Devaneios Desintéricos: a Era pactícia

21-01-2012
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A semana que passou ficou marcada pela presença musculada do discurso do entendimento, do compromisso, do pacto... A nova tónica da política paroquial portuguesa parece assentar numa série de telefonemas entre um Primeiro Ministro cujo mandato assenta numa legitimidade democrática que lhe confere uma maioria plenária na AR, e o líder da oposição, telefonemas estes devidamente norteados por essa sumidade dos consensos que é o Professor Cavaco Silva. Ora, ninguém parece querer lembra-se de que existe uma Assembleia da República onde, através do livre exercício das suas opções políticas, o Povo Português elegeu representantes para que saudavelmente exerçam o contraditório democrático. Ali mesmo, visível, sindicável e efectuado para todos. Não, nada disso.O Presidente da República prefere, ao invés de exercer o seu poder a posteriori (v.g. através do exercício do poder de veto), promover, como muito bem assinala o Ricardo, a linha bolorenta do pensamento convenientemente único, tendente a perpetuar o status quo desta bocejante política paroquiana dos "pactos de regime" que nada mais faz do que assegurar o de sempre aos suspeitos do costume. Invocar a "conveniência patriótica" dos entendimentos, como muito bom comentador tem feito por aí, é entregar a Democracia representativa às diligentes chamadas telefónicas de Sócrates e Marques Mendes.Espero ao menos, dado que outra modernidade não é possível, que as ditas chamadas sejam 3G...

A semana que passou ficou marcada pela presença musculada do discurso do entendimento, do compromisso, do pacto... A nova tónica da política paroquial portuguesa parece assentar numa série de telefonemas entre um Primeiro Ministro cujo mandato assenta numa legitimidade democrática que lhe confere uma maioria plenária na AR, e o líder da oposição, telefonemas estes devidamente norteados por essa sumidade dos consensos que é o Professor Cavaco Silva. Ora, ninguém parece querer lembra-se de que existe uma Assembleia da República onde, através do livre exercício das suas opções políticas, o Povo Português elegeu representantes para que saudavelmente exerçam o contraditório democrático. Ali mesmo, visível, sindicável e efectuado para todos. Não, nada disso.O Presidente da República prefere, ao invés de exercer o seu poder a posteriori (v.g. através do exercício do poder de veto), promover, como muito bem assinala o Ricardo, a linha bolorenta do pensamento convenientemente único, tendente a perpetuar o status quo desta bocejante política paroquiana dos "pactos de regime" que nada mais faz do que assegurar o de sempre aos suspeitos do costume. Invocar a "conveniência patriótica" dos entendimentos, como muito bom comentador tem feito por aí, é entregar a Democracia representativa às diligentes chamadas telefónicas de Sócrates e Marques Mendes.Espero ao menos, dado que outra modernidade não é possível, que as ditas chamadas sejam 3G...

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