Uma história de Amor como tantas outras: Ília, filha do rei de Tróia, resolve apaixonar-se por Idamante, jovem princípe, filho de Idomeneu, o poderoso rei de Creta. Como se não bastasse as normais dificuldades dos amantes, seus pais eram terríveis inimigos...Assim começa "Idomeneu, Rei de Creta", ópera da autoria de Wolfgang Amadeus Mozart que tanta tinta já fez escorrer na Imprensa europeia. Isto porque, aquando da apresentação da sua programação cultural da próxima temporada, a conhecida Deutsche Oper (Ópera de Berlim) emitiu um comunicado de imprensa no qual anunciava a exclusão da obra de Mozart do elenco de espectáculos devido a possibilidade de tal apresentação poder criar celeuma e revolta entre a comunidade islâmica. Pelos vistos, estaria prevista a subida ao palco de uma adaptação de Hans Neuenfels que, procurando abordar as temáticas actuais, incluía uma cena em que o rei Idomeneu transportaria as cabeças de Neptuno, Jesus, Buda e Maomé. Perante a suposta possibilidade de reacções violentas por parte da comunidade islâmica, Kirsten Harms, directora da Deutsche Oper, decidiu-se pela proibição dos 4 espectáculos agendados. A auto censura chega assim, de mansinho, à intelectualidade europeia. Não é um fenómeno novo porquanto já em 1993, face a protestos das associações de imigrantes árabes, o município de Genebra havia retirado da sua programação cultural a peça "Maomé", escrita por Voltaire.Contudo, nos tempos que correm, semelhante acto de auto limitação da liberdade de expressão e criação artística configura um sério problema: o obscurantismo, seja ele qual for ou venha ele de onde vier, soma pontos. E ganha as batalhas de uma guerra que só em Democracia plena podemos ganhar.Também sobre este assunto:Der Spiegel (Frankfurt, Alemanha)El País (Madrid, Espanha)Le Temps (Genebra, Suíça) Der Standard (Viena, Áustria)blog Insustentavel Leveza
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Uma história de Amor como tantas outras: Ília, filha do rei de Tróia, resolve apaixonar-se por Idamante, jovem princípe, filho de Idomeneu, o poderoso rei de Creta. Como se não bastasse as normais dificuldades dos amantes, seus pais eram terríveis inimigos...Assim começa "Idomeneu, Rei de Creta", ópera da autoria de Wolfgang Amadeus Mozart que tanta tinta já fez escorrer na Imprensa europeia. Isto porque, aquando da apresentação da sua programação cultural da próxima temporada, a conhecida Deutsche Oper (Ópera de Berlim) emitiu um comunicado de imprensa no qual anunciava a exclusão da obra de Mozart do elenco de espectáculos devido a possibilidade de tal apresentação poder criar celeuma e revolta entre a comunidade islâmica. Pelos vistos, estaria prevista a subida ao palco de uma adaptação de Hans Neuenfels que, procurando abordar as temáticas actuais, incluía uma cena em que o rei Idomeneu transportaria as cabeças de Neptuno, Jesus, Buda e Maomé. Perante a suposta possibilidade de reacções violentas por parte da comunidade islâmica, Kirsten Harms, directora da Deutsche Oper, decidiu-se pela proibição dos 4 espectáculos agendados. A auto censura chega assim, de mansinho, à intelectualidade europeia. Não é um fenómeno novo porquanto já em 1993, face a protestos das associações de imigrantes árabes, o município de Genebra havia retirado da sua programação cultural a peça "Maomé", escrita por Voltaire.Contudo, nos tempos que correm, semelhante acto de auto limitação da liberdade de expressão e criação artística configura um sério problema: o obscurantismo, seja ele qual for ou venha ele de onde vier, soma pontos. E ganha as batalhas de uma guerra que só em Democracia plena podemos ganhar.Também sobre este assunto:Der Spiegel (Frankfurt, Alemanha)El País (Madrid, Espanha)Le Temps (Genebra, Suíça) Der Standard (Viena, Áustria)blog Insustentavel Leveza