossistema classificado pela UNESCO como Reserva Biosférica Mundial, num total de 88 ilhas e ilhotas (23 delas habitadas por populações dependentes da pesca). Foi para atentar nos perigos dessa exploração que os técnicos da União Mundial para a Natureza e do Programa Regional para a conservação marítima e costeira organizaram, recentemente, um ciclo de conferências com a sociede civil em Bissau. No entanto, nas ruas da capital guineense, não se fala de outra coisa. A esperança é muita e o "cuidado com os peixes e com as algas" é coisa que, nem de perto nem de longe, passa pela conversa do comum dos cidadãos. Resta saber como exigir a um país pobre que, tendo descoberto petróleo, se abstenha de o explorar. A tentação é muita e as contrapartidas pela desistência são, infelizmente, poucas.O petróleo é, muitas vezes, um presente envenenado...


Num recente artigo do diário Le Messager, editado em Yaoundé, Camarões, levantou-se a interessante, mas sempre difícil, questão de definir que e qual a noção de desenvolvimento sustentável. No caso presente, estão em causa os ecos que se fazem sentir na imprensa dos estados da costa ocidental africana no tocante à discussão que vem ocupando as elites guineenses em Bissau. Sucede que, recentemente, o Governo da Guiné Bissau assinou um acordo com a Petrobrás, petrolífera brasileira, no sentido de proceder à procura e exploração do petróleo existente na costa guineense. Com uma capacidade de produção estimada em 2400 barris/dia, o executivo de Bissau pretende obter uma nova fonte financeira que permita iniciar uma nova fase na luta contra as dificuldades estruturais da economia guineense. Contudo, as reservas petrolíferas descobertas neste país estão localizadas junto ao Arquipélago dos Bijagós, um frágil ecossistema classificado pela UNESCO como Reserva Biosférica Mundial, num total de 88 ilhas e ilhotas (23 delas habitadas por populações dependentes da pesca). Foi para atentar nos perigos dessa exploração que os técnicos da União Mundial para a Natureza e do Programa Regional para a conservação marítima e costeira organizaram, recentemente, um ciclo de conferências com a sociede civil em Bissau. No entanto, nas ruas da capital guineense, não se fala de outra coisa. A esperança é muita e o "cuidado com os peixes e com as algas" é coisa que, nem de perto nem de longe, passa pela conversa do comum dos cidadãos. Resta saber como exigir a um país pobre que, tendo descoberto petróleo, se abstenha de o explorar. A tentação é muita e as contrapartidas pela desistência são, infelizmente, poucas.O petróleo é, muitas vezes, um presente envenenado...

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