Devaneios Desintéricos: a ironia dos tempos #1: os paradoxos da Europa

28-01-2012
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"Os novos e os velhos fantasmas da Europa dançam à volta de uma fogueira como as bruxas em 'Macbeth'"Editorial do diário madrileno ABC A democracia tem destas coisas: no processo de alargamento da União Europeia, muitos foram aqueles que se lhe opuseram. A extrema direita por toda a Europa, do Vlaams Belang belga ao FPÖ austríaco passando pelo NPD alemão, agitou recentemente em cada um dos respectivos países o fantasma da invasão da "criminalidade imigrante" e do "roubo de postos de trabalho" por parte dos cidadãos dos novos Estados membros - Bulgária e Roménia. O irónico de tudo isto é que semelhantes estruturas políticas, cujas actividades criminosas muitos insistem em tolerar, sendo por natureza opostas a qualquer conceito de "Europa política" e não olhando com bons olhos novos estados membros, irão agora beneficiar da adesão da Bulgária e da Roménia, países cuja entrada na UE se opuseram fervorosamente. Sucede que com esta recente adesão, aqueles países passarão a contar com deputados eleitos ao Parlamento Europeu, à semelhança de todos os restantes estados membros. Ora, uma vez que que a coligação ATAKA, força política búlgara conhecida pelo seu ódio racista, homofóbico e ultranacionalista, é o segundo partido no seu país e sabendo que o partido "Grande Roménia" amedronta o poder moderado de Bucareste, os partidos neo nazis europeus conseguirão, através dos seus congéneres amigos nos estados detestados, obter um número de deputados eleitos ao Parlamento Europeu suficiente para formar um Grupo Parlamentar. Deste modo, a União Europeia estará, pura e simplesmente, obrigada a financiar um grupo político cujas ideias lhe são radicalmente opostas, não raras vezes atentando mesmo contra a dignidade humana ao fazer a apologia do ódio mais gratuito. É a democracia que se destrói a si mesma.


"Os novos e os velhos fantasmas da Europa dançam à volta de uma fogueira como as bruxas em 'Macbeth'"Editorial do diário madrileno ABC A democracia tem destas coisas: no processo de alargamento da União Europeia, muitos foram aqueles que se lhe opuseram. A extrema direita por toda a Europa, do Vlaams Belang belga ao FPÖ austríaco passando pelo NPD alemão, agitou recentemente em cada um dos respectivos países o fantasma da invasão da "criminalidade imigrante" e do "roubo de postos de trabalho" por parte dos cidadãos dos novos Estados membros - Bulgária e Roménia. O irónico de tudo isto é que semelhantes estruturas políticas, cujas actividades criminosas muitos insistem em tolerar, sendo por natureza opostas a qualquer conceito de "Europa política" e não olhando com bons olhos novos estados membros, irão agora beneficiar da adesão da Bulgária e da Roménia, países cuja entrada na UE se opuseram fervorosamente. Sucede que com esta recente adesão, aqueles países passarão a contar com deputados eleitos ao Parlamento Europeu, à semelhança de todos os restantes estados membros. Ora, uma vez que que a coligação ATAKA, força política búlgara conhecida pelo seu ódio racista, homofóbico e ultranacionalista, é o segundo partido no seu país e sabendo que o partido "Grande Roménia" amedronta o poder moderado de Bucareste, os partidos neo nazis europeus conseguirão, através dos seus congéneres amigos nos estados detestados, obter um número de deputados eleitos ao Parlamento Europeu suficiente para formar um Grupo Parlamentar. Deste modo, a União Europeia estará, pura e simplesmente, obrigada a financiar um grupo político cujas ideias lhe são radicalmente opostas, não raras vezes atentando mesmo contra a dignidade humana ao fazer a apologia do ódio mais gratuito. É a democracia que se destrói a si mesma.

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